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Espetáculo em Porto Alegre ‘Reminiscências – Memórias do Nosso Carnaval’, por Ramão Carvalho

Iara Deodoro homenageia Osmar, seu saudoso mestre-sala, dançando. Foto: Reprodução

Aconteceu nos dias 29 e 30 de junho, em porto Alegre, o Espetáculo “Reminiscências – Memórias do Nosso Carnaval”, uma realização do Grupo Afro-Sul Odomodê, que neste ano de 2019 completa 45 anos de história em prol da cultura afro popular. O Espetáculo relembra diversas pariticipações da Ala Afrosul, que desfilou em praticamente quase todas as escolas de samba de Porto Alegre e da Região desde sua fundação até o carnaval de 2012.

Em “Reminiscências – Memórias do Nosso Carnaval”, conforme disponibilizado na postagem de sua rede social¹ sobre o evento, foi um auto para enaltecer o Carnaval de Porto Alegre, “[…]fazendo da arte que nos identifica uma grande declaração de amor e agradecimento através de uma releitura baseada em participações da Ala Afro-Sul, tanto na Avenida Carlos Alberto Barcellos  “O Roxo”, quanto no Complexo Cultural do Porto Seco, em desfiles realizados pelas escolas de samba de Porto Alegre…[…]”.

Foram apresentadas coreografias, músicas e danças para “relembrar e rememorar” os enredos e sambas antológicos, assim como as participações marcantes do grupo nos últimos carnavais. Quem esteve presente pode verificar as bases da história do carnaval Gaúcho e também reviver grandes momentos do carnaval de Porto Alegre, como a formação da primeira escola de samba configurada nos moldes “modernos” em Porto Alegre, a Academia de Samba Praiana, passando por diversos desfiles campeões e também outros de grande importância. Destaque para os enredos, Festa de Batuque de Bambas da Orgia, Tima Maia dos Embaixadores do Ritmo, Perfume dos Imperadores do Samba, a homenagem à Barra do Ribeiro do Império do Sol de São Leopoldo e tantos outros… era visível na particiapação do público a emoção dos sambas e da energia emanada nas apresentações dos bailarinos.

Para o carnavalesco, figurinista e ex-bailarino do grupo, Gugu Lacerda, um dos responsáveis pela produção do espetáculos e também pela assinatura dos figurinos, da pesquisa e do roteiro junto com Iara Deodoro, ele nos esclarece que:

“O espetáculo nasceu de um desejo antigo de levar para o palco as memóriasdo nosso carnaval, de enaltecer todos os elementos significativos e que criaram cenários para que hoje nós pudéssemos desfilar. Também queríamos muito reviver os Garotos da Orgia, pois a sua história se confunde com a do Grupo Afro-Sul e, voltar ao tempo que a ala Afro-Sul desfilava em mais de 15 Escolas. Estreamos o espetáculo em novembro de 2018 em uma única apresentação, neste ano voltamos ao palco em duas apresentações muito significativas. Em meio aos elogios e a toda a emoção, não posso deixar de comentar sobre a  falta de apoio e sobre os poucos dirigentes das Escolas de Samba que compareceram. Durante mais de 20 anos a Ala desfilou de forma abnegada e esse seria o momento de agradecer. Precisamos prestigiar tudo o que for referente a cultura em sua pluralidade. Cultura não é gasto, é investimento!”

Memórias do Carnaval gaúcho no auto espetacular. Foto: Reprodução

Coletamos também algumas percepções das pessoas que estavam presentes, assistindo ao Espetáculo; para Tânia Nara Silveira da Silva, diretora da Escola de Samba Império do Sol:

“Foi simplesmente maravilhoso! Uma das melhores homenagens que pude assistir em Teatro, no que tange à Carnaval. Iara Deodoro, como já sabemos, mais uma vez foi magnífica! Muita emoção! Me trouxe muitas saudades do ano de 2003, eles nos fizeram lembrar das amizades, das parcerias, dos passeios para a Barra do Ribeiro… Lembranças mil de cada detalhe, do Barracão, das pessoas, dos problemas vencidos, dos risos, da nossa humildade, do nosso comprometimento… Saudades de tudo praticamente, de um tempo bom, onde podíamos produzir aquele magnífico Espetáculo em sua totalidade!”

A porta bandeira, professora, diretora de escola e presidente do Padedê do Samba – Escola de Mestre Sala, Porta Bandeira e Porta Estandarte do Rio Grande do Sul, Simone Ribeiro nos diz que:

“…foi uma emoção muito grande assistir ao espetáculo Reminiscências, porque me remeteu a um carnaval que a gente já sente saudades, um carnaval que eu vivi, e que pude ver no espetáculo várias escolas de samba, com seus sambas de enredo e nos anos em que eu desfilei nestas escolas, e lembro bem também, das alas do Afro-Sul atuando… então foi muito emocionante! A parte que mais me tocou de tudo o que aconteceu, foi ao final, quando Iara Deodoro entra com a bandeira e dança sozinha, porque o seu parceiro já não está ali, foi realmente emocionante, eu como porta bandeira,  senti e entendi a mensagem… é um espetáculo de referencial para quem gosta de cultura, da arte ligada ao samba e principalmente ao carnaval gaúcho, revivemos ali as tribos carnavalescas, a história, muito bem elaboro, figurinos, coreografias, os textos, podemos sentir que foi elaborado e feito por quem ama a dança, ama a cultura afro, ama o carnaval… enfim, foi maravilhoso!

A líder e diretora do Odomodê AfroSul é Iara Deodoro, este projeto sócio-cultural fica situado na Avenida Ipiranga, 3850, Bairro Praia de Belas, cidade de Porto alegre. A Professora Iara, como é mais conhecida, nos esclarece sobre a criação do grupo dizendo: “…aqui é uma casa que foi construída e pensada para agregar a nossa cultura negra, as manifestações culturais de características afro-brasileiras de forma mais acolhedora, com liberdades de expressão e manifestação”. No final, Iara prestou homenagens especiais como aos seus mestre-salas, e conduzindo melancolicamente uma bandeira, saudou em dança e movimentos o mestre sala Osmar, já falecido, que foi o seu par de 1981 a 1992, e foi bailarino do Balé folclórico na Bahia. Ao final do Espetáculo, todos os alunos, bailarinos, dançarinos, músicos, artisas e os organizadores do evento confraternizaram juntos no palco.

Para saber mais:

https://www.facebook.com/afrosul.odomode/

https://afrosulodomode.wordpress.com

http://padededosamba.blogspot.com/2018/12/o-conto-de-bambas-da-bailarina-negra.html

Sobre Ramão Carvalho

Ramão Carvalho. Foto: Arquivo pessoal

Ativista Cultural, Mestre Sala desde 1995, bailarino e coreógrafo, estudei as bases do Ballet Clássico, das danças modernas e a dança Afro nas Academias de Dança Primeiro Ato, No Corpo de Baile da Sociedade Orpheu e Sociedade Ginástica de São Leopoldo, e na Academia Mudança de Porto Alegre. Desenvolvo oficinas de formação do quesito Mestre Sala e Porta bandeira desde 2001. Produtor Cultural, desenvolvi projetos para o carnaval e arte popular. Graduação em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos e Mestrando do PPG de Desenvolvimento Regional da Faculdade FACCAT. Pesquisador do Carnaval; desenvolvi mais de 40 enredos para diversas escolas de Samba. Fui Secretário da Associação Carnavalesca de São Leopoldo, Tesoureiro da União dos Destaques do Carnaval de Porto Alegre – UDESCA. Atualmente sou instrutor no curso de dança do casal de Mestre Sala e Porta Bandeira Padedê do Samba de Porto Alegre e da Escola de Samba Império do Sol, além de ser vice-presidente desta última. Secretário do Conselho Municipal de Povos Tradicionais de Matriz Africana. Jurado do Carnaval de Porto Alegre e Região Metropolitana, na cidade de São Paulo – SP (de 2013 a 2019) e de Artigas no Uruguai em 2017/2018.

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