Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘Pantera Negra: Wakanda para Sempre’: homenagem a Chadwick Boseman

“Pantera Negra: Wakanda para Sempre” é dirigido por Ryan Coogler (Foto: Divulgação).

Quando “Pantera Negra” (Black Panther – 2018, EUA) foi lançado em 2018, a The Walt Disney Company, proprietária da Marvel Studios, planejava o futuro do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM) com um super-herói negro, celebrando a cultura e religiosidade africanas. Mas o estúdio foi obrigado a modificar seus planos com a notícia que entristeceu os fãs: a morte de Chadwick Boseman (T’Challa / Pantera Negra), aos 43 anos de idade, em 28 de agosto de 2020.

 

O impacto da morte de Chadwick Boseman foi sentido em todo o UCM, que perdeu um de seus Vingadores, e isso levou a questionamentos sobre a continuidade do personagem na tela grande. Afinal, como a franquia “Pantera Negra” seguiria em frente sem o seu protagonista? A Casa do Mickey manteria T’Challa vivo por meio de imagens digitais ou de uma substituição do ator? E quem poderia levar adiante o legado de Boseman, fazendo jus à sua popularidade junto ao público, especialmente à fatia que nunca havia sido representada da maneira devida num filão dominado por super-heróis brancos? As perguntas foram muitas ao longo dos últimos dois anos, mas as respostas são encontradas em “Pantera Negra: Wakanda para Sempre” (Black Panther: Wakanda Forever – 2022, EUA), a principal estreia desta quinta-feira (10) nas salas de exibição brasileiras.

 

Danai Gurira e Letitia Wright em cena de “Pantera Negra: Wakanda para Sempre” (Foto: Divulgação).

 

Com direção de Ryan Coogler, responsável também pelo longa anterior, “Pantera Negra: Wakanda para Sempre” começa mostrando Wakanda de luto por seu rei e protetor. Sem um novo Pantera Negra e com a Rainha Ramonda (Angela Bassett) no comando, o país enfrenta diversas ameaças internacionais por não querer compartilhar sua principal matéria-prima, o vibranium. E essa busca por um metal tão poderoso acaba despertando a fúria de Namor (Tenoch Huerta), que deseja declarar guerra à superfície, inclusive à Wakanda, obrigando Shuri (Letitia Wright) a sair a campo com Okoye (Danai Gurira) para interromper os planos de uma jovem cientista cujo invento tem grande valor para a CIA.

 

Mantendo o padrão Marvel de qualidade, “Pantera Negra: Wakanda para Sempre” surpreende por conseguir driblar as adversidades que lhe foram impostas pela perda de Boseman, apresentando uma trama humanizada sobre dor e necessidade de superação em prol do bem de todos. É um filme com cenas de ação esmeradas, mas guiado pela emoção, alicerçado num roteiro bem estruturado por Coogler e Joe Robert Cole.

 

Homenagem a Chadwick Boseman em “Pantera Negra: Wakanda para Sempre” (Foto: Divulgação).

 

Contando com Winston Duke (M’Baku) e Martin Freeman (Everett K. Ross) como alívio cômico em determinados momentos, “Pantera Negra: Wakanda para Sempre” tem como destaques principais Danai Gurira e Lupita Nyong’o (Nakia), que dominam cada cena em que aparecem, por vezes, ofuscando Letitia Wright. Ao contrário do filme original, Wright surge em cena não como uma jovem nerd e bem-humorada que servia de suporte para o irmão, sobretudo no que tange ao desenvolvimento tecnológico e científico imprescindíveis para Wakanda, mas como uma mulher que amadurece em meio à dor, precisando lutar contra os seus próprios fantasmas quando confrontada pela realidade sem T’Challa. É uma atuação superior à de “Pantera Negra”, sem dúvida, mas ainda carente da força cênica de suas colegas de elenco, Gurira e Nyong’o, que transitam com naturalidade entre drama e ação.

 

Exemplo de representatividade na tela grande, “Pantera Negra: Wakanda para Sempre” aborda os mesmos temas que o seu antecessor, especialmente dinâmica familiar, religiosidade, ancestralidade e a influência de seus espíritos para potencializar os conflitos internos da pessoa que, agora, veste o uniforme do Pantera Negra, colocando-a num dilema similar ao enfrentado por T’Challa no passado: que tipo de líder quer ser? Mas, acima de tudo, o novo longa é uma bela e respeitosa homenagem ao homem que honrou o uniforme do primeiro super-herói negro da Marvel, servindo de exemplo e inspiração a milhões de crianças em todo o mundo.

 

Ah, um lembrete: não saia da sala de exibição antes dos créditos.

 

Assista ao trailer oficial legendado:

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