Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘Um Broto Legal’ celebra a memória de Celly Campello

“Um Broto Legal” é a cinebiografia da cantora Celly Campello (Foto: Divulgação).

Muitos são os casos de cantores que se tornam fenômenos da indústria fonográfica quase instantaneamente e, depois de algumas poucas canções, são “devolvidos” ao anonimato apesar de todo o esforço para permanecerem em voga. No entanto, há também aqueles que desistem da carreira no auge do sucesso, chocando a todos, como Celly Campello, a Rainha do Rock brasileiro no início dos anos 1960. Uma das vozes mais conhecidas do país, a cantora tem sua trajetória contada em “Um Broto Legal” (2022), que chega ao circuito nesta quinta-feira (16).

 

“Um Broto Legal” é dirigido por Luiz Alberto Pereira (Foto: Divulgação).

Com direção de Luiz Alberto Pereira, o longa começa em 1956, mostrando a então adolescente Célia (Marianna Alexandre) num baile do Taubaté Country Club, onde seu irmão, Sérgio (Murilo Armacollo), que mais tarde assumiria o nome artístico de Tony Campello, se apresentava com sua banda de rock, escandalizando a fatia mais velha da plateia, que se sentiu incomodada com a liberdade dos jovens na pista de dança. Sempre incentivada pelo irmão, Célia lutou contra o preconceito e o machismo para trilhar sua carreira musical, sendo chamada de Celly, o que colocou sua relação com o namorado, Eduardo (Danillo Franccesco), em xeque.

 

Chamando a atenção pela direção de arte e caracterização dos personagens, esmeradas e fundamentais para a melhor ambientação do espectador, “Um Broto Legal” é eficiente ao apresentar à nova geração os choques cultural e geracional que marcaram as décadas de 1950 e 1960, quando o rock se disseminou com mais rapidez em escala global, concedendo aos jovens daquela época a sensação de liberdade corroborada, também, pelos filmes americanos. Isto é condensado, sobretudo, na relação de Celly e Tony com a mãe conservadora, Idea (Martha Meola), que não queria filho “artista” e achava que Celly tinha de arrumar um bom casamento e, Tony, um emprego estável.

 

No entanto, “Um Broto Legal” perde um pouco de potência por não apresentar um elenco em total sintonia, tendo como principais destaques positivos Marianna Alexandre e Danillo Franccesco. Com uma atuação bastante respeitosa, Mariana Alexandre consegue assimilar as características da cantora, bem como trabalhar com cuidado os conflitos de uma jovem cheia de sonhos que precisou abrir mão da música em prol da vontade de constituir família. Par romântico da protagonista, Franccesco expõe a insegurança de um homem que não compreende a necessidade da namorada em ter uma vida profissional, explorando suas variadas emoções. Quem também se destaca, apesar do pouco tempo de tela, é o veterano Cláudio Fontana (Orlando), um dos nomes mais talentosos do teatro brasileiro.

 

Proporcionando uma experiência nostálgica àqueles que, assim como os irmãos Campello, abraçaram o rock quando o gênero musical não era respeitado no Brasil, sendo reconhecido como o meio encontrado pela então chamada “juventude transviada” para chocar a sociedade e seus bons costumes, “Um Broto Legal” é uma celebração à trajetória e memória de Celly Campello, que completaria 80 anos em 2022. E, mesmo remetendo a especiais de televisão em alguns momentos, o longa é eficaz ao apresentar à parcela mais jovem do público um dos nomes mais importantes da música brasileira, que reencontrou a fama e o sucesso em meados da década de 1970 graças à novela “Estúpido Cupido” (1976), escrita por Mário Prata e exibida pela Rede Globo, que tinha os dois grandes hits de Celly Campello na trilha sonora, “Banho de Lua” e, obviamente, “Estúpido Cupido”.

 

Assista ao trailer oficial:

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