Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘Os Banshees de Inisherin’: Colin Farrell lidera elenco em estado de graça

“Os Banshees de Inisherin” é dirigido por Martin McDonagh (Foto: Divulgação).

Exibido na Mostra Panorama do Cinema Mundial no Festival do Rio 2022, “Os Banshees de Inisherin” (The Banshees of Inisherin – 2022, Irlanda / Reino Unido / EUA) chega ao circuito exibidor nesta quinta-feira (02) apresentando ao espectador uma trama sobre a importância da amizade.

 

Ambientado em 1923, “Os Banshees de Inisherin” conta a história de Pádraic Súilleabháin (Colin Farrell), homem que fica desnorteado quando seu melhor amigo, Colm Doherty (Brendan Gleeson), lhe vira as costas da noite para o dia. Inconformado com a indiferença de Colm, Pádraic faz o possível para reatar a amizade que sempre considerou inabalável, apesar das reconhecidas brigas. Sem entender as angústias de Colm, Pádraic acaba envolvendo parte dos habitantes da fictícia ilha de Inisherin, na costa da Irlanda, que assiste passivamente às explosões nos conflitos da Guerra Civil Irlandesa (1922 – 1923) no continente.

 

Conduzido com muita habilidade por Martin McDonagh, que também assina o roteiro, o longa utiliza o desespero do protagonista como fio condutor de uma trama de múltiplas camadas, que passeia entre o sensível e o grotesco com a mesma potência. No decorrer de quase duas horas de duração, “Os Banshees de Inisherin” aborda temas como os efeitos colaterais da solidão de uma mulher dividida entre cuidar do irmão ou seguir os seus próprios sonhos longe de Inisherin; a depressão de Colm, cada vez mais preocupado com sua finitude e legado, cansado das conversas com Pádraic; e violência, em todas as suas formas, praticada pela figura de autoridade local contra seu próprio filho, jovem com deficiência intelectual que, assim como Pádraic, precisa estabelecer laços afetivos.

 

Kerry Condon e Barry Keoghan em cena de “Os Banshees de Inisherin” (Foto: Divulgação).

 

Explorando a paisagem irlandesa com a bela direção de fotografia de Ben Davis, que utiliza a luz natural inclusive nos ambientes internos para melhor recriar uma época em que a luz elétrica não era uma realidade para todos, “Os Banshees de Inisherin” tem como maior trunfo as atuações do elenco, especialmente de Colin Farrell e Barry Keoghan (Dominic Kearney), ambos indicados ao Oscar, assim como Brendan Gleeson e Kerry Condon (Siobhán Súilleabháin), que também brindam a plateia com ótimas interpretações. Em seu terceiro filme juntos, os outros foram “O Sacrifício do Cervo Sagrado” (The Killing of a Sacred Deer – 2017, Irlanda / Reino Unido) e “Batman” (The Batman – 2022, EUA), Farrell e Keoghan constroem um jogo cênico impecável, baseado na troca e respeito. Enquanto Farrell esmiúça a dor de um homem que tem a ingenuidade como uma de suas principais características, por vezes, lembrando uma criança magoada, Keoghan faz de Dominic um jovem carente de amor e à procura de um porto seguro, lidando com as adversidades da vida como pode, tentando sobreviver à violência paterna.

 

Emocionante, “Os Banshees de Inisherin” é uma produção sobre amor e amizade, mostrados como a base mais sólida do indivíduo, especialmente de quem precisa de ajuda para seguir em frente, mesmo quando não quer que ninguém se aproxime. Sem dúvida, um dos mais belos filmes na disputa do Oscar 2023.

 

*Indicado a nove estatuetas do Oscar: melhor filme; direção e roteiro original para Martin McDonagh; ator para Colin Farrell; atriz coadjuvante para Kerry Condon; ator coadjuvante para Brendan Gleeson e Barry Keoghan; edição (montagem) para Mikkel E.G. Nielsen; e trilha sonora original para Carter Burwell.

 

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