Claudio Francioni. Foto: Nicolas Renato Photography

Claudio Francioni

Carioca, apaixonado por música. Em relação ao assunto, estuda, pesquisa e bisbilhota tudo que está ao seu alcance. Foi professor da Oficina de Ritmos do Núcleo de Cultura Popular da UERJ, diretor de bateria e é músico amador, já tendo participado de diversas bandas tocando contrabaixo, percussão ou cantando.

Paralamas

Trinta e nove anos de carreira visitados em pouco menos de duas horas. Essa é a proposta de Paralamas Clássicos, atual show do trio, que aportou no Qualistage neste sábado (17). A prova de que o tempo passou pra todos é que a pista foi trocada por mesas. Justo! A última coisa que o público que viveu na pele a onda BRock quer é ficar de pé ou pular durante um show. Se pular, corre o risco de não levantar no dia seguinte.

Única banda que manteve a formação original desde o primeiro disco lançado, Herbert, Bi e Barone contam mais uma vez com o auxílio essencial de João Fera (teclados), Monteiro Jr. (saxofone) e Bidu Cordeiro (trombone) pra dar peso a quase todos os seus grandes sucessos. Praticamente todos os álbuns foram contemplados com pelo menos uma canção no setlist. Curiosamente os três últimos – Hoje (2005), Brasil Afora (2008) e Sinais do Sim (2017) – foram os únicos sem nenhuma faixa executada dentre as 32 escolhidas. Talvez um sinal dos tempos sombrios para artistas que não sejam da onda sertanejo-pagode-funk e suas terríveis variações.

O show é aberto com Vital e sua moto, Patrulha Noturna e Cinema Mudo, uma trinca do álbum de estreia, e logo depois chegam duas do segundo disco – Fui Eu e Ska – causando uma falsa impressão de ordem cronológica no repertório, logo quebrada pelo salto no tempo com Loirinha Bombril.

Foram sete canções extraídas de O Passo do Lui (1983), o álbum de maior sucesso da rapaziada. E ainda cabia Me Liga, que acabou ficando de fora. Outras que também cabiam, mas dessa vez não foram lembradas, são Uns Dias e Quase um Segundo, ambas de Bora Bora.

O grande momento do show foi aquela que, na desimportante opinião deste colunista, é a mais bela música gravada por toda a geração do rock nacional dos 80, já no apagar das luzes da década. Lanterna dos Afogados é uma faixa perfeita da primeira nota da introdução até o último momento do inspiradíssimo solo de Herbert, passando por uma letra fantástica e um belíssimo solo de trumpete, executado pelo sax no show. Em qualquer apresentação dos Paralamas, é o momento de respirar fundo e apreciar cada segundo dessa obra prima.

Antes de começarem o imenso bis com sete músicas, Barone lembrou que exatamente naquele dia, há 40 anos, a Rádio Fluminense FM tocava pela primeira vez uma música da banda, Patrulha Noturna. O baterista agradeceu a Maurício Valladares, o autor deste feito, que antes do show comandou a seleção musical relembrando os tempos da festa Ronca Ronca.

Setlist

1-Vital e sua moto
2-Patrulha noturna
3-Cinema mudo
4-Ska
5-Fui Eu
6-Loirinha Bombril
7-Trac-Trac
8-Calibre
9-Selvagem?
10-Mensagem de amor
11-Cuide bem do seu amor
12-Saber amar
13-Tendo a lua
14-Aonde quer que eu vá
15-Lanterna dos afogados
16-O amor não sabe esperar
17-Será que vai chover?
18-Assaltaram a gramática
19-Você/Gostava tanto de você
20-O Beco
21-A Novidade
22-Melô do Marinheiro/Marujo Dub
23-Alagados/Sociedade Alternativa
24-Uma Brasileira
25-Óculos

BIS

26-Perplexo
27-Romance ideal
28-La Bella Luna
29-Ela disse adeus
30-Vamo batê lata
31-Caleidoscópio
32-Meu erro

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