‘Green Book – O Guia’: o road movie de Viggo Mortensen e Mahershala Ali

“Green Book – O Guia” recebeu cinco indicações ao Oscar 2019, incluindo melhor filme (Foto: Divulgação).

Destaque da atual temporada de premiações, “Green Book – O Guia” (Green Book – 2018) chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, dia 24. Baseado numa história real, o longa tem direção de Peter Farrelly, que conseguiu seu lugar ao sol em Hollywood por meio de comédias de grande apelo popular como “Débi & Lóide: Dois Idiotas em Apuros” (Dumb and Dumber – 1994) e “Quem Vai Ficar com Mary?” (There’s Something About Mary – 1998).

Ambientado em 1962, “Green Book – O Guia” começa na boate Copacabana, em Nova York, apresentando Tony “Lip” Vallelonga (Viggo Mortensen), homem de origem italiana que trabalha como segurança do local. Racista ao extremo, Lip aceita trabalhar como motorista de um pianista negro, Dr. Don Shirley (Mahershala Ali), durante sua turnê pelo sul dos Estados Unidos, no período em que a boate está fechada para reformas. A viagem acaba por expor as fragilidades de ambos, mostrando-lhes uma nova realidade numa região que tem o preconceito racial como um dos principais problemas.

Produzido pela DreamWorks Pictures, o longa trabalha com sutileza a inversão de papéis nos anos 1960, colocando o homem branco para trabalhar para o negro bem sucedido, assim como as consequências disto em locais onde a segregação racial ultrapassava as páginas dos livros de História. No entanto, tudo é contado de forma mais amena, num tom próximo ao de “Histórias Cruzadas” (The Help – 2011), filme do mesmo estúdio que rendeu o Oscar de melhor atriz coadjuvante à Octavia Spencer, produtora executiva de “Green Book – O Guia”. O tom mais leve é usado até mesmo nas sequências de violência, física e moral, suprimindo as agressões na tela, bem como os conflitos internos dos personagens.

Road-movie escrito por Farrelly, Brian Hayes Currie e Nick Vallelonga, filho de Tony Lip, “Green Book – O Guia” também encontra brecha para abordar rapidamente o preconceito contra descendentes de italianos nos Estados Unidos num diálogo afiado entre os personagens de Mahershala Ali e Viggo Mortensen. E vem dos atores a força motriz deste longa, pois os dois brindam a plateia com atuações arrebatadoras que se completam em cena.

Enquanto Mortensen explora o lado brutamonte de Tony, que mais tarde se tornaria ator, atuando inclusive no clássico “Os Bons Companheiros” (Goodfellas – 1990) e no seriado “A Família Soprano” (The Sopranos – 1999 – 2007); Ali constrói seu personagem de maneira contida e elegante, deixando nítido ao espectador seus rígidos valores e a dor de não ser aceito pelos brancos nem pelos negros. Ou seja, é um homem numa busca constante para conquistar seu porto seguro num mundo racista e homofóbico.

Abordando a turnê de Shirley como uma jornada de cunho pessoal guiada pelo Green Book, livro que indicava os locais que poderiam ser frequentados por negros no sul do país, o filme fala sobre a transformação do indivíduo diante de uma realidade até então desconhecida. Para isto, transmite a mensagem de que é necessário ter coragem para vencer a barreira do preconceito, seja ele qual for.

* “Green Book – O Guia” recebeu cinco indicações ao Oscar 2019: melhor filme, ator para Viggo Mortensen, ator coadjuvante para Mahershala Ali, roteiro original para Nick Vallelonga, Brian Hayes Currie e Peter Farrelly; e edição para Patrick J. Don Vito.

Leia também:

– Oscar 2019: ‘A Favorita’ e ‘Roma’ lideram a corrida pela estatueta

– PGA Awards 2019: ‘Green Book – O Guia’ é o vencedor

Assista ao trailer oficial legendado: