Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘Terra à Deriva’: produção chinesa é a terceira maior bilheteria do ano

“Terra à Deriva” é distribuído pela Netflix (Foto: Divulgação).

Distribuído mundialmente pela Netflix, o blockbuster chinês “Terra à Deriva” (Liu lang di qiu – 2019) arrecadou US$ 699,8 milhões, segundo o Box Office Mojo, ocupando, até o momento, o terceiro lugar do ranking das maiores bilheterias de 2019, atrás de “Vingadores: Ultimato” (Avengers: Endgame – 2019) e “Capitã Marvel” (Captain Marvel – 2019), que já somam US$ 2,72 bilhões e US$ 1,12 bilhão, respectivamente.

 

Terceiro longa-metragem do diretor Frant Gwo, “Terra à Deriva” foi exibido em 129 salas, dentro e fora da China, onde estreou em 05 de fevereiro deste ano, poucos dias depois de chegar aos cinemas australianos. Esta ficção-científica mostra a força do mercado chinês, o mais lucrativo da indústria cinematográfica, que lhe rendeu a maior parte de sua arrecadação, cerca de US$ 690 milhões. No entanto, a Netflix, que não detém os direitos de exibição na China, não fez nenhum alarde deste longa em terras estrangeiras, nem mesmo no Brasil, onde foi disponibilizado aos assinantes do serviço em 1o de maio.

 

“Terra à Deriva” está disponível na Netflix desde 1o de maio (Foto: Divulgação).

Na trama baseada no livro homônimo de Liu Cixin, a Terra está sentindo os efeitos da degeneração e expansão do Sol, obrigando a união de governos de todo o mundo no chamado Governo da Terra Unida (GTU). Num cenário pós-apocalíptico no qual o planeta é deslocado por meio de propulsores, o GTU tenta preservar parte da humanidade não apenas em cidades subterrâneas, uma vez que o planeta sofre com baixas temperaturas, como também no Projeto da Terra Migratória, que tem como base a Plataforma Espacial de Navegação, onde profissionais de diversas nacionalidades trabalham, inclusive o astronauta Liu Peiqiang (Jing Wu). Comemorando a aposentadoria e sua volta à Pequim para reencontrar a família, Peiqiang se depara com a iminente colisão da Terra com Júpiter no momento em que seu filho, Liu Qi (Chuxiao Qu), foge para a superfície gelada, colocando-se em perigo e caindo de paraquedas em uma missão militar.

 

Bebendo diretamente da fonte do cinemão americano, “Terra à Deriva” é uma mistura de “Passageiros” (Passengers – 2016), “O Dia Depois de Amanhã” (The Day After Tomorrow – 2004) e “Armageddon” (Idem – 1998), aproximando-se mais do último no que tange à importância de laços familiares e sacrifícios extremos. No entanto, contém traços de “Expresso do Amanhã” (Snowpiercer – 2013) em sua fotografia, mas somente nas cenas que têm como objetivo mostrar a imensidão gelada e, consequentemente, explorar a fragilidade da humanidade diante da natureza. Apesar disso, a direção de fotografia apresenta um trabalho irregular que ainda tenta brincar com a estética de videogame, fortalecida por efeitos visuais igualmente irregulares.

 

Com um roteiro previsível que obviamente rompe com o clichê hollywoodiano do heroísmo americano, pois, neste filme, os salvadores da humanidade são os chineses com a ajuda de pessoas de outros países, sobretudo da Rússia, o que acaba por inserir uma mensagem política nas entrelinhas, “Terra à Deriva” abraça o absurdo típico da franquia “Sharknado” (Idem – iniciada em 2013). Isto não se deve apenas à sua limitação orçamentária (cerca de US$ 50 milhões, valor considerado baixo para blockbusters), mas também pelas soluções fáceis encontradas pelo roteiro, algo que fica nítido em alguns diálogos e situações que relegam a ficção-científica ao segundo plano, dando lugar à comédia desprovida de lapidação, potencializada por atuações para lá de artificiais.

 

No fim das contas, “Terra à Deriva” é uma produção chinesa que joga no liquidificador grandes sucessos de ficção-científica americanos, subvertendo alguns clichês da indústria hollywoodiana para mostrar a China como potência mundial.

 

Confira as 10 maiores bilheterias de 2019 até o momento, segundo o Box Office Mojo:

  1. “Vingadores: Ultimato”, de Anthony e Joe Russo: US$ 2,72 bilhões;
  2. “Capitã Marvel”, de Anna Boden e Ryan Fleck: US$ 1,12 bilhão;
  3. “Terra à Deriva”, de Frant Gwo: US$ 699,8 milhões;
  4. “Como Treinar o Seu Dragão 3” (How to Train Your Dragon: The Hidden World – 2019), de Dean DeBlois: US$ 519,5 milhões;
  5. “Aladdin” (Idem – 2019), de Guy Ritchie: US$ 501 milhões;
  6. “Alita: Anjo de Combate” (Alita: Battle Angel – 2019), de Robert Rodriguez: US$ 404,9 milhões;
  7. “Pokémon: Detetive Pikachu” (Pokemon Detective Pikachu – 2019), de Robert Letterman: US$ 397 milhões;
  8. “Shazam!” (Idem – 2019), de David F. Sandberg: US$ 362,8 milhões;
  9. “Dumbo” (Idem – 2019), de Tim Burton: US$ 350,2 milhões;
  10. “Nós” (Us – 2019), de Jordan Peele: US$ 254,6 milhões.

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