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Um simpósio poético!

Foto: Sidclei Santos

Foto: Sidclei Santos

Um encontro da nobreza do samba, em frente ao mar de Copacabana, aconteceu no dia 4 de janeiro de 2023. Cheguei ao local, a tarde estava caindo, bem devagar e, a varanda do Salão Copacabana do Fairmont, iluminada por causa do convite feito por Bruno Chateaubriand aos condutores do pavilhão das agremiações de samba para participarem do “Simpósio sobre a Arte e a Dança do Mestre-Sala e Porta-Bandeira”.

Ainda havia sol quando os dançarinos começaram a chegar, em trajes diversos, alguns esportivos, outros socialmente vestidos, singelos e elegantes. Aqueles corpos estavam tomados pelas entidades já sagradas: o Mestre-Sala e a Porta-Bandeira. Foram recebidos com muito afeto, carinho e uma mesa farta de deliciosos quitutes!

Ao anoitecer, o anfitrião convidou a todos para adentrarem ao salão e então, compôs a mesa com as autoridades: Maria Augusta, Carlinhos Brilhante, Manoel Dionísio e Haroldo Costa, que emprestaram seus conhecimentos sobre “A dança nobre do Carnaval” (como denominou nossa arte, a professora Renata de Sá Gonçalves), para provocar aquela plateia formada por especialistas no assunto. Bruno queria ouvir os protagonistas! Eles eram o tema e a motivação para acontecer aquele simpósio, cujo objetivo era a coleta de discursos coletivos para uma pesquisa em função da construção de um livro sobre esta arte.

De forma harmoniosa e festiva, alguns dançarinos foram se colocando, explicando e falando sobre seus fazeres, sua dança, seu estilo, suas necessidades, anseios e alegrias. Outros, com respeito de quem entende o momento solene vivido, ouviam atentos. O clima era de felicidade! Ali reunidos estavam, os veteranos de trajetórias incríveis e os que começaram, recentemente, a construir sua história, todos igualmente dedicados. Aquele momento, me trouxe a recordação os antigos “Encontro de Bandeiras” que, no tempo em que dancei, aconteciam nas quadras das escolas de samba. Emocionantes! Todavia, naquele espaço, a dança aconteceu pela presença e palavras dos componentes da mesa, das coreógrafas Ana Formighieri, Marcella Gil e Ana Paula Lessa e, dos protagonistas.

Um texto belamente escrito, demonstrando o estilo de cada um, as preocupações em alcançar a excelência na performance, a busca pelo entendimento das mensagens contidas nas justificativas dos julgadores e, principalmente revelador do desejo infinito de trazer a nota máxima para sua agremiação (veja fotos do encontro):

O evento se encerrou deixando no ar o sublime perfume de uma rosa cortejada por um beija-flor, tal como disseram, em depoimento a José Carlos Rego, o Élson PV, “Sem a ternura que domina o ser humano tomado de inspiração e do desejo em conquistar sua amada, não pode haver o ritual do mestre-sala. A essência da dança é a sedução” e, em perfeita sintonia com a declaração de Vilma Nascimento, “…a rosa, ao contrário do que se pensa, ao sabor do vento das asas do pássaro, não permanece passiva. Ela dança”. Foi um simpósio demasiadamente poético!

Eliane Santos de Souza é professora e pesquisadora do tema: dança, dança do samba, bailado do mestre-sala e porta-bandeira. Lecionou, como substituta, no curso de Bacharelado em Dança da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ. É Doutora em Arte pelo PPARTES-UERJ com a tese: Daqui de onde te vejo: reflexões de uma porta-bandeira sobre o mestre-sala, com publicação em formato de livro com o mesmo título. É Mestre em Ciência da Arte- UFF com a dissertação: Uma semiologia do samba: O bailado do mestre-sala e da porta-bandeira. Ainda é especialista em Educação pela Universidade Federal Fluminense, Docente do Ensino Fundamental e especializada em Educação Infantil. Porta-bandeira aposentada, é apoio, orientadora e apresentadora de casais. Foi membro de comissões julgadoras do quesito mestre-sala e porta-bandeira, no Rio de Janeiro, em Porto Alegre, São Paulo e Uruguaiana.

Crédito das fotos: Sidclei Santos, Ana Paula Lessa, Manoela Cardoso, Ana Formighieri, Thiaguinho Mendonça, Marcella Alves, Eliane Souza e Bruno Chateaubriand
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do portal SRzd

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