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Minha Trajetória no Samba: Peixinho

Peixinho e sua parceria Jaçanã no desfile da Inocentes da Belford Roxo de 2018. Foto: Leandro Milton/SRzd

A série “Minha Trajetória no Samba”, de autoria da colunista do SRzd Eliane Santos de Souza, traz histórias de vida de personalidades do mundo do samba contadas pelos próprios protagonistas. Na primeira reportagem, o mestre-sala Peixinho narra sua trajetória no Carnaval.

Minha Trajetória no Samba: Peixinho

Sou Antônio Carlos Lima Nunes.

Nasci no dia 26 de julho de 1979, em Duque de Caxias, e lá me criei no bairro Prainha e Bar dos Cavalheiros. Hoje, resido em Jacarepaguá, no bairro Praça Seca.

Eu gosto de praticar esportes como musculação, Muay Thay, MMA e também de dar aula no projeto no qual, um dia, fui aluno e hoje sou professor: A Primeira Escola de Mestre-Sala, Porta-Bandeira e Porta-Estandarte Manoel Dionísio, e curtir com minha família.

Meu perfume preferido é Azarro. Feijoada, a comida que mais aprecio.

A fantasia que eu mais gostei de usar foi a do Carnaval 2013 do Império da Tijuca!

Comecei a trabalhar aos oito anos de idade, em oficina para ajudar em casa com as despesas e nunca mais parei. Trabalhei na Subprefeitura da Barra da Tijuca como vigia noturno. Fiz transporte escolar com meu carro particular. Tive uma barraquinha de doce ao lado de uma escola particular na rua Luiz Beltrão na Praça Seca, sempre com a ajuda da minha querida esposa Erika Teotonio. Se não fosse ela, eu não conseguiria. Foi quando dancei na União de Jacarepaguá que tive a felicidade de conhecer a minha maravilhosa esposa Erika, que tanto soma em minha vida em todos os sentidos, e tive com ela meu segundo filho, o Antonio Carlos Junior, hoje com 14 anos de idade, irmão da minha filha Thalita Swuellen, de outro relacionamento, que me presenteou com um netinho, o Théo Lincon, nascido em 9 de fevereiro de 2019. Geyse Falcão e Emerson Falcão são meus dois enteados. Atualmente trabalho em plantões de 12/36 horas no Instituto Moreira Salles, na Gávea e, nos momentos de folga, na Uber.

Comecei a ensaiar de mestre-sala em 1996, na ala mirim da Grande Rio e na Primeira Escola de Mestre-Sala e Porta-Bandeira e Porta Estandarte Mestre Manoel Dionísio. Em 1997, no meu primeiro ano de mestre-sala, desfilei pela Grande Rio no Grupo Especial na ala de mestre sala e porta-bandeira mirim com a Squel; desfilei pelo Engenho da Rainha no Grupo B, na Sapucaí, como segundo mestre-sala com a porta-bandeira Thatiane, e também desfilei como primeiro mestre-sala no Acadêmicos da Abolição na Av. Rio Branco com a Thatiane.

Em 1998, recebi o convite do meu padrinho Machine para fazer um teste na Caprichosos de Pilares de segundo mestre-sala do Grupo Especial. Fui aprovado pelo presidente Fernando Leandro, desfilei com a porta-bandeira Rosangela e, neste ano, também desfilei pela Inocentes de Belford Roxo, como primeiro mestre sala com a porta-bandeira Renata. Um certo dia recebi uma visita inesperada em minha casa do casal de mestre-sala e porta-bandeira Robson e Ana Paula e do mestre de bateria da Caprichosos Paulo Renato e sua esposa Angela. Eles vieram me pegar para uma reunião na Caprichosos, com o Presidente Fernando Leandro, que me disse que estava me promovendo para ser o primeiro mestre-sala da escola e fazer parceria com a porta-bandeira Marcella Alves.

Peixinho como instrutor da escola de Mestre Manoel Dionísio. Foto: Arquivo pessoal

Eu fiquei muito feliz com as minhas notas no grupo especial: 10/10/10/9,5. Essas foram as minhas notas de estreia no Especial. Eu estava começando um grande momento em minha trajetória de mestre-sala, garantindo a minha permanência na escola e no Grupo Especial. Continuei na escola, fiz todo o processo de compromisso com a escola para o Carnaval do ano 2000, onde cada escola falaria de uma parte dos 500 anos do Brasil, mas quando faltavam 15 dias para o Carnaval não me senti muito bem, faltei um ensaio e fui para o hospital, onde acabei ficando internado. Os médicos fizeram tudo quanto era exame e não encontravam nada, até que pediram a permissão da minha mãe Solange (minha mãe era da Diretoria de Harmonia da Grande Rio, depois se tornou compositora. Ela sempre esteve ao meu lado e é responsável por eu ter me tornado um mestre-sala) para abrir a minha barriga para saber o que eu tinha. Ela autorizou, e assim, eles encontraram escondida atrás do pâncreas a minha apendicite totalmente inflamada, e então eu fiquei durante quinze dias no hospital e três meses em casa de repouso. Fiquei muito triste por não receber a visita de ninguém da Caprichosos; do mundo do samba só recebi a visita de dois amigos, que foram o mestre-sala Eduardo Belo e da porta-bandeira Cintia.

Após os três meses de repouso, já recuperado, fui até a quadra da Imperatriz Leopoldinense que tinha sido campeã do Carnaval e estava fazendo em sua quadra o sorteio da ordem do desfile do Grupo Especial. Lá, eu encontrei a diretoria da Caprichosos que me falou que eu iria continuar na escola. Eu, muito magoado com a falta de atenção, sem nem receber nenhum tipo de visita de alguém da escola, disse a eles que eu não iria voltar para a escola e que agradecia muito o convite, mas, que, se fosse necessário, eu começaria tudo do zero.

Peixinho e Jaçanã na Império da Tijuca em 2013. Foto: Riotur

Apesar de ter recebido alguns convites do Grupo Especial, das escolas Grande Rio e Portela, para ser primeiro mestre-sala, nada se concretizou. E assim comecei tudo novamente em 2001. Recebi uma proposta da Acadêmicos da Abolição, onde fui muito bem tratado e desfilei novamente na Av. Rio Branco. Em 2002, fui convidado para União de Jacarepaguá, no Grupo A e fiz parceria com a porta-bandeira Naninha. Desfilei também nessa escola em 2003, 2004, 2005.

Em 2006, desfilei pela Inocentes de Belford Roxo no Grupo A com a porta-bandeira Roselaine e fomos contemplados com o prêmio Samba-Net. No ano seguinte, 2007, com uma nova administração na Caprichosos de Pilares, no Grupo de Acesso, presidida pelo Paulo de Almeida, retornei à escola e fiz parceria com a porta-bandeira Andréia Neves, desfilando na agremiação até 2009. Em 2010, desfilei pelo Arranco do Engenho de Dentro com a porta-bandeira Andréia Neves, onde ganhamos o prêmio Jorge Lafond. Em 2011, retornei à Inocentes de Belford Roxo e fiz parceria com a porta-bandeira Priscila Costa e, em 2012, tive a felicidade de receber um telefonema do Presidente Tê, da Império da Tijuca, para fazer parceria com a porta-bandeira Jaçanã Ribeiro e fomos contemplados como melhor casal, com os prêmios ‘Estrela do Carnaval’ e ‘Samba-Net’ juntos, e também ganhei, como o melhor mestre-sala, o troféu Jorge Lafond.

Na Império da Tijuca percebi que mais cedo ou mais tarde estaria realizando meu sonho de estar no Grupo Especial como primeiro mestre-sala porque a escola era muito forte, tinha uma comunidade surpreendente e um presidente empenhado a colocar a escola de volta ao Especial. Não foi diferente. Em 2013, o que eu já estava prevendo aconteceu, fomos contemplados com o melhor prêmio de todos: o campeonato. Eu fico muito feliz de feito parte da história do Império da Tijuca, ajudando nesse retorno. Dancei com Jaçanã nesta escola até o Carnaval de 2015, depois fomos, em 2016, para a Inocentes de Belford Roxo, onde mantivemos nossa grande parceria até o Carnaval de 2019.

Peixinho e Jaçanã na Inocentes em 2019. Foto: SRzd

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