Indicado ao Oscar de melhor edição (montagem) por “Cidade de Deus” (2002), Daniel Rezende explora o universo criado por Maurício de Sousa em seu segundo longa-metragem como diretor, “Turma da Mônica – Laços” (2019). Baseado na graphic novel homônima de Vitor e Lu Cafaggi, publicada pela Panini Comics em 2013, o filme entra em cartaz nesta quinta-feira, dia 27.
Roteirizado por Thiago Dottori, o filme mostra Mônica (Giulia Benite), Magali (Laura Rauseo) e Cascão (Gabriel Moreira) embarcando numa aventura com Cebolinha (Kevin Vechiatto) para resgatar Floquinho, raptado no quintal de casa. Entre o zelo de Mônica por Sansão, a comilança de Magali, o pavor de Cascão por água e os planos “infalíveis” de Cebolinha, o grupo descobre uma nova missão: desvendar uma trama sinistra que envolve o Homem do Saco (Ravel Cabral).
Bebendo diretamente da fonte do cinema de aventura infanto-juvenil produzido nos Estados Unidos nos anos 1980, “Turma da Mônica – Laços” utiliza em sua trama elementos de um sucesso da década seguinte: “Beethoven: O Magnífico” (Beethoven – 1992), de Brian Levant. Isto fica nítido não apenas nas intenções do vilão interpretado por Cabral, construído intencionalmente de forma caricatural, cujas trapalhadas remetem um pouco às da dupla formada por Stanley Tucci e Oliver Platt no longa estrelado pelo São Bernardo; como também na conduta de Seu Cebola (Paulo Vilhena), pai amoroso e orgulhoso tal qual George Newton, o personagem de Charles Grodin.
Prioritariamente voltado para o público infantil, “Turma da Mônica – Laços” também agrada aos adultos que cresceram lendo os gibis dos personagens criados em 1963, proporcionando uma deliciosa viagem no tempo. E tal viagem ganha ainda mais força graças à cuidadosa direção de arte de Cássio Amarante e Mariana Falvo, sobretudo no que tange ao bairro do Limoeiro, construído com riqueza de detalhes.
No entanto, “Turma da Mônica – Laços” chama realmente a atenção pelo elenco infantil, integrado entre si e seus respectivos personagens. Os quatro atores levam este longa-metragem com graciosidade e talento, permitindo ao espectador o embarque imediato na aventura em busca de Floquinho, que esbanja fofura e bastante carinho para com as crianças, tornando a relação entre eles crível. Porém, está em Floquinho a maior deficiência deste longa, pois os efeitos especiais não lhe deram o tom verde adequado e, com isso, ele aparece desbotado e com variações de cor em cada cena.
Conduzido com muito respeito e habilidade por Rezende, “Turma da Mônica – Laços” é um resgate necessário do cinema infanto-juvenil brasileiro, que muito lucrou com os filmes estrelados por Xuxa e Os Trapalhões, mas tão negligenciado nos últimos anos. Contando com uma participação para lá de especial de Maurício de Sousa, esta é uma produção para toda a família sobre a importância da amizade e da união em prol do bem maior, que, aqui, é a defesa de animais vitimados pela ganância do ser humano.
Assista ao trailer oficial:
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