‘Uma Noite em Miami…’: filme de Regina King é um dos títulos cotados para o Oscar 2021

Vencedora do Globo de Ouro e do Oscar de melhor atriz coadjuvante por “Se a Rua Beale Falasse” (If Beale Street Could Talk – 2018), Regina King está cotada como possível finalista da categoria de direção do prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) por “Uma Noite em Miami…” (One Night in Miami – 2020). Baseado na peça homônima de Kemp Powers, o longa está disponível no catálogo da Amazon Prime Video.

Produção original Amazon Studios, “Uma Noite em Miami…” começa mostrando o jovem Cassius Clay (Eli Goree) no ringue, antes de o pugilista assumir o nome Muhammad Ali. A partir daí, apresenta ao espectador Sam Cooke (Leslie Odom Jr.), Jim Brown (Aldis Hodge) e Malcolm X (Kingsley Ben-Adir), para, então, focar na reunião do quarteto num quarto de hotel, onde debatem sobre temas variados e ainda urgentes.

Tentando recriar a atmosfera conturbada da década de 1960, “Uma Noite em Miami…” propõe ao espectador uma reflexão acerca do papel do negro na sociedade, mostrando como o preconceito enraizado e a ignorância institucionalizada causaram, e ainda causam, feridas enormes. Neste ponto, uma fala de Clay a Cooke chama a atenção: “Ninguém pode entender o que é ser um de nós. Só nós (…) Jovem, negro, íntegro, famoso, sem papas na língua”, afirma o pugilista, criticando ativistas e explicando o que, para ele, é a essência do Black Power, “Poder para vivermos em um mundo onde é seguro ser quem nós somos. Para termos nosso próprio visual. Para pensar como quisermos. Sem ter de dar satisfação a ninguém”.

Ambientada no interior de um carro, a cena protagonizada por Goree e Odom Jr. deixa nítido ao público que o elenco é o grande pilar desta produção, não o roteiro de Powers, carente de emoção. Com isso, a responsabilidade de “segurar” o longa recai sobre os ombros de Eli Goree, Leslie Odom Jr., Aldis Hodge e Kingsley Ben-Adir, que atuam em total comunhão, trabalhando com segurança as características de seus respectivos personagens de forma igualitária.

Abordando o Islamismo por meio de Malcolm X e Cassius Clay, “Uma Noite em Miami…” perdeu a oportunidade de se tornar um filme grandioso e memorável por não aprofundar nenhum dos temas que se propôs a discutir, desperdiçando o potencial de sua trama, conduzida sem a devida firmeza por King. E sua superficialidade se torna ainda mais evidente e, por que não dizer, um tanto incômoda, se o momento atual for levado em consideração, sobretudo no que tange ao movimento Black Lives Matter, que surgiu devido à explosão da violência contra negros em solo americano no final do polêmico governo de Donald Trump.

Assista ao trailer oficial legendado: