Só fica ‘Tudo Bem No Natal Que Vem’ se o machismo acabar

Foto: Divulgação Netflix

MATÉRIA ESCRITA POR JOYCE PONTEIRO (@joyponteiro)

Muito mais do que uma comédia natalina, o filme Tudo bem no Natal vem, exibido pela Netflix, aborda em seu enredo, de forma muito didática, como o machismo está inserido na rotina das famílias brasileiras e como muitas das vezes essa cultura pode ser prejudicial ao futuro de todos os componentes.

Interpretado pelo humorista Leandro Hassum, Jorge, representa um homem de classe média, pai ausente, negacionista, que prioriza o trabalho com objetivo de adquirir uma ascensão profissional e acredita que sua única função no lar é a de levar dinheiro. Ao primeiro olhar, essas são características comuns de um rapaz que vive no Brasil. Mas elas escondem costumes machistas.

Foto: Divulgação Netflix

 

Ao dar preferência para o trabalho, o personagem de Hassum entrega todas as obrigações administrativas e operacionais da casa nas mãos unicamente da esposa Laura (interpretada por Elisa Pinheiro). Essa atitude não só sobrecarrega as mulheres como também impede o crescimento profissional e educacional delas. Atualmente, apenas 43% do sexo feminino mundial encontra-se ativa no mercado de trabalho.

Devido às longas horas ocupadas com o emprego, Laura se torna uma das 11,5 milhões de brasileiras que não contam com o apoio do companheiro para criar os filhos.  E com o passar do tempo ela entra em outra duas estatísticas, a das divorciadas, bem como um a cada 3 casais no Brasil, e das mulheres com dupla jornada de trabalho. Já que sem a pensão, que o marido se recusa a pagar, a personagem de Pinheiro, assim como muitas mães solos, precisa trabalhar fora e em casa, somando uma jornada média de 53,6 horas.

A separação, roteirizada por Paulo Cursino, não poderia ter um motivo diferente, já que o país, de acordo com estudos, é o segundo no mundo que mais possui relações extraconjugais. A história também revela como os homens objetificam as mulheres, utilizando-as como uma ferramenta de demonstração de status financeiro. Já que após atingir um crescimento econômico, Jorge troca sua companheira por uma que possui os padrões de beleza impostos pela sociedade.

Foto: Divulgação Netflix

Mas misteriosamente a figura de Leandro Hassum sofre de uma perda de memória que só ocorre no Natal. Muito similar com a vida real, o sujeito se nega a admitir que é um ser narcisista, individualista e mentiroso durante os outros 364 dias dos anos e unicamente nesta data comemorativa ou nas redes sociais é uma pessoa que valoriza e reconhece a parceira maravilhosa que tem ao lado, cuida dos filhos e é mais ativo nas obrigações da residência.

O longa encerra deixando um necessário recado para a população.  É urgente a implementação da equidade de gênero inclusive dentro das nossas casas.  Pois, para que tudo fique bem no natal que vem é preciso reconhecer e abandonar os hábitos machistas praticados no dia a dia.

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