Eduardo Ritschel. Foto: Divulgação

Eduardo Ritschel

Formado em Jornalismo e Administração de Empresas, atua há mais de 25 anos como consultor de comunicação para empresas em diversos segmentos, com destaque para as áreas de Educação e Saúde.

Uso de celulares e tablets pode afetar a visão de crianças?

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A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou importante alerta para o uso de novas tecnologias pelas crianças. A informação a partir de estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que avaliou o impacto do sedentarismo e do sono inapropriado em crianças menores de cinco anos e tem sugerido que hábitos saudáveis iniciados nos primeiros anos de vida podem trazer benefícios a longo prazo no desenvolvimento motor e cognitivo.

As atividades ao ar livre, além de evitar a obesidade pelo exercício físico, diminuem o risco de desenvolvimento de alta miopia. Isso acontece por dois mecanismos: a diminuição do processo de focalização prolongada durante as atividades de perto e o aumento da liberação de dopamina (que é um neurotransmissor) durante à exposição a luz solar, fatores relacionados ao crescimento coordenado do olho.

Segundo a SBP, “o uso precoce e de longa duração de jogos online, aplicativos de internet e redes sociais podem causar ansiedade, dificuldade de socialização, sedentarismo, transtornos do sono e alimentação, além de problemas posturais por esforço repetitivo”. Do ponto de vista ocular, o uso prolongado das telas pode causar desconforto e cansaço visual, mas aparentemente não dano físico ao sistema visual.

Entretanto, o estudo aponta que, quando se observa objetos próximos, usa-se a acomodação (ação do cristalino para focalizar de perto) e existem evidências científicas mostrando que crianças na fase de desenvolvimento visual podem evoluir com tendência a erros refrativos (grau para óculos).Evidências científicas têm mostrado que crianças das cidades grandes apresentam maior porcentagem de miopia que crianças das áreas rurais.

Será o uso indiscriminado de tablets e celulares? Ou será a falta de atividades físicas em ambientes externos?

A SBP avalia que hoje a criança tem nesses aparelhos formas de comunicação e laser e pouco saem às ruas para brincar. Tempo prolongado no computador ou videogame pode levar a ardor ocular? Sim, pois durante essas atividades há uma diminuição involuntária da frequência do piscar. O piscar é fundamental para a lubrificação da superfície ocular. Durante a leitura prolongada ou olhos concentrados na tela dos videogames, a lubrificação da córnea e da conjuntiva pode ser insuficiente, levando a desconforto visual, ardor e lacrimejamento. Para evitar esses sintomas é importante fazer pausas durante essas atividades e também lembrar de piscar voluntariamente. Particularmente em locais com ar condicionado, o quadro de desconforto se acentua pela baixa umidade do ambiente.

As Diretrizes da OMS e da SBP devem ser consideradas como um alerta para as famílias, uma sugestão de mudança de hábitos no uso do celular e no brincar. As famílias podem trocar o tempo que as crianças ficam entretidas com celulares e tablets por atividades como jogos, pinturas, quebra-cabeça, livros e brincadeiras do passado como “passar o anel”. O uso de celular ou tablet para distrair a crianças nas refeições pode induzir obesidade e não valorizar o alimento, portanto deve ser evitado. A liberação de melatonina, indutor do sono, fica prejudicada pela luz emitida pelas telas, por isso seu uso deve ser evitado próximo ao horário do sono dos pequenos, mesmo com telas no modo noturno. As recomendações variam conforme a idade.

Referências: Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica: www.sbop.com.br, American Association for Pediatric Ophthalmology and Strabismus: www.aapos.org, Diretrizes de atividade física, sedentarismo e sono de crianças com menos de 5 Anos: www.who.int/news-room/detail/24-04-2019-to-grow-up-healthy-children-need-to-sit-less-and-play-more, Saúde de crianças e adolescentes na era digital: www.sbp.com.br/imprensa/saude-de-criancas-e-adolescentes-na-era-digital/
As informações neste texto não devem ser usadas como um substituto para o cuidado médico e orientação de seu oftalmologista. Pode haver variações no tratamento que o oftalmologista pode recomendar com base em fatos e circunstâncias individuais.

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