Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘Top Gun: Maverick’ faz jus ao clássico que o originou

“Top Gun: Maverick” é produzido e estrelado por Tom Cruise (Foto: Divulgação).

Ovacionado por seis minutos no Festival de Cannes deste ano, onde foi exibido fora de competição, “Top Gun: Maverick” (Top Gun: Maverick – 2022, EUA / China) estreia oficialmente no circuito comercial brasileiro na próxima quinta-feira (26), proporcionando à plateia, sobretudo à fatia que já passou dos 30 anos de idade, uma experiência cinematográfica completa, calcada na nostalgia e numa fórmula há muito abandonada pela maioria dos filmes de ação: a de apostar numa trama consistente repleta de cenas espetaculares realizadas sem o recurso da computação gráfica (CGI).

 

Produzido por Tom Cruise e dirigido por Joseph Kosinski, “Top Gun: Maverick” é ambientado nos dias atuais e mostra Pete “Maverick” Mitchell (Cruise) ainda com problemas disciplinares que o impedem de ascender na Marinha. Atuando como piloto de testes, Maverick é chamado pelo agora Almirante Tom “Iceman” Kazansky (Val Kilmer) para voltar a ser instrutor na escola de caças, conhecida como Top Gun, treinando jovens pilotos para uma missão complexa que envolve bombardear uma usina nuclear em construção e pode custar as suas vidas. Entre eles, Bradley “Rooster” Bradshaw (Miles Teller), filho do parceiro de voo cuja morte Maverick não consegue superar, Nick “Goose” Bradshaw (Anthony Edwards).

 

 

Estruturado de maneira bastante similar ao longa-metragem que o originou, “Top Gun – Ases Indomáveis” (Top Gun – 1986, EUA), de Tony Scott, “Top Gun: Maverick” é um deleite para qualquer fã do cinema de ação, mas não relega o drama ao segundo plano nem as doses de humor refinado. Referenciando o clássico sempre que possível, inclusive na dinâmica dos personagens, o novo filme explora o lado pouco conhecido de Maverick, o de homem preocupado com as consequências de suas ações, especialmente nas vidas daqueles a quem ama, neste caso, Rooster e Penny Benjamin (Jennifer Connelly). E é exatamente neste ponto que a produção extrai o que de melhor Tom Cruise tem a oferecer em cena, pois o ator trabalha os conflitos do piloto com destreza, principalmente no que tange à dor da perda de Goose e o seu sentimento de proteção, quase paternal, para com Rooster, que, prudente como o pai, faz o possível para lutar contra a vontade de experimentar um pouco da rebeldia e impetuosidade de Maverick, considerado uma lenda em toda a Marinha.

 

“Top Gun: Maverick”: Tom Cruise lidera elenco na sequência de “Top Gun – Ases Indomáveis” (Foto: Divulgação / Crédito: Paramount Pictures).

 

No entanto, Tom Cruise não brilha sozinho em cena, pois conta com coadjuvantes visivelmente preparados e em total sintonia, transmitindo à plateia o espírito de equipe almejado pelo protagonista. Dentre eles, Miles Teller é quem se destaca de fato, inclusive por reproduzir alguns trejeitos de Anthony Edwards no original, construindo Rooster utilizando como guia o conflito entre a mágoa e o amor sentidos por Maverick. Além de Teller, Monica Barbaro (Natasha ‘Phoenix’ Trace) e Glen Powell (Jake ‘Hangman’ Seresin) também chamam a atenção, pois enquanto a personagem de Barbaro mostra que é possível uma mulher obter o mesmo desempenho de um homem numa função outrora considerada exclusivamente masculina, o de Powell assume o lado provocativo e um tanto arrogante visto em Iceman, mas com a coragem inerente a Maverick.

 

Contando com trilha sonora poderosa e sequências de ação impressionantes, capazes de tirar o fôlego do espectador, “Top Gun: Maverick” é sobre laços afetivos que jamais poderão ser desfeitos, seja por qual motivo for, e, não há como negar, uma deliciosa viagem ao tempo em que o cinema encantava com cenas filmadas com vigor e realismo sem a muleta do CGI que, apesar de sua importância para inúmeros blockbusters, tem sido usada em demasia até mesmo por produções cujas tramas não exigem o emprego de tanta tecnologia. Com isso, o novo longa é o que pode ser chamado de “filme de ação raiz”, para utilizar um termo que está na moda, e, portanto, merece ser apreciado na tela grande da sala de exibição, conforme Tom Cruise planejou, recusando qualquer tentativa de levá-lo para o streaming em meio ao caos pandêmico que atrasou sua estreia em cerca de dois anos. Sem dúvida alguma, este é um dos melhores títulos da filmografia de Tom Cruise e, também, do cinema de ação produzido por Hollywood.

 

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Assista ao trailer oficial legendado:

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