Ensaio de rua da Vila Isabel. Foto: Carlos Lucio/Vila Isabel
Saudações amigos do samba e do Carnaval! Amigos, nesta quarta-feira (25) fui levado pela energia do grande Noel Rosa para as bandas de um dos bairros mais charmosos e boêmios da Cidade Maravilhosa, o de Vila Isabel.
Um recanto carioca dos mais interessantes, começando que, para acessar o coração do bairro, você já caminha por uma avenida com ares parisienses, o Boulevard 28 de setembro. Avenida ladeada de bares e lugares que outrora foram frequentados pela nata do samba carioca. Falando a verdade, ainda é!
É nesse clima, que toda a quarta-feira, a escola de samba que representa esta comunidade faz seu ensaio técnico de rua. Falamos da tradicional Vila Isabel, a azul e branco, que tem como grande padrinho, nada menos que ele, Martinho da Vila. Haja coração!
Estava querendo ver e ouvir de perto a comunidade da escola, que sempre é valente e guerreira, pois nunca deixa a peteca cair na Sapucaí, soltando a voz com a maior energia.
Bom, a Vila Isabel tem como carnavalesco Paulo Barros e o enredo escolhido tem como título: “Nessa Festa, eu levo fé!”. Vai falar das grandes festas que acontecem ao redor do mundo, até chegar ao nosso Carnaval.
Quando o samba foi escolhido, ouvi críticas de uma casta de analistas, que entendem mais de samba-enredo do que eu, e por isso, tem meu completo respeito.
Particularmente, “eu levo fé” nesse Carnaval da Vila, e isso me deixou preocupado. Acredito que eles ainda sonham com aqueles sambas antológicos, que outrora a maioria das escolas de samba traziam para o Carnaval. Esse período acabou, faz um tempo!
Hoje os sambas são técnicos e funcionais. Devem desempenhar o papel de trazer uma boa evolução e harmonia do canto para o desfile dos seus componentes, assim como atingir os critérios técnicos para atender os jurados do quesito. Nos últimos tempos, você canta o samba, no ano seguinte, a maioria tem dificuldades de lembrar. Chamamos de modernidade, agora, tudo é espetáculo!
Voltamos ao samba da Vila. Baseado nessas críticas, e a pedido de alguns amigos apaixonados pela escola, fiz questão de ouvir com mais atenção, e pasmem amigos, gostei muito. Um samba animado, pra cima, valente, com o clima do enredo que fala de festa, com palavras que o componente adora cantar e bater no peito com orgulho, tipo a frase: “Sou herdeiro de Noel!”. Em minha humilde opinião, vai sacudir a Sapucaí!
Ontem, fui ver de perto o ensaio técnico da escola para descobrir se minha sensibilidade e meu achismo, estavam certos ou não. Amigos, a escola estava concentrada e parecia completa, muita gente!
Todos uniformizados, concentrados mesmo. Todas as musas presentes e com a Rainha de Bateria: Sabrina Sato, dando show de simpatia. Algo que deu para perceber pela energia que pairava no ar, é que todos estavam muito felizes. Quando o interprete Tinga entoou o samba de esquenta, que diz:
“Sou da Vila não tem jeito,
Comigo eu quero respeito,
O meu negócio é sambar”
Um arrepio cruzou o Boulevard! Nossa, que espetáculo presenciar, uma energia maravilhosa. Faço paralelo com um vulcão prestes a explodir! Pensei comigo, isso vai ficar doido!
E digo a vocês, não deu outra, quando o samba de 2023 começou a ser cantado, a comunidade explodiu de felicidade! Eu, cá com meus botões, pensei; eles amaram o samba! Na realidade, é isso que que importa. Vamos aguardar agora o seu ensaio técnico na Sapucaí e ver se esse “rolo compressor de alegria”, visto na noite de ontem, se confirma! Finalizo com o refrão do samba de 2023, que saúda o santo padroeiro e que sintetiza tudo isso com perfeição:
“Eu sou da Vila Batizado no terreiro,
São Jorge protetor
Salve o padroeiro
A voz do morro traz o samba na raíz
O ano inteiro sou festeiro e sou feliz”
Jaime Cezário é arquiteto urbanista, carnavalesco, professor e pesquisador de Carnaval.
Começou sua carreira como carnavalesco no ano de 1993, no Engenho da Rainha. Atuou em diversas escolas de samba do Rio de Janeiro, entre elas, a Estação Primeira de Mangueira, São Clemente, Caprichosos de Pilares, Paraíso do Tuiuti, Acadêmicos do Cubango, Leão de Nova Iguaçu e Unidos do Porto da Pedra. Fora do Rio, foi carnavalesco da Rouxinóis, da cidade de Uruguaiana, e União da Ilha da Magia, de Florianópolis.
Em 2007 e 2008 elaborou o trabalho de pesquisa que permitiu a declaração das escolas de samba que desfilam na cidade do Rio de Janeiro como Patrimônio Cultural Carioca, junto da Prefeitura do Rio de Janeiro e do IRPH, o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade.
Em 2013, a fantasia da ala das baianas – criada por Jaime para o Carnaval de 2012 para a Acadêmicos do Cubango –, entrou para o acervo permanente do Museu de Arte Moderna de Iowa, no EUA.
Essa fantasia está exposta no setor dedicado as festas folclóricas da América Latina e representa o Carnaval das escolas de samba do Brasil. Esse feito fez de Jaime o primeiro carnavalesco a ter uma obra exposta em acervo permanente num museu internacional.
Crédito das fotos: divulgação
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do portal SRzd
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