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Intervenção federal na Segurança do DF foi um sucesso, por Sidney Rezende

Ricardo Capelli. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Ricardo Capelli. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Em sua mais recente entrevista de imprensa concedida, Ricardo Cappelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), escolhido como interventor pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Segurança Pública do Distrito Federal, esbanjou tiques nervosos.

A tensão sobrava nos ombros, nos cantos dos olhos e as piscadelas descoordenadas denunciavam o nervosismo justificável. Não é para menos! Jogaram no seu colo uma plantação de abacaxis, espinhentos e verdes, e galpões cheios de pepinos até o teto e disseram: “descasque isso aí”.

E ele os descascou com rara competência. Se ele confessar que dormiu mal nas últimas semanas ou que teve pesadelos constantes, ninguém haverá de discordar. Foi só pedreira, brother.

Durante a intervenção, Ricardo Cappelli foi hábil, inteligente, agregador e, com a autoridade necessária, ajudou a reorganizar a Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF).

São 23 dias de fortes emoções para entrar para a história. O vandalismo praticado por golpistas no dia 8 de janeiro será sempre relembrado como página sombria em que as Forças de Segurança com atuação em Brasília demonstraram sua incompetência, inoperância, falta de respeito com a Constituição, insubordinação, corpo mole e despreparo.

E não só a PM do DF deu o péssimo exemplo para o país, mas as forças militares pagas para proteger os três poderes.

Durante a intervenção, Ricardo Cappelli foi hábil, inteligente, agregador e, com a autoridade necessária, ajudou a reorganizar a Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF).

Ele fez bem em trocar comandos, prender os criminosos que estavam na Praça dos Três Poderes como exemplo e ir até o acampamento bolsonarista em frente ao QG do Exército em Brasília. Mesmo que o comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda, tenha impedido a ação de desmonte que a PM sob determinação de Ricardo Cappelli pretendia fazer. Arruda foi demitido.

Alexandre de Moraes fez diferença

Foi fundamental para o sucesso o apoio do ministro da Justiça, Flávio Dino, e do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, que logo de cara determinou a prisão do ex-secretário de Segurança Pública do DF Anderson Torres e do ex-comandante da Polícia Militar (PMDF) Fábio Augusto Vieira, e procedeu o afastamento do governador Ibaneis Rocha.

O documento preparado pela equipe de Capelli identifica o foco de gestação golpista nos acampamentos montados por meses em frente ao QG, sem qualquer importunação dos militares, pelo contrário.

O relatório final do interventor também foi corajoso ao apontar as razões que facilitaram a ação dos extremistas. Será difícil o Exército não ser alcançado pela cadeia de responsabilidade que propiciou a terra arrasada nas instalações dos Poderes da República no fatídico dia 8 de janeiro.

O documento preparado pela equipe de Capelli identifica o foco de gestação golpista nos acampamentos montados por meses em frente ao QG, sem qualquer importunação dos militares, pelo contrário.

Embora tudo indique que quem vai mesmo se “ferrar” seja o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, que preferiu se retirar de férias ao invés de permanecer à frente na Secretaria de Segurança Pública, outros serão punidos. “Ele fez exonerações, trocas. Logo depois, ele viajou. O gabinete recebeu relatório de inteligência e não teve nenhum desdobramento”, disse Capelli. Vida que segue.

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