Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘Ricos de Amor’: leveza e previsibilidade

“Ricos de Amor” é protagonizado por Danilo Mesquita e Giovanna Lancelotti (Foto: Divulgação / Crédito: Netflix).

Dona de um catálogo variado, a Netflix há tempos aposta suas fichas em comédias românticas leves que conquistam o público por sua simplicidade e carisma dos protagonistas, vide o sucesso da agora franquia “Para Todos os Garotos que Já Amei” (To All the Boys I’ve Loved Before – 2018), que transformou Lana Condor e Noah Centineo no casal favorito da plataforma. A fórmula utilizada pela companhia é repleta de clichês que funcionam dentro da proposta despretensiosa de entretenimento descompromissado que, ao envolver o espectador em tramas bonitinhas, relega ao segundo plano os problemas de concepção de boa parte destes projetos. É o caso tanto da adaptação da obra de Jenny Han quanto de “Ricos de Amor” (2020), disponibilizado pela Netflix na última quinta-feira, dia 30.

 

Dirigido por Bruno Garotti e Anita Barbosa, “Ricos de Amor” é o segunda longa-metragem do gênero produzido pela plataforma de streaming no Brasil – o primeiro foi “Modo Avião” (2020), que se tornou sucesso também dentre os assinantes estrangeiros. Na trama, Danilo Mesquita vive Teodoro ‘Teto’ Trancoso, herdeiro de uma fortuna que está acostumado a ter tudo aos seus pés, inclusive mulheres. Chamado de Príncipe do Tomate e Don Juan de Paty de Alferes, o jovem é chamado à responsabilidade pelo pai, que deseja vê-lo se transformar em homem, deixando o lado irresponsável e playboy para trás. Em meio à necessidade de seguir as novas regras paternas e ao choque de realidade imposto pela saída da redoma de cristal da fazenda, Teto conhece Paula (Giovanna Lancelotti), estudante de medicina que mudará seu modo de vida para sempre.

 

Apesar dos problemas, “Ricos de Amor” funciona como passatempo agradável nesta quarentena (Foto: Divulgação / Crédito: Netflix).

 

Com roupagem televisiva, o longa tem no roteiro de Garotti e Sylvio Gonçalves sua maior fragilidade, pois nada é explorado com propriedade. Isto se deve à vontade de ambos em abordar uma série de temas urgentes em subtramas que nunca ganham o devido destaque, como por exemplo, o assédio sofrido por Paula em seu ambiente de trabalho e a precária situação da família de Monique (Lellezinha), que perdeu o emprego na Trancoso Tomates para que o herdeiro do patrão pudesse assumir o seu lugar. Com isso, o filme se mantém na zona de conforto da leveza e comicidade que funcionam como escada para o romance.

 

Referenciando filmes como “Uma Babá Quase Perfeita” (Mrs. Doubtfire – 1993), “Ricos de Amor” tem como objetivo principal mostrar a transformação do garoto mimado e irresponsável em homem por meio do amor por uma jovem forte e determinada que não o julga pela conta bancária. O filme até consegue contar esta história de maneira divertida e agradável, mas superficial, alicerçado primordialmente na química entre Danilo Mesquita e Giovanna Lancelotti, que assimilam com naturalidade as características de seus respectivos personagens e embarcam nesta trama que carece de cuidados, sobretudo no que tange à crítica social oriunda do choque de realidade de Teto.

 

Assista ao trailer oficial:

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