Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar’ estreia nesta quinta

“Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar” é dirigido e roteirizado por Marcelo Gomes (Foto: Divulgação).

Exibido na Mostra Panorama do Festival de Berlim deste ano, onde recebeu Menção Honrosa do Júri, o documentário “Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar” (2019) entra em cartaz nesta quinta-feira, dia 11, nos cinemas brasileiros.

 

Documentário foi exibido no Festival de Berlim deste ano (Foto: Divulgação).

Com direção e roteiro de Marcelo Gomes, de “Cinema, Aspirinas e Urubus” (2004) e “Joaquim” (2017), o longa mostra a transformação de Toritama, cidade de cerca de 40 mil habitantes no agreste de Pernambuco, advinda da produção de jeans, considerado o Ouro Azul. A cada ano, cerca de 20 milhões de peças são produzidas no local, muitas delas em fábricas de fundo de quintal chamadas de “facções”. Com uma jornada de trabalho exaustiva, os moradores procuram ter seu próprio negócio para que possam lucrar mais, mesmo que perdendo seus direitos trabalhistas. E em meio ao jeans, eles sonham com a chegada do Carnaval, época do ano em que deixam as máquinas de lado para se entregarem à Folia de Momo no litoral. Para isso, alguns chegam a vender pertences para curtir as merecidas férias, inclusive geladeira e  máquina de costura.

 

“Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar” utiliza como fio condutor a melancolia de seu realizador, que conheceu uma Toritama completamente diferente em sua infância e juventude. Isto se torna um ponto positivo para este documentário, pois ajudou Gomes durante as entrevistas com os moradores para mostrar os efeitos do capitalismo numa cidade outrora pacata que, agora, tem “trabalho” como nome e “hora extra” como sobrenome. Afinal, tempo é dinheiro para quem ganha por produção.

 

Em pouco mais de 1h20 de duração, o longa narrado por Gomes esmiúça as diferentes personalidades de seus personagens por meio de depoimentos que falam sobre a luta do brasileiro para assegurar o pão de cada dia, oriundo do trabalho honesto. Focando no fator humano, Marcelo Gomes acaba por trilhar o caminho da poesia ao priorizar a felicidade de trabalhadores autônomos e sua gratidão por terem construído algo apesar das adversidades impostas por um país de pouquíssimas oportunidades.

 

“Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar” equilibra com muita eficiência a melancolia de Gomes e a alegria dos moradores da cidade cujo nome em tupi-guarani significa “Terra da Felicidade”. E tudo isso em meio ao barulho das máquinas que trabalham ininterruptamente para garantir a produção e, consequentemente, o título de Capital do Jeans.

 

Assista ao trailer oficial:

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