Cheryl Berno. Foto: Acervo pessoal

Cheryl Berno

Advogada, Consultora, Palestrante e Professora. Especialista em direito empresarial, tributário, compliance e Sistema S. Sócia da Berno Sociedade de Advocacia. Mestre em Direito Econômico e Social pela PUCPR, Pós-Graduada em Direito Tributário e Processual Tributário e em Direito Comunitário e do Mercosul, Professora de Pós-Graduação em Direito e Negócios da FGV e da A Vez do Mestre Cândido Mendes. Conselheira da Associação Comercial do Estado do Rio de Janeiro.

Quanto vale uma mãe?

Quanto vale uma mãe? Quanto você pagaria pelo que ela fez por você? A sociedade retribui o trabalho daquelas que resolvem dar a vida pelo outro? O capitalismo trata como a maternidade? Mais do que flores, elas precisam de respeito e de direitos.

Ser mãe é extraordinário, uma emoção que não pode ser descrita, algo que só se sabe sendo, talvez a psicanálise explique melhor. É muito amor envolvido, é se ver no outro, é ficar feliz pelo outro, é dar até a luz, a vida, tudo de graça. É ser chata o tempo todo, se expor por saber que está fazendo um ser mais humano. É um trabalho constante, mas que nem é percebido.

Carregar aquele barrigão, perder o corpo, ter que ficar de repouso, parir, amamentar, tudo novo, desafiador. Tem as trocas de fraldas, o viver limpando e catando as coisas da casa e ainda assim, sorrir. A felicidade da mãe é ver os filhos crescerem felizes, saudáveis, aprendendo mais a cada dia, mesmo que ela perca as noites acordada, amamentando, cuidando da febre, da respiração, das doenças, das complicações, da casa, da comida. É algo que não se entende e até se esquece. Tudo passa e muito rápido. Aquele sacrifício vai ficar só na memória dela. Se o filho não perguntar, não vai saber da metade da vida dele, mas ela sabe de tudo.

Quantas vezes a mãe não tem tempo nem para pentear os cabelos, para escovar os seus dentes, tomar aquele banho longo, fazer exercícios, tirar férias de tudo. A mãe se vira, trabalha dentro e fora de casa e ainda vai nas consultas, nas reuniões, nas festinhas, lê para eles, coloca para dormir, para estudar, escovar os dentes e até participa ativamente do grupo do zap das mães, que ainda chamam “dos pais”. Comer muitas vezes dá lugar a dá-los de comer, se vive por eles e para eles. Um trabalho infinito, que passa desapercebido. Um contrassenso que a função não seja remunerada em uma sociedade cada vez mais individualista e capitalista.

A adolescência talvez seja o maior desafio, quando eles querem se afastar para deixar bem claro que são outra pessoa e que podem fazer tudo sozinhos, embora a mãe passe a vida achando que eles não sabem de nada, que precisam para sempre dela, apesar de serem pessoas feitas, lá está ela, como um porto seguro, com tudo disponível caso eles precisem de um colo. A vida de mãe não é um mar de rosa ou azul, tem as birras, as broncas, os “nãos”, tem hora que ela quer sumir e até ficar longe, mas passa rápido porque só de pensar já dá saudades. A mãe se multiplica, se refaz das cinzas e até aconselha as amigas, a terem filhos, apesar dos pesares. Afinal, ser mãe é bom demais, é amor incondicional, é transformador – mas é esforço quase que invisível, pelo qual não se paga.

A mãe vê muitas coisas novas, vê o mundo de outra forma, pelos olhos deles, percebe coisas de uma forma diferente, se renova até nos repertórios, nas visões de mundo, nas novas tecnologias, nas músicas, descobre um mundo novo que não conhecia, mas vê os cabelos brancos e as rugas aparecendo, em uma sociedade que até discrimina as mulheres mais velhas. Um filho dá forças para brigar até pela preservação do planeta, embora muitas vezes ela abra mão até da carreira e da profissão para cuidar deles e ainda se sinta culpada por tudo. Mãe e culpa andam sempre juntas.

É preciso que os filhos virem pais – e as filhas mães para entenderem, porque só se vivendo se compreende certas coisas. Às vezes, infelizmente, é preciso até perder, para querer estar junto. Mãe é mãe, todos os dias, para a vida toda, até para além da vida porque elas “ficam” nos filhos, e embora isso não tenha preço, é preciso que a sociedade aprenda a valorizar a maternidade. Até lá, pelo menos no dia das mães, que os filhos liguem, abracem, agradeçam e digam “eu te amo”, porque para ela isso não tem preço.

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