Black Mirror: Bandersnatch e a reflexão sobre tecnologia e livre arbítrio

Não tenho nenhuma dúvida que o assunto da semana para os amantes de seriados foi o “filme” derivado da série Black Mirror, lançado pela Netflix no último dia 28. E não é pra menos. Bandersnatch foi lançado com a premissa de trazer aos espectadores uma nova forma de assistir a seus programas prediletos, interagindo com o episódios e, através de suas decisões, sendo o verdadeiro condutor dos personagens e seus destinos.
Óbvio, como fã da série e consumidora voraz de tudo que envolve tecnologia, corri pra casa depois do trabalho, peguei balde de pipoca, e dei o play naquela que ao meu ver seria minha maior experiência sensorial de 2018.
Propositalmente, eu pouco sabia da história. Sabia da temática, e também que haviam sido filmadas 5 horas de produção, para possibilitar múltiplos caminhos para as duas horas de exibição.
A história se passa na década de 80, e gira em torno de Stefan (Fionn Whitehead), um jovem programador que resolve transformar um livro – daqueles tipo “Enrola e desenrola”- em um jogo de videogame.
Durante todo o episódio o espectador é convidado a participar do roteiro fazendo escolhas que vão desde o trivial (como qual café da manhã Stefan deve comer) até a definição do rumo de um determinado personagem. A princípio essas múltiplas possibilidades podem nos dar a ideia de que realmente conseguimos definir os rumos da jornada do protagonista. Mas ao decorrer do filme o que se percebe é que, tal qual na vida real, temos apenas a ilusão de um livre arbítrio infinito. Sim, há escolhas que são consideradas “erradas”, e que o roteiro se encarrega de nos “obrigar” a repensar e voltar atrás, corrigindo o rumo da história. Sim, são várias possibilidades de final, mas todas dentro de uma lógica “quadrada” de certo e errado, ação e consequência. Não há espaços para incoerências, ou decisões contraditórias e/ou desconexas.
Como o fio condutor, a história em si, é rasa no que diz respeito a início / meio / fim (a história é óbvia demais, sem riquezas e sem surpresas), confesso ter ficado um pouco incomodada com o que assisti. Honestamente eu esperava beeeem mais do que os 5 finais que foram apresentados – dos quais somente um me agradou. É claro que as possibilidades que Bandersnatch trouxe para o audiovisual são gigantes, e que muita coisa boa pode vir a partir desta nova tecnologia. Mas é inegável que, no momento, o filme se mostra apenas como um pequeno esqueleto do que poderemos ter à disposição nos próximos anos.

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