Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘Viúva Negra’ se conecta com precisão aos outros filmes do UCM

“Viúva Negra” é o primeiro filme da Fase 4 do UCM (Foto: Divulgação).

Muito afetado pelo efeito dominó que se abateu sobre Hollywood em decorrência da pandemia de Covid-19, “Viúva Negra” (Black Widow – 2021) finalmente estreou na última quinta-feira, dia 08, mas de forma simultânea, nas salas de exibição e na Disney+, com Premier Access pelo valor adicional de R$ 69,90. Grande aposta neste período de retomada do circuito exibidor, o longa é o primeiro trabalho da australiana Cate Shortland na capital do cinema.

 

Ambientado entre os eventos de “Capitão América: Guerra Civil” (Captain America: Civil War – 2016) e “Vingadores: Guerra Infinita” (Avengers: Infinity War – 2018), quando Natasha Romanoff / Viúva Negra (Scarlett Johansson) estava foragida por quebrar o Tratado de Sokovia, “Viúva Negra” começa em Ohio, no ano de 1995, mostrando como a infância da protagonista foi roubada em prol do projeto de poder de Dreykov (Ray Winstone), homem sem limites nem escrúpulos que criou uma rede de “viúvas”, raptando meninas de todas as idades e levando-as para a chamada Sala Vermelha para serem esterilizadas e transformadas em soldados. Ao ser atacada por uma das criações de Dreykov, já em 2016, Natasha descobre a existência de um antídoto para subjugação química, reencontrando a irmã, Yelena (Florence Pugh), e se reconectando ao passado.

 

Uma das produções mais aguardadas e interessantes do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM), “Viúva Negra” apresenta uma trama rica em detalhes e desenvolvida com esmero por Shortland, enaltecendo a força feminina por meio tanto da protagonista quanto de suas coadjuvantes, mostrando a resiliência como elemento fundamental da narrativa. Neste ponto, duas frases proferidas por Melina (Rachel Weisz) chamam a atenção por terem guiado toda a trajetória de Natasha: “sua dor torna você mais forte” e “não deixe que acabem com a sua essência”.

 

Scarlett Johansson e Florence Pugh em cena de “Viúva Negra” (Foto: Divulgação).

 

Assim como outras produções do UCM, sobretudo os filmes solo do Capitão América, “Viúva Negra” tece críticas ao cenário político por meio do tratamento conferido às meninas criadas para servirem a como soldados a governantes, atuando de forma totalmente robótica como máquinas de combate. Neste contexto, a escolha do clássico do Nirvana, “Smells Like Teen Spirit”, aqui interpretado de forma melancólica e igualmente impactante por Malia J. com produção de Think Up Anger, num espetacular trabalho de montagem logo na abertura, foi precisa para ambientar o espectador acerca da realidade de Natasha, Yelena e das outras Viúvas Negras – “Carregue suas armas e traga seus amigos / É divertido perder e fingir / Ela está entediada e autoconfiante”, ganhando mais força no decorrer da música, “Sou o pior no que faço de melhor / E por esta dádiva me sinto abençoado / Nosso pequeno grupo sempre existiu / E sempre existirá até o fim”.

 

“Viúva Negra” se conecta com perfeição aos outros filmes que o antecederam, referenciando o time dos Vingadores a todo instante não apenas para explicar alguns fatos, mas para corroborar a ideia de família transmitida pela união dos heróis da Marvel. Considerando os membros do grupo como familiares, Natasha é confrontada pelo reencontro com a família outrora “arranjada”, composta por Yelena, Melina e Alexei (David Harbour), o Guardião Vermelho, agente infiltrado da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) nos Estados Unidos. Isto funciona principalmente pela comunhão do elenco liderado por Johansson, que também assume a função de produtora executiva. Muito à vontade como a personagem mais famosa de sua carreira, a atriz esbanja química com Florence Pugh, concedendo veracidade à relação de ambas, construída sobre uma mentira, expondo sentimentos contraditórios que se potencializam com o reencontro com Alexei e Melina, alicerçados num jogo cênico impecável que tem Harbour como alívio cômico.

 

Primeiro longa-metragem da Fase 4 do UCM, “Viúva Negra” apresenta uma história empoderada sobre a necessidade da Vingadora em desvendar sua própria origem enquanto luta para manter sua essência preservada em meio à dor e ao acerto de contas com o passado que lhe causou feridas jamais cicatrizadas, respeitando a atmosfera inerente a thrillers de ação.

 

* “Viúva Negra” tem uma cena pós-crédito.

 

Assista ao trailer oficial legendado:

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