Cheryl Berno. Foto: Acervo pessoal

Cheryl Berno

Advogada, Consultora, Palestrante e Professora. Especialista em direito empresarial, tributário, compliance e Sistema S. Sócia da Berno Sociedade de Advocacia. Mestre em Direito Econômico e Social pela PUCPR, Pós-Graduada em Direito Tributário e Processual Tributário e em Direito Comunitário e do Mercosul, Professora de Pós-Graduação em Direito e Negócios da FGV e da A Vez do Mestre Cândido Mendes. Conselheira da Associação Comercial do Estado do Rio de Janeiro.

Eu, Paulo Guedes e minha mãe

Paulo Guedes. Foto: Valter Campanato – Agência Brasil

Domingo (16) quando voltava do mercado no Leblon, no Rio, ouvindo minha mãe reclamar do péssimo atendimento que recebeu em uma agência do INSS em Curitiba, aonde tentava ser atendida depois de mais de 30 anos de trabalho, dei de cara com o ministro Paulo Guedes, que caminhava com a esposa. Não hesitei, devia isto à minha mãe, a quem tinha acabado de acalmar dizendo que íamos fazer de tudo para fazer valer o direito dela se aposentar.

Mãe de Cheryl Berno. Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

– Boa tarde, ministro. O que foi aquela sua declaração de que é bom o dólar estar alto, porque quando estava baixo até empregada estava indo para a Disney?

– Eu não disse isto. Estes jornalistas que deturpam tudo que a gente fala. Eu até tive uma empregada doméstica parente na família e usei bolsa de estudos!

– Mas, ministro, eu vi o vídeo, e você disse isto mesmo.

– Tiraram do contexto.

– Ok, ministro. Então, olhe pelo povo, veja as lojas fechadas, as pessoas nas ruas, de todas as cores, idades e credos, ou já descrentes de tudo. Faça por elas!

– Com os juros altos, quem ganha são os bancos. Eu não preciso disto, poderia já ter ido embora e daqui a pouco eu vou mesmo. (Nisto, passa um americano e nos corta para dizer que o ministro está no caminho certo, ao que respondo, que, então, ele que deixe eu falar, porque eu acho que tem muita coisa para arrumar!).

– Viu? Ainda bem que para muitos eu estou certo!

– Ele é estrangeiro, ministro. Mas tudo bem. Ministro, então invista em educação pública de qualidade para este povo!

– Isto é com o ministro da Educação.

– Ministro, então deixa eu lhe pedir melhorias no atendimento do INSS, que está no seu ministério. Minha mãe trabalhou mais de 30 anos e agora não consegue nem ser atendida e a tratam mal só quando ela pede para ser atendida!

– É só ela entrar no “Meu INSS” e resolve em 1 minuto.

Minha mãe e eu. Foto: Arquivo Pessoal
Minha mãe e eu. Foto: Arquivo Pessoal

– Ministro, ela, como milhões de brasileiros, não tem renda nenhuma nem para pagar a internet, mas, ainda assim, nem sabe mexer nestes sistemas. Mas eu, que entendo muito bem, entrei para ela e não tem o atendimento lá e não atendem mais pessoalmente. É difícil mesmo e até eu que sou muito experiente e ajudei a implantar a nota fiscal eletrônica e outros programas tenho dificuldades, mas já tentei de tudo e não tem mesmo. Acredite, porque eu dou até aula destes sistemas! Quer o meu contato ou quer me dar um para eu enviar umas sugestões?

– Você conhece alguém no governo?

– Não, ministro, e eu poderia lhes ajudar muito com o conhecimento e experiência que tenho, de mais de 30 anos de trabalho. Sou advogada, professora, consultora e me arrisco como colunista do Sidney Rezende, um super profissional, sério e competente. Dia destes, o senhor disse que os Estados que tinham que baixar o imposto dos combustíveis, mas os combustíveis já pagam menos até que a água mineral, que estamos tendo que comprar, porque não cuidaram dos servidores e das empresas públicas fornecedoras destes serviços essenciais. Pode me dar o seu telefone?

– Não tenho caneta e nem papel (?). Você trabalhou na Firjan? Conhece o Eduardo Eugênio? Liga para ele e diz que eu que pedi para ele ajudar.

– Obrigada, ministro, cuida do nosso povo. Há mais de um ano, você é o funcionário público que criticou e você tem o poder de fazer um governo para o povo. Boa sorte!

Saí aliviada de ter falado. E, você, o que diria para o ministro Paulo Guedes, que anda sempre com pressa e mais disposto a falar do que a ouvir?


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