Ver fanáticos e extremistas de carne e osso dá medo, por Sidney Rezende

Golpistas pedem intervenção em Brasília. Foto: Reprodução/Extremistas.br

Golpistas pedem intervenção em Brasília. Foto: Reprodução/Extremistas.br

A série documental “extremistas.br”, exibida na Globoplay, é um testemunho assustador que escancara o rosto de golpistas, autores de fake news, inimigos da democracia e terroristas que pensam estar prestando um serviço ao país. Dá medo, porque vemos que são pessoas de carne e osso. Elas bem que poderiam ser um vizinho, um conhecido ou um parente próximo.

O que o documentário demonstra é uma engrenagem de fanáticos crentes em notícias falsas, ideias loucas e versões inverossímeis. Por ali, os extremistas não se envergonham de negar a realidade.

A investigação acompanhou nomes conhecidos da política nacional, influenciadores digitais extremistas, militantes arrependidos e eleitores desconhecidos e surpreendentes.

“A série documental ‘extremistas.br’ acompanhou o trabalho de pesquisadores que monitoram o discurso de ódio nas redes sociais e o sofrimento de vítimas da violência política, além de personagens ligados ao extremismo. Do armamentismo ao uso da religião. Do negacionismo à manipulação da moral e dos costumes. A investigação acompanhou nomes conhecidos da política nacional, influenciadores digitais extremistas, militantes arrependidos e eleitores desconhecidos e surpreendentes. E traz histórias de quem se mantém oculto na guerra virtual. Como o homem que é pago para disseminar fake news contra os adversários políticos de quem contrata os serviços dele”, dizem os autores do trabalho minucioso.

O que está no ar é uma apuração feita pela produção que se dedicou a realizar o conteúdo que, de tão rico, nem precisava ser finalizado com o uso de músicas de suspense ou daquelas de thrillers de filmes de ação. Ganha-se intensidade, mas tira um pouco de seriedade de cada sequência. Mas nada que impacte o propósito dos realizadores, de trazer em cima do lance a face de um país que não imaginamos existir desta forma, nua e crua.

Estamos diante de uma ferida de difícil cicatrização.

Não existe contraditório, não existe reflexão, não existe divergência. E acho que o extremismo também se caracteriza por isso.

Vê-se que o esforço empenhado nos últimos 2 anos é gigantesco, e de tão competente, que nem lembramos que já reúne extenso material atualíssimo como o registrado durante o vandalismo do dia 8 de janeiro, nas sedes dos Três Poderes da República, depredadas em Brasília.

No material de divulgação, o diretor da série, Caio Cavechini, alerta para os riscos da desinformação: “Ambientes como os acampamentos nos quartéis, por exemplo, acabam gerando um universo de circulação de informação paralelo. Ali eles só consomem um tipo de informação, influenciadores, canais alinhados a eles. Não existe contraditório, não existe reflexão, não existe divergência. E acho que o extremismo também se caracteriza por isso. Cada vez mais, qualquer pequena divergência é expulsa, não é aceita. E isso vai tornando a pessoa cada vez mais insensível ao diferente”, afirma o documentarista Caio Cavechini.

São 8 episódios de tirar o fôlego. Seis deles já disponíveis. Uma série corajosa e feita com bastante profissionalismo. Imperdível.

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