Ticiana Farinchon

Formada em Jornalismo pela Facha, com pós-graduação em Mídias Digitais. Apaixonada por tecnologia e cultura, tem nos seriados de TV seu maior vício, acompanhando em tempo real tudo o que acontece neste fascinante universo.

O Aprendiz 2019 e os influenciadores digitais

Se você tem menos de vinte anos, sabe muito bem o que a expressão “digital influencers” (ou influenciadores digitais) quer dizer. Aliás, provavelmente algum dia você já quis ser um. Com a popularização da internet, e adaptações do mercado de trabalho, esta é uma das profissões mais cobiçadas pelos jovens, encantados com a fama instantânea e o glamour de uma carreira baseada na quantidade de views e likes.

Agora, se como eu, e não está tão familiarizado com os “digital influencers”, vamos a uma pequena explicação: são pessoas, dos mais diversos ramos de interesse, que usam seus espaços na internet para – como diz o nome – influenciar seus seguidores. Isso, óbvio, é explorado por empresas que usam a imagem dos influenciadores para “venderem”, muitas vezes de maneira subliminar,suas marcas. Sem falar nas plataformas digitais, que pagam aos criadores de conteúdo valores crescentes de acordo com a quantidade de visualizações (views) de seus videos.
Uma imensa maioria destas verdadeiras celebridades instantâneas (que movimentam uma considerável quantia em merchands e afins) jamais atuou no mercado tradicional de trabalho. Outra parte é formada justamente por aqueles que foram obrigados a se reinventarem, por não se adequarem a regras e padrões.

Para esta temporada de “O Aprendiz” foram selecionados 18 nomes relevantes na web: Alberto Solon (moda), Alice Salazar (beleza), Carlos Nascimento (humor), Erasmo Viana (fitness), Gabi Lopes (viagem, moda e beleza), Gabriel Gasparini (gastronomia), Jessica Belcost (moda), Julia Mendonça (finanças), Karla Amadori (decoração), Leo Bacci (humor), Lucas Estevam (viagem), Montalvão (games), Nana Rude (cultura pop), Ru Baricelli (maternidade), PC Siqueira (cultura pop e tecnologia), Sandra Matarazzo (gastronomia), Taty Ferreira (mundo feminino) e Xã Ravelli (militância negra e feminista). Somados, os participantes de O Aprendiz tem mais de 40 milhões de seguidores em suas redes sociais.

Mas o que acontece com essa geração de famosos digitais quando deparados com as necessidades e os requisitos de uma carreira tradicional, em uma grande empresa? É justamente esta a pergunta que se propõe a responder Roberto Justus, com a nova versão de “O Aprendiz”, que estreou na Band no último dia 18.
Para se ter uma ideia do peso dos influenciadores no novo mercado consumidor nacional, a nova temporada já estreou com TODAS as suas inserções publicitárias devidamente vendidas. Mesmo num país em crise, e com Justus com a imagem mais amena depois de apresentar programas tidos como menos sérios, como “A Fazenda”.

Para o primeiro programa, a produção decidiu, de cara, tirá-los da zona de conforto: os participantes foram levados a vivenciar um dia de treinamento com o Corpo de Bombeiros. Já no início da prova, um teste (que pouquíssimos entenderam): quem teria a coragem de se voluntariar como líder, mesmo sem conhecer limitações e habilidades dos demais participantes? De um lado, Erasmo. De outro, Montalvão. E estavam formadas as equipes Share e Hashtag.

Nada acostumados com o ambiente corporativo, os participantes não conseguiram entender o intuito das provas – a primeira um salvamento de incêndio, a segunda uma localização e transporte de um ferido através da água e a terceira o socorro de uma vítima de desabamento. O que se viu foi pouquíssimo (senão nenhum) planejamento, uma confusa e quase inexistente divisão de tarefas, pouquíssimo trabalho em conjunto e um corre-corre desarvorado e nada técnico para realizar aquelas que eles consideraram tarefas meramente “braçais”. Conclusão: pouquíssima efetividade, várias pessoas fazendo a mesma coisa, gente passando mal, ação desordenada sem avaliar o objetivo real… Ou seja, parecia loja de departamento em dia de Black Friday. Um salve-se quem puder.

Ainda “abalados” pelo cansaço físico – que poderia ter sido poupado caso tivesse havido um mínimo de planejamento, os participantes foram convocados para um Quiz, com perguntas sobre cultura geral. Vishhhh…. Nessa hora a coisa ficou feia, mas feia demais pra quem se pretende influenciador. Os erros cometidos foram tão gritantes que o próprio Justus se irritou com a falta de conhecimento dos aprendizes – o que deixou muito claro na sala de reunião, num momento digno de “vergonha alheia”.

A equipe Hashtag, liderada por Montalvão, venceu a prova, e teve como prêmio um almoço na casa do empresário, na companhia dele e de sua esposa (que aliás, é ex participante do programa). Para os perdedores, a temida sala de reunião.

Confesso que desta vez a temida sala me deu sono. Acompanhado de Vivianne Brafmann (vencedora da primeira edição do programa) e o coach José Roberto Marques), Justus ouviu da equipe perdedora os mesmos argumentos de sempre: que o líder não soube liderar, que não se teve “voz” para fazer o que achava certo, etc etc etc. Pra sorte do restante do programa, o vitimismo não teve vez, e a youtuber Jessica Belcost – que passou todo o periodo das provas “se escondendo”, não se oferecendo para nada e no final usou como justificativa não ter tido oportunidade de mostrar seu potencial – ouviu a tão esperada frase dos espectadores saudosos do programa: “Você está demitida!!”

O Aprendiz é exibido na Band toda segunda-feira as 22h, com reprise aos sábados, as 16h.

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