Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘Ursinho Pooh: Sangue e Mel’ subverte o clássico de A.A. Milne

“Ursinho Pooh: Sangue e Mel” estreia em 10 de agosto (Foto: Divulgação).

Criado por Alan Alexander Milne em 1926, o Ursinho Pooh se tornou um dos personagens mais populares e queridos por crianças de todo o mundo, assim como seus amigos do Bosque dos 100 Acres, principalmente após a Disney comprar os direitos de adaptação e levar os personagens para a tela grande, sendo o curta-metragem Ursinho Puff e a Árvore de Mel (Winnie the Pooh and the Honey Tree – 1966, EUA), de Wolfgang Reitherman, o título de estreia na Casa do Mickey.

 

“Ursinho Pooh: Sangue e Mel” é dirigido e roteirizado por Rhys Frake-Waterfield (Foto: Divulgação).

Pooh e seus amigos sempre foram associados à doçura e bondade, algo fortalecido por cada livro e produção cinematográfica e televisiva estrelada por eles. E, por esta razão, sempre foi impossível associá-los a qualquer contexto violento incondizente com o imaginário infantil. Mas Rhys Frake-Waterfield decidiu subverter a “fofurice” ao inserir os personagens clássicos, que recentemente caíram em domínio público, numa trama de terror em “Ursinho Pooh: Sangue e Mel” (Winnie-the-Pooh: Blood and Honey – 2023, Reino Unido), uma das estreias da próxima quinta-feira (10) nos cinemas brasileiros.

 

“Ursinho Pooh: Sangue e Mel” começa mostrando como Christopher Robin (Frederick Dallaway, infância / Nikolai Leon, fase adulta) era uma pessoa de extrema importância para os habitantes do Bosque dos 100 Acres, que o amavam incondicionalmente. Mas a chegada da vida adulta, acompanhada de todas as suas implicações, afastou Christopher de Pooh (Craig David Dowsett), Leitão (Chris Cordell) e todos os outros devido à escolha do rapaz de ingressar na faculdade de medicina. Uma vez graduado, Christopher volta ao local de sua infância para apresentar os amigos à noiva. Só que o cenário encontrado é muito diferente daquele que guarda com tanto carinho na memória. O Bosque, agora, é palco de crimes brutais, obrigando seus visitantes a lutar pela própria sobrevivência.

 

Aguardado por parte considerável do público pela ousadia de colocar Pooh e Leitão como protagonistas de uma produção que se encaixa no subgênero slasher, “Ursinho Pooh: Sangue e Mel” remete a tantos outros títulos, bons e ruins, ambientados em florestas, utilizando uma fórmula desgastada, algo que se torna ainda mais aparente quando a mesma não é aplicada com propriedade. E esse é o caso do longa dirigido e roteirizado por Rhys Frake-Waterfield, que o conduz de forma risível.

 

Com uma caracterização tão tosca quanto à observada em “O Sítio do Pica-pau Amarelo” (O Sítio do Pica-pau Amarelo – 1977 a 1986, Brasil) na TV, mesmo assim, perdendo para a Cuca (Dorinha Duval), Pooh e Leitão (quase um híbrido do mal de Rabicó e Pumba) aterrorizam o Bosque dos 100 Acres, principalmente um grupo de mulheres que decide passar um tempo por lá apesar de todos os alertas na mídia sobre os crimes. A dupla é guiada pelo ódio por humanos, nutrido desde a partida de Christopher para a universidade. Contudo, a atmosfera de tensão inerente ao terror é inexistente.

 

Com uma trilha sonora incessante, “Ursinho Pooh: Sangue e Mel” é mais uma produção ineficaz por desperdiçar uma premissa que poderia render uma trama interessante na tela. E, no quesito terror, perde até mesmo para a floresta e a Bruxa Má de “Branca de Neve e os Sete Anões” (Snow White and the Seven Dwarfs – 1937, EUA), de William Cottrell, David Hand e Wilfred Jackson.

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