Bruno Moraes. Foto: Acervo pessoal

Bruno Moraes

Comentarista de bateria do SRzd e diretor do Troféu Bateria. Facebook: Bruno Moraes

Manual das Baterias: Grupo Especial

Foto: Juliana Dias/SRzd

Esse é um manual com características e expectativas do que será apresentado pelas baterias das escolas de samba do Grupo Especial na Sapucaí, no Carnaval 2019.

IMPÉRIO SERRANO

A tradicional bateria do Império virá para a Sapucaí feliz. Mestre Gilmar e diretoria estão satisfeitos com a performance no ensaio técnico. A histórica ala de agogôs vem para mais um ano de destaque nas bossas e no ritmo. O tamborim ganhou um reforço de oito ritmistas a mais e um desenho bem feito na melodia do samba. O andamento deve ser bem confortável, já que o samba pede algo mais lento. A Sinfônica do Samba vai apresentar bossas elaboradas, com destaque para a que simula a “batida no coração”. Uma ala de frigideira com experientes ritmistas virá na “cozinha”, ajudando o ritmo e em uma das bossas.

VIRADOURO

A lenda viva Mestre Ciça retorna pra casa e retoma o estilo e a filosofia de trabalho anteriormente adotados. Após dez anos, o andamento é mais comportado, técnicas mais apuradas e Mestre Ciça ainda mais experiente. Com a ousadia de sempre, a Furacão Vermelho e Branco promete fazer a arquibancada vir “abaixo” com a bossa em que os tamborins fazem uma linha ao longo da bateria e todos se abaixam para uma paradinha sensacional. A especialidade do Ciça são as caixas e não é surpresa que esse seja o foco do trabalho. A ala de tamborins e chocalhos também virão fortes.

GRANDE RIO

A Invocada apresentou Mestre Fabrício em março de 2018, desde então foi muito trabalho de resgate da identidade da bateria. Caçula do Grupo Especial, Fabrício conseguiu com diretores jovens e talentosos uma padronização de toques, andamento, manutenção de ritmo e um trabalho majestoso. Os tempos são outros, mas de uma forma moderna, a bateria lembra muito o trabalho do premiado Mestre Odilon. A filosofia do Mestre da Invocada é de bossas sem excessos, peças leves bem executadas e afinação de surdos definidas. A bateria da Grande Rio de fato fez um ótimo ensaio técnico e é esperada a mesma performance no desfile.

SALGUEIRO

Após um ano turbulento, a Furiosa apresentou os irmãos Mestres Gustavo e Guilherme para assumirem o trabalho. Os talentosos músicos e mestres possuem sua história toda dentro do Salgueiro, sendo dois dos responsáveis pela ótima performance do passado. Foram dois meses intensos de ensaio, onde deram sequência ao trabalho já realizado com o antigo mestre. Foram ajustados alguns detalhes e implementada a filosofia dos irmãos. No ritmo, a maior diferença é na quantidade de taróis, que foi aumentada para trinta. A ala de tamborim, chocalho e cuíca continua muito bem e o conjunto de bossas valoriza ainda mais o excelente samba da escola.

BEIJA-FLOR

A Soberana dos Mestres Rodney e Plínio vai para mais um ano trabalhando em busca das notas máximas, mais leve e com uma equipe mais alegre. A bateria da Beija-Flor apresentará um conjunto de bossas e desenhos dos tamborins e chocalhos mais complexos do que os dos últimos anos. A já tradicional ala de frigideiras na “cozinha” e as terceiras centrando no ritmo, dando aquele swing e sensação de batucada, continuarão presentes. Não podemos deixar de exaltar a ala de repiques mor, instrumento que acrescenta e muito no resultado final dessa bateria.

IMPERATRIZ

A Bateria Swing da Leopoldina do Mestre Lolo parecia que não podia melhorar, mas melhorou comparativamente com o ano passado. Com todas as marcações de primeiras com 28”, Mestre Lolo buscou um peso maior para o ritmo. As tradicionais conversas entre os surdos, ritmo coeso, bossas firmes e bem executadas são os pontos fortes desse trabalho. Lolo possui um grande número de ritmistas talentosos. A ala de tamborins, chocalhos e cuícas também apresentaram evolução. Mesmo com o samba regular, todos esperam essa bateria, que hoje é referência.

UNIDOS DA TIJUCA

Mestre Casagrande está indo para o décimo segundo desfile à frente da Pura Cadência. Com um samba espetacular, a bateria cresce ainda mais e ratifica o alto padrão já alcançado nos últimos anos. Destaques para a afinação dos surdos, caixas, repiques e equilíbrio entre todos os instrumentos. A Pura Cadência encontrou a formula mágica da nota máxima. Bossas simples, de impacto e precisas são os trunfos na manga do Casagrande.

SÃO CLEMENTE

A Fiel Bateria do Mestre Caliquinho vem para o desfile com uma diretoria jovem e da comunidade, agregada à experiência de Tião Belo, um dos diretores que ajudou na elaboração de uma bossa na parte do samba (É fantástico, virou Hollywood isso aqui…). A ala de tamborim evoluiu muito e se destaca com um desenho que lembra o executado na época. Bossas musicais e dentro da melodia impulsionam o bom samba da escola, que é uma reedição do Carnaval de 1990.

VILA ISABEL

A Swingueira de Noel virá com um novo Mestre, Macaco Branco, talentoso músico e cria dessa bateria tão tradicional. Por crescer dentro desse universo, aprendeu os valiosos princípios desse ritmo e está ensaiando muito individualmente, naipe a naipe, para resgatar a identidade dessa bateria, e de fato está conseguindo. Serão 50 caixas, 50 taróis e 40 repiques para dar aquele molho, e afinações das marcações mais baixas. O andamento também foi muito ensaiado para que fosse confortável. A bossa de destaque é a que é realizada no refrão de baixo. Com gabaritados diretores, existe um expectativa grande para que Mestre Ernesto sinta orgulho lá do céu.

PORTELA

Será o 14º desfile do Mestre Nilo na frente da Tabajara do Samba, o Mestre com maior tempo em uma única escola do atual Carnaval. Nilo promete surpresas na Avenida, efeito de fogo para Iansã e efeitos sonoros com raios e água. Se você quer ver um show, veja o desfile da bateria da Portela. Terceiras e caixas tocando o ritmo característico da escola, tamborins abusando da criatividade, bossas complexas e muito bem executadas são os trunfos dessa bateria. Destaque para a bossa do refrão do meio.

UNIÃO DA ILHA

A Baterilha está com novo comando: os Mestres Keko e Marcelo #umpelooutro assumiram a bateria e deram sequência ao trabalho do antigo mestre. Um trabalho sensacional no resgate da batida de caixa da escola e aprimoramento dos outros naipes continuam sendo os principais trunfos. Os mestres dançarão com a rainha de bateria em uma das bossas onde é feito um forró. As palmas do saudoso Mestre Paulão, em 1994, também estarão no desfile esse ano. Com um ótimo ambiente de trabalho e ensaio, os mestres conseguiram manter a autoestima do ritmista da Baterilha e a alegria de tocar o verdadeiro ritmo da União da Ilha.

PARAÍSO DO TUIUTI

Mestre Ricardinho e a Paraíso do Tuiuti vivem seus melhores momentos de suas histórias no samba, com uma bateria unida e alegre. Ricardinho conseguiu implementar um estilo de trabalho muito bem elaborado e com identidade. Destaque para as bossas musicais, dentro da melodia do samba e muita precisão. Mesmo com o andamento mais pra frente, a bateria não perde o swing e muito menos o sincronismo nas bossas. Os instrumentos leves da bateria com ótima performance e uma ala de tamborim fantástica. A Super Som atingiu a maturidade e pretender ir longe.

MANGUEIRA

Mestre Wesley estreia na frente da bateria da Mangueira, porém é um dos mais experientes no cargo, por ter uma bagagem muito grande como ritmista e diretor da escola. Houve um resgate de uma batida de caixa sem rufado, que era utilizado no passado, com os ritmistas mais antigos fazendo esse ritmo e somando ao tradicional ritmo de caixa. Apresentarão dez ritmistas tocando prato, que serão utilizados na paradinha da “marcha”, referência aos “anos de chumbo”. A ala de tamborins foi posicionada na frente da bateria, já que nos anos anteriores ela vinha no corredor ao longo da bateria e deu um resultado muito positivo. Timbales e ganzás darão o tempero final nesse ritmo. Wesley focou seu trabalho na limpeza do toques da caixa e no instrumento que tem mais intimidade, o repique.

MOCIDADE

Mestre Dudu está indo para o oitavo ano à frente da Não Existe Mais Quente, quarto ano sozinho. A bateria da Mocidade está dando segmento ao ótimo trabalho com a batida de caixa de escola e suas fortes alas de tamborim e chocalho. A bossa de destaque foi feita em cima da mensagem do samba, “quem me dera o ponteiro voltar”, onde os instrumento s fazem uma batida de uma forma e em seguida faz a mesma batida de trás pra frente, invertendo o sentido. Aproveitando a parte do samba “reencontrar o Mestre na avenida” será feita uma homenagem aos Mestres André, Coé e Jorjão nos instrumentos da escola, que virão com acetato com as fotos dos três e peles brancas para simular os instrumentos utilizados no passado. A NEMQ está cada vez mais segura com sua proposta de andamento mais lento e balanço característico de Padre Miguel.

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