Cheryl Berno. Foto: Acervo pessoal

Cheryl Berno

Advogada, Consultora, Palestrante e Professora. Especialista em direito empresarial, tributário, compliance e Sistema S. Sócia da Berno Sociedade de Advocacia. Mestre em Direito Econômico e Social pela PUCPR, Pós-Graduada em Direito Tributário e Processual Tributário e em Direito Comunitário e do Mercosul, Professora de Pós-Graduação em Direito e Negócios da FGV e da A Vez do Mestre Cândido Mendes. Conselheira da Associação Comercial do Estado do Rio de Janeiro.

Vale a pena ser mãe?

Eu sempre quis ser mãe. Foi desejado demais e amo ter filhos. Faria tudo de novo. Sempre falo que todas as mulheres que quisessem e pudessem, deveriam ser mães, independente da idade, viesse o filho da barriga ou do coração. Mas, eu sei que não é fácil como parece nos comerciais. Ser mãe requer, antes de mais nada, muita vontade e coragem. É preciso saber que você vai deixar de você mesma para cuidar de outra pessoa. A carreira vai ficar um pouco de lado, para você poder viver este sonho. Aquela promoção, muitas vezes não vai rolar. Mas, mesmo assim, você vai descobrir que pode ser feliz. É engraçado, como quando você se torna uma mãe você, abre mão de tanta coisa e ainda assim vale a pena. E vou lhe dizer, que esta aí uma coisa que é só vivendo para entender, o quanto vale a pena. É indescritível a emoção de gerar, dar a luz a uma outra pessoa, amamentar, ensinar, ser exemplo, ver crescer, dar mão e tantas outras emoções. Muitas vezes você vai se sentir um “’Alien” ou uma zumbi, mas ainda assim vai ter aquele sorriso no rosto ao ver o filho. Muitas vezes vai desejar só que ele esteja bem. Você sabe que vai dar muito amor e carinho e que nem sempre vai receber, mas, mesmo assim, vai ficar feliz só em amar e cuidar. Ele não vai saber das noites que você passou acordada cuidando dele, de todas as vezes que deixou de comer alguma coisa para que ele pudesse comer. Nem passa pela cabeça dele as vezes que você engoliu o choro para que ele não ficasse triste. Muitas vezes você vai ter que dar bronca, mandar fazer aquelas coisas chatas como tomar banho, escovar os dentes, fazer o dever, colocar limites, mas ele vai ficar bravo com você e não vai saber, que ainda que o seu coração doa, é por muito amor que você faz isto tudo. É muito mais difícil, muitas vezes dizer o “sim” que o “não”, mas você sabe que está fazendo isto porque o ama, porque além de dar afeto e alimento, você precisa ensiná-lo a ser humano, solidário, ter empatia, a construir um mundo que te deixe mais tranquila com o futuro dele. Ser mãe é um grande desafio, o maior da vida de qualquer pessoa que faça esta opção, mas certamente é algo que te transforma, que te deixa uma pessoa muito melhor. Você vai pensar 10 vezes antes de atravessar a rua, de correr com o carro, de fazer algo coisa que ponha em risco a sua vida, porque agora não é só você, vai além de você mesma. Por ele você vai fazer coisas que nunca fez. Mãe é muito poderosa mesmo, pelo filho ela faz coisas que nem ela acredita. O dia a dia é bem pesado, mas é o tipo de trabalho que de fato compensa. Nada que um abraço, um beijo, um carinho, não possa pagar, ou que até a falta disto tudo, não faz diferença, ainda assim vale a pena. Às vezes basta ser mãe, basta o filho existir para a gente ficar feliz a gente passa a ficar feliz com a felicidade dele. Aliás, outra coisa que mãe carrega, queira ou não, é culpa: culpa por não poder ter tido mais tempo para ficar com o filho, culpa se a bronca foi demais, culpa se o amor não foi demais, culpa se o limite foi de menos. É uma relação de sentimentos contraditórios. É um ficar feliz que ele está crescendo, ao mesmo tempo que quer que ele seja para sempre o seu bebê. É felicidade porque ele está ganhando autonomia, porque já faz as coisas sozinho, ao mesmo tempo que você quer fazer para ele, que você não quer soltar, quer ele por perto. É amor demais para um, que às vezes você até consegue fazer outro para dividir, e descobre então, que é um sentimento que multiplica mesmo, tem para muitos. É cansaço, é doação, é abrir mão até de você e da sua felicidade por outra pessoa, mas é algo que você faz e repete, faria de novo, porque descobre que também é uma oportunidade de se renovar, de se reinventar, de melhorar, de ver a vida pelos olhos de outra pessoa, é virar heroína de verdade, para tentar salvar o mundo só para que eles tenham um lugar melhor para viver. É uma dádiva. É tão bom, que a gente ama ser mãe e faria tudo de novo! É, vale a pena!

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