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Imagine Carluxo recebendo ordens de Michelle, por Sidney Rezende

Carlos Bolsonaro. Foto: Roosevelt Pinheiro/Agência Brasil

Carlos Bolsonaro. Foto: Roosevelt Pinheiro/Agência Brasil

Em 40 anos de cobertura política, eu já vi muita coisa, e boa parte delas nem sempre baseada na lógica matemática. Muito cedo se aprende que eleição é “emoção” mais que “razão”. E nada é impossível diante do poder da grana e da manipulação em dose dupla: a dos bastidores do poder e da comunicação.

Por este princípio, não devemos, a priori, considerar absurda a ideia de se ter a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como uma possibilidade eleitoral em 2026. Ela é daquelas que por dizer ter fé acredita no que diz a cigana, aceita a picada da mosca azul e como “Conceição”, da canção eternizada por Cauby Peixoto, não se constrange em subir degraus velozmente. A vida a fez assim.

Michelle aceitaria, se convidada oficialmente, a abraçar a ideia de disputar o posto mais cobiçado do país. Mas não será tão fácil. Valdemar Costa Neto, presidente do PL, sabe disso, mas ele está sempre preocupado mais com o cofre do que com quem senta nas cadeiras do poder. Qualquer um pode ser “conversável”, no seu manual pragmático.

No próximo pleito, virão aí com faca na boca o governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema, e o governador eleito de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas.

Aqui pertinho, ao sul do Rio Grande, María Estela Martínez de Perón, conhecida como Isabelita Perón, foi a 39º presidente da Argentina, de 1974 a 1976, sendo a primeira mulher a ocupar o cargo. Ela foi a terceira esposa do presidente Juan Domingo Perón. É bem verdade que, na eleição presidencial de 1973, Isabelita foi eleita vice-presidente na chapa com seu marido e, por isso, serviu como vice-presidente e primeira-dama. A história mostra que esta engenhosidade desaguou numa baita crise militar mais tarde. Poder não é para amadores. Perón era profissional, mas isto não foi moeda transferível.

No próximo pleito, virão aí com faca na boca o governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o governador eleito de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos). Nomes naturais no caso de Jair Bolsonaro cair em desgraça, o que é provável ainda este ano.

A dobradinha “café com leite” não é impensável. É viável. Duas máquinas milionárias como Minas e São Paulo não são desprezíveis. Mas voltemos ao delírio Michelle no Planalto.

Será interessante assistir Carlos Bolsonaro, o Carluxo, trabalhar para a candidata. Não seria impensável ela mandar nele, pedir para carregar sua mala ou exigir disparos de postagens a favor da candidatura da ‘família’.

Valdemar está de olho nas ovelhas evangélicas que já acreditaram em mamadeira de piroca, que nossa bandeira poderia se transformar em vermelha e que crianças seriam abduzidas por pedófilos comunistas. Michelle na estrada poderia dar ao PL uma confortável bancada no Congresso e isto já serve aos propósitos do chefão do Partido Liberal.

A colunista Bela Megale, de O Globo, resumiu bem: “Valdemar ficou impressionado com a popularidade de Michelle junto aos candidatos de direita durante a campanha e, para atraí-la para uma carreira política, prometeu dar a ela ‘salário de deputado’ e contratar equipe que ajudasse a rodar o Brasil como presidente do PL Mulher”, escreveu.

Se isto andar, pode pegar o saco de pipocas, porque será interessante assistir Carlos Bolsonaro, o Carluxo, trabalhar para a candidata. Não seria impensável ela mandar nele, pedir para carregar sua mala ou exigir disparos de postagens a favor da candidatura da “família”. Tic Tac.

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