Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

Especial Oscar 2023: categoria de melhor ator

O Oscar é concedido pela da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Foto: Divulgação – Crédito: Richard Harbaugh / ©A.M.P.A.S.®).

Jimmy Kimmel será o mestre de cerimônias do Oscar 2023 (Foto: Divulgação / Crédito: ©A.M.P.A.S.®).

Quando a temporada de premiações começou, muito se falava sobre o retorno de Brendan Fraser ao panteão hollywoodiano, que pode ser comparado ao de Michael Keaton há alguns anos. Profissional de sucesso nos anos 1990, Fraser viu sua carreira entrar em declínio, mas, mesmo assim, nunca deixou de persistir. E as críticas positivas a ele e ao filme, “A Baleia” (The Whale – 2022, EUA), se intensificaram após o Festival de Veneza, um dos mais importantes do mundo, colocando o ator como um dos nomes mais fortes na corrida pelo Oscar.

 

Os cinco indicados ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) são: Austin Butler por “Elvis” (Elvis – 2022, EUA / Austrália), Colin Farrell por “Os Banshees de Inisherin” (The Banshees of Inisherin – 2022, Irlanda / Reino Unido / EUA), Brendan Fraser por “A Baleia”, Paul Mescal por “Aftersun” (Aftersun – 2022, Reino Unido / EUA) e Bill Nighy por “Living” (Living – 2022, Reino Unido / Japão / Suécia).

 

Sob a direção de Darren Aronofsky, Brendan Fraser compôs um personagem complexo que precisa lidar tanto com suas limitações físicas decorrentes da obesidade quanto com as consequências emocionais e o medo da finitude, enquanto tenta se reconciliar com a filha distante. É uma atuação comovente que exigiu muito do ator, que já recebeu 24 prêmios individuais por esse filme, dentre eles, dois termômetros do Oscar nessa categoria: o Globo de Ouro de melhor ator em filme de drama e o Actor, no SAG Awards.

 

Brendan Fraser em cena de “A Baleia” (Foto: Divulgação).

 

Concedido pelo Sindicato dos Atores (Screen Actors Guild – SAG), o Actor, como é chamada a estatueta do SAG Awards, é um termômetro importante, pois parte dos membros do SAG também integra a Academia e tem direito a voto, exercendo influência direta no resultado do Oscar, ao contrário do Globo de Ouro. Entregue pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (Hollywood Foreign Press Association – HFPA), o Globo de Ouro sempre foi chamado de segunda maior festa da comunidade hollywoodiana, mas seu peso fica restrito à campanha rumo ao palco do Dolby Theatre, pois os jornalistas não são membros da AMPAS.

 

Brendan Fraser tem como principal adversário, Colin Farrell por “Os Banshees de Inisherin”. Sob a direção de Martin McDonagh, Farrell construiu seu personagem de maneira muito peculiar, esmiuçando sua dor, mas mantendo a ingenuidade como uma das principais características de sua personalidade, por vezes, lembrando uma criança magoada. É um trabalho impecável que lhe rendeu 39 prêmios individuais até a presente data, entre eles, o Globo de Ouro de melhor ator em filme de comédia / musical.

 

Colin Farrell em cena de “Os Banshees de Inisherin” (Foto: Divulgação).

 

Colega de elenco de Colin Farrell em “O Vingador do Futuro” (Total Recall – 2012, EUA / Canadá), Bill Nighy não pôde ter sua atuação em “Living” comentada nesse especial porque o filme ainda não estreou oficialmente no Brasil. Dirigido por Oliver Hermanus, o longa rendeu, até o momento, três prêmios individuais ao ator.

 

Assumindo a responsabilidade de interpretar um ícone cultural, Elvis Presley, Austin Butler fez um imenso trabalho de preparação vocal, bem como estudou os trejeitos do Rei do Rock, para “Elvis”, de Baz Luhrmann. Butler consegue assimilar com perspicácia algumas características de Elvis, mas seu trabalho, por vezes, é um tanto caricatural, mesmo sem perder a intensidade. Ao todo, o ator já recebeu 23 prêmios individuais por essa cinebiografia, entre eles, o Globo de Ouro de melhor ator em filme de drama.

 

Com três prêmios individuais até a presente data, Paul Mescal construiu seu personagem, um jovem que viaja para a Turquia com sua filha de 11 anos, com muita sutileza, sem expor, de fato, as questões que lhe angustiam. É uma composição muito interessante, repleta de detalhes, calcada num impecável jogo cênico com Frankie Corio.

 

Considerando os resultados do Globo de Ouro de melhor ator em filme de drama e, principalmente, do SAG Awards, pode-se dizer que Brendan Fraser está em posição confortável na disputa pela estatueta dourada, tendo como principal oponente Colin Farrell, que tem Austin Butler em seu encalço. Neste contexto, Paul Mescal e Bill Nighy são as “zebras” da categoria.

 

Apresentada por Jimmy Kimmel, a 95a cerimônia de entrega do Oscar será realizada no próximo domingo, dia 12, no Ovation Hollywood, do Dolby Theatre, em Los Angeles. No Brasil, a maior festa do cinema mundial será transmitida ao vivo pelo canal por assinatura TNT e pela plataforma HBO Max.

 

Confira um pequeno perfil dos indicados:

Austin Butler:

Austin Butler em “Elvis” (Foto: Divulgação).

Nascido em 17 de agosto de 1991, em Anaheim, no estado americano da Califórnia, Austin Robert Butler começou a atuar ainda na adolescência, depois de se matricular em aulas de teatro por influência de um caça-talentos. A estreia aconteceu em 2005, quando passou no teste de elenco da série de televisão “Manual de Sobrevivência Escolar do Ned” (Ned’s Declassified School Survival Guide – 2004 – 2007, EUA / Alemanha).

 

Trabalhou em diversas séries dedicadas ao público infanto-juvenil, entre elas, “Hannah Montana” (Hannah Montana – 2006 – 2011, EUA) e “Zoey 101” (Zoey 101 – 2005 – 2008, EUA), até estrear no cinema com “Pequenos Invasores” (Aliens in the Attic – 2009, EUA / Canadá). Mas o primeiro trabalho para a tela grande não o afastou da telinha.

 

Nos anos seguintes, Austin Butler conciliou televisão e cinema, assumindo papeis em filmes como “Roubos Hollywoodianos” (The Bling Ring – 2011, EUA), “A Casa do Medo” (The Intruders – 2015, Canadá) e “Era Uma Vez Em… Hollywood” (Once Upon a Time in Hollywood – 2019, EUA / Reino Unido / China), além da produção original Netflix “Dude: A Vida é Assim” (Dude – 2018, EUA).

 

Esta é a sua primeira indicação ao Oscar.

 

* Entre os 23 prêmios individuais recebidos por sua performance em “Elvis”, estão: o já citado Globo de Ouro de melhor ator em filme de drama; o BAFTA Film Award, do BAFTA Awards; o Pauline Kael Breakout Award, do Florida Film Critics Circle Awards; o HCA Award, da Hollywood Critics Association Midseason Awards; o MNFCA Award, da Minnesota Film Critics Alliance Awards; o Breakthrough Performance Award, do Palm Springs International Film Festival; e o Virtuoso Award, do Santa Barbara International Film Festival.

 

Colin Farrell:

Nascido em 31 de maio de 1976, em Dublin, Irlanda, Colin James Farrell quase se tornou membro da boyband Boyzone, mas não foi aprovado no processo de audição, o que o levou a priorizar a atuação, estreando no cinema numa participação não-creditada em “Feitiço das Estrelas” (Frankie Starlight – 1995, Irlanda / Reino Unido / França / EUA).

 

Dois anos mais tarde, conseguiu um papel pequeno em “Drinking Crude” (Drinking Crude – 1997, Irlanda / Reino Unido), seguido por “Zona de Conflito” (The War Zone – 1999, Itália / Reino Unido), que o colocou no radar e chamou a atenção da indústria hollywoodiana, possibilitando contratos para longas-metragens como “Tigerland – A Caminho da Guerra” (Tigerland – 2000, Alemanha / EUA) e “Minority Report: A Nova Lei” (Minority Report – 2002, EUA).

 

Com a carreira consolidada, Colin Farrell ganhou ainda mais notoriedade com produções como “Na Mira do Chefe” (In Bruges – 2008, Reino Unido / EUA), “O Lagosta” (The Lobster – 2009, Irlanda / Reino Unido / Grécia / França / Países Baixos / EUA), “O Sacrifício do Cervo Sagrado” (The Killing of a Sacred Deer – 2017, Irlanda / Reino Unido), “Dumbo” (Dumbo – 2019, Reino Unido / Canadá / Austrália / EUA) e “Batman” (The Batman – 2022, EUA), tornando-se um dos principais nomes de sua geração e país.

 

Esta é a sua primeira indicação ao Oscar.

 

* Entre os 39 prêmios individuais recebidos por sua performance em “Os Banshees de Inisherin”, estão: o já citado Globo de Ouro de melhor ator em filme de comédia / musical; o EDA Award, da Alliance of Women Film Journalists; o BOFCA Award, da Boston Online Film Critics Association; o Windie, do Chicago Indie Critics Awards (CIC); o DFCC, do Dublin Film Critics Circle Awards; o GWNYFCA Award, da Greater Western New York Film Critics Association Awards; o KCFCC Award, do Kansas City Film Critics Circle Awards; o ALFS Award, do London Critics Circle Film Awards; o NBR Award, da National Board of Review, USA; e o Volpi Cup, no Festival de Veneza.

 

Brendan Fraser:

Brendan Fraser em “A Baleia” (Foto: Divulgação).

Nascido em 03 de dezembro de 1968, em Indianapolis, no estado americano de Indiana, Brendan James Fraser começou a se interessar por atuação ainda na infância, pois nutria grande apreço por teatro e cinema. Mas a estreia como ator aconteceu somente aos 23 anos de idade, quando fez pequenas participações no telefilme “Filho do Bem, Filho do Mal” (Child of Darkness, Child of Light – 1991, EUA) e no longa “Apostando no Amor” (Dogfight – 1991, EUA), estrelado por River Phoenix.

 

Em 1992, Brendan Fraser foi alçado ao estrelato com “O Homem da Califórnia” (Encino Man – 1992, EUA) e “Código de Honra” (School Ties – 1992, EUA), drama que expõe o antissemitismo numa escola tradicional e de elite, contracenando com Chris O’Donnell, Matt Damon e Ben Affleck. Nos anos seguintes, o ator fortaleceu seu nome como um dos queridinhos da indústria por meio de filmes como “Os Cabeça-de-Vento” (Airheads – 1994, EUA), “George, o Rei da Floresta” (George of the Jungle – 1997, EUA), “Deuses e Monstros” (Gods and Monsters – 1998, EUA / Reino Unido), “A Múmia” (The Mummy – 1999, EUA) e “Crash: No Limite” (Crash – 2004, EUA / Alemanha / Austrália).

 

Apesar de sua versatilidade em cena, Brendan Fraser viu sua fama desaparecer gradualmente, assim como seu nome na lista de prioridades de muitos cineastas. Com isso, nos últimos anos, trabalhou em produções que não obtiveram o mesmo reconhecimento de público nem crítica. “The Whale” representa sua volta ao panteão hollywoodiano, uma trajetória que remete à de Michael Keaton, que voltou aos holofotes quando protagonizou “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)” (Birdman or The Unexpected Virtue of Ignorance – 2014, EUA).

 

Esta é a sua primeira indicação ao Oscar.

 

* Entre os 24 prêmios individuais recebidos por sua performance em “A Baleia”, estão: o já citado SAG Awards; o Movies for Grownups Award, da AARP Movies for Grownups Awards; o BFCC Award, do Black Film Critics Circle Awards; o Capri Actor Award, do Capri, Hollywood; o Critics Choice Award, do Critics Choice Awards; o HCA Award, da Hollywood Critics Association; o Sierra Award, da Las Vegas Film Critics Society Awards; o Spotlight Award, do Palm Springs International Film Festival; o PFCC Award, do Philadelphia Film Critics Circle Awards; e o SLFCA Award, da St. Louis Film Critics Association, US.

 

Paul Mescal:

Paul Mescal em “Aftersun” (Foto: Divulgação).

Nascido em 02 de fevereiro de 1996, em County Kildare, Irlanda, Paul Mescal começou a carreira no teatro, interpretando Jay Gatsby na montagem irlandesa de “The Great Gatsby” em 2017. Nos anos seguintes, participou de outras peças até decidir se aventurar pelo cinema e televisão, estreando em ambos em 2020, com o curta “Drifting” (Drifting – 2020, Irlanda) e a minissérie “Normal People” (Normal People – 2020, Irlanda / Reino Unido / EUA), que lhe rendeu reconhecimento internacional.

 

Bastante premiada, “Normal People” abriu portas para Paul Mescal, que realizou trabalhos na TV e, também, no videoclipe de “Scarlet” (Scarlet – 2020, Reino Unido), dos Rolling Stones, até garantir contrato para seu primeiro longa-metragem, “A Filha Perdida” (The Lost Daughter – 2021, EUA / Reino Unido / Israel / Grécia), da Netflix.

 

No ano seguinte, Paul Mescal assumiu o compromisso de trabalhar em outro longa-metragem, “God’s Creatures” (God’s Creatures – 2022, Irlanda / Reino Unido / EUA), mas foi “Aftersun” que o colocou, de fato, no radar da indústria cinematográfica.

 

Esta é a sua primeira indicação ao Oscar.

 

* Os três prêmios individuais recebidos por sua performance em “Aftersun” são: o Best Actor/Actress Award, do Festival du nouveau cinema; o ICS Award, da International Cinephile Society Awards; e o TFCA Award, da Toronto Film Critics Association Awards.

 

Bill Nighy:

Bill Nighy em “Living” (Foto: Divulgação).

Nascido em 12 de dezembro de 1949, em Surrey, Inglaterra, William Francis Nighy manifestou interesse por literatura desde cedo e chegou a nutrir o sonho de se tornar jornalista, mas os caminhos trilhados o levaram ao mundo das artes.

 

Bill Nighy começou a carreira conciliando trabalhos no teatro, televisão e cinema, sendo “The Bitch” (The Bitch – 1979, Reino Unido) seu primeiro longa-metragem, mas numa participação não-creditada. Nos anos seguintes, cresceu gradualmente na carreira, atuando em filmes como “O Buraco da Agulha” (Eye of the Needle – 1981, Reino Unido), “A Garota do Tambor” (The Little Drummer Girl – 1984, Reino Unido), “True Blue” (True Blue – 1996, Reino Unido), “Coração Sem Lei” (Lawless Heart – 2001, Reino Unido / França).

 

Em 2003, Nighy ganhou destaque em “Simplesmente Amor” (Love Actually – 2003, Reino Unido / França / EUA), primeiro filme da carreira internacional de Rodrigo Santoro. Entre seus outros trabalhos no cinema estão: “O Jardineiro Fiel” (The Constant Gardener – 2005, Reino Unido / Alemanha / Quênia / França / EUA / Suíça), “Matador em Perigo” (Wild Target – 2010, Reino Unido / França) e “O Exótico Hotel Marigold” (The Best Exotic Marigold Hotel – 2011, Reino Unido), que rendeu uma sequência, “O Exótico Hotel Marigold 2” (The Second Best Exotic Marigold Hotel – 2011, Reino Unido / EUA / Índia). Passeando com naturalidade por diversos filões, o ator também integra duas franquias de enorme apelo junto ao público, “Piratas do Caribe” (Pirates of the Caribbean – desde 2003, EUA) e “Harry Potter” (Harry Potter – desde 2001, Reino Unido / EUA).

 

Esta é a sua primeira indicação ao Oscar.

 

* Os três prêmios individuais recebidos por sua performance em “Living”, estão: o ALFS Award de ator britânico / irlandês do ano; o LAFCA Award, da Los Angeles Film Critics Association Awards, empatado com Cate Blanchett por “Tár” (Tár – 2022, EUA); e o International Star Award, do Palm Springs International Film Festival.

 

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