Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

Olhar de Cinema 2021: ‘O Protetor do Irmão’

“O Protetor do Irmão” venceu o prêmio da FIPRESCI no Festival de Berlim 2021 (Foto: Divulgação).

Selecionado para a Mostra Competitiva 10a edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, o drama “O Protetor do Irmão” (Okul Tirasi – 2021, Turquia e Romênia) promete uma experiência delicada e incômoda ao espectador sobre a perda da infância em virtude de abusos físicos e emocionais.

 

“O Protetor do Irmão” é dirigido por Ferit Karahan (Foto: Divulgação).

Dirigido por Ferit Karahan, o longa conta a história de Yusuf (Samet Yildiz), garoto curdo que estuda num colégio interno onde abusos travestidos de rigidez disciplinar levam os alunos à exaustão na região da Anatólia (Turquia). Constantemente amedrontados, os estudantes são expostos à violência física que vai do tapa na cara ao banho frio em pleno inverno europeu. Em condições precárias e vitimados, também, pela negligência dos docentes turcos, os garotos precisam lidar com as graves consequências quando um deles é levado para a enfermaria em graves condições.

 

Vencedor do prêmio do júri, concedido pela FIPRESCI, no Festival de Berlim deste ano, “O Protetor do Irmão” é um filme de difícil digestão por expor os maus tratos conferidos a crianças e adolescentes por aqueles que deveriam zelar não apenas pela qualidade de ensino que lhes é oferecida, mas também por sua segurança e bem-estar. Neste contexto, a situação de Memo (Siddik Salaz) serve como fio condutor da trama crítica ao modus operandi dos internatos controlados pelo governo, mostrando o jogo de empurra daqueles que se recusam a reconhecer sua parcela de culpa pelo estado de saúde do menino, agravado pela falta de socorro adequado e imediato.

 

No entanto, o longa funciona devido à atuação de seu protagonista, Samet Yildiz, que exprime a dor do garoto de 11 anos, que vive longe da família e suscetível à violência física e emocional, muitas vezes pelo olhar. É um trabalho de composição de sensível que tem como alicerce a importância da criação de vínculos afetivos sobretudo num ambiente hostil que não lhe permite momentos de alegria inerentes à sua faixa etária.

 

Abordando a perda da infância por diferentes ângulos, “O Protetor do Irmão” é, na verdade, um drama sobre a necessidade de amor, carinho e respeito no processo de formação de crianças e adolescentes que, neste caso, são “educados” pelo medo, captado com precisão pela câmera de Karahan, mantendo a atmosfera de tensão da primeira à última cena, fortalecida pelo interessante trabalho de fotografia de Türksoy Gölebeyi.

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