Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

Especial Oscar 2023: categoria de melhor ator coadjuvante

O Oscar é concedido pela da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Foto: Divulgação – Crédito: Richard Harbaugh / ©A.M.P.A.S.®).

Jimmy Kimmel será o mestre de cerimônias do Oscar 2023 (Foto: Divulgação / Crédito: ©A.M.P.A.S.®).

Não há como negar que, muito antes do anúncio dos indicados, a categoria de melhor ator coadjuvante tinha um franco favorito: Ke Huy Quan por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” (Everything Everywhere All at Once – 2022, EUA), dirigido por Dan Kwan e Daniel Scheinert. E sua campanha rumo à conquista do Oscar não enfraqueceu no decorrer da temporada.

 

Os cinco indicados ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) são: Brendan Gleeson por “Os Banshees de Inisherin” (The Banshees of Inisherin – 2022, Irlanda / Reino Unido / EUA), Brian Tyree Henry por “Passagem” (Causeway – 2022, EUA), Judd Hirsch por “Os Fabelmans” (The Fabelmans – 2022, EUA), Barry Keoghan por “Os Banshees de Inisherin” e Ke Huy Quan por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”.

 

Vencedor de dois dos principais termômetros da categoria, o Globo de Ouro e o SAG Awards, Ke Huy Quan compôs seu personagem com desenvoltura e versatilidade, brilhando tanto quanto a protagonista Michelle Yeoh, com quem desenvolveu um jogo cênico impecável, inclusive nas cenas de ação. É uma atuação esmerada, sem dúvida, que já lhe rendeu 59 prêmios individuais.

 

Ke Huy Quan em cena de “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” (Foto: Divulgação).

 

As vitórias de Ke Huy Quan nos dois indicativos do prêmio da Academia são de extrema importância, principalmente no SAG Awards, cujo prêmio é chamado de Actor. Realizado pelo Sindicado dos Atores dos Estados Unidos (Screen Actors Guild – SAG), o SAG é o maior termômetro das categorias de atores, principais e coadjuvantes, do Oscar, pois parte dos membros do Sindicato também integra a AMPAS e tem direito a voto. Ao contrário do Globo de Ouro, concedido pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (Hollywood Foreign Press Association – HFPA), composta por jornalistas que, obviamente, não são membros da Academia. E, por esta razão, o prêmio da HFPA impulsiona a campanha rumo ao palco do Dolby Theatre, não a votação propriamente dita.

 

Sob a direção de Martin McDonagh em “Os Banshees de Inisherin”, Brendan Gleeson chega à disputa um tanto enfraquecido em comparação ao início da temporada, mas, mesmo assim, não pode ser subestimado, pois brindou o público com uma atuação impecável, explorando todas as angústias e dores de um homem visivelmente depressivo, cada vez mais preocupado com sua finitude e legado. Até o momento, o filme lhe rendeu seis prêmios individuais.

 

Brendan Gleeson em cena de “Os Banshees de Inisherin” (Foto: Divulgação).

 

Gleeson tem entre seus oponentes na corrida pela estatueta dourada um colega de elenco, Barry Keoghan, de se destacou em “Os Banshees de Inisherin” como um jovem com deficiência intelectual, carente de amor e à procura de um porto seguro, lidando com as adversidades da vida como pode, tentando sobreviver à violência paterna. Ao todo, Keoghan recebeu três prêmios individuais por esse longa.

 

Colega de elenco de Barry Keoghan em “Eternos” (Eternals – 2022, EUA), Brian Tyree Henry é o grande destaque de “Passagem” (Causeway – 2022, EUA), de Lila Neugebauer. O ator constrói seu personagem com muita humanidade e delicadeza, expondo traumas e angústias gradualmente, mas sempre se colocando como uma fortaleza para a protagonista. É uma atuação comovente que lhe rendeu três prêmios individuais até o momento.

 

Se Brian Tyree Henry tenta ser a calmaria em meio ao caos, Judd Hirsch é o furacão num cenário próximo ao caos em “Os Fabelmans” (The Fabelmans – 2022, EUA), de Steven Spielberg. Interpretando o tio-avô do protagonista, Hirsch compõe seu personagem de maneira a explorar o lado nada convencional de sua personalidade, tornando-o o responsável pela necessária sacudida em Sam. É um trabalho esmerado pelo qual conquistou somente um prêmio individual até agora.

 

Considerando o Globo de Ouro e o SAG Awards, pode-se dizer que Ke Huy Quan é quem tem mais chances de vencer a estatueta dourada, seguido por Brendan Gleeson, que tem Barry Keoghan e Brian Tyler Henry em seu encalço. No cenário atual, Judd Hirsch é quem tem chances menores na disputa.

 

Apresentada por Jimmy Kimmel, a 95a cerimônia de entrega do Oscar será realizada no próximo domingo, dia 12, no Ovation Hollywood, do Dolby Theatre, em Los Angeles. No Brasil, a maior festa do cinema mundial será transmitida ao vivo pelo canal por assinatura TNT e pela plataforma HBO Max.

 

Confira um pequeno perfil dos indicados:

Brendan Gleeson:

Brendan Gleeson em “Os Banshees de Inisherin” (Foto: Divulgação).

Nascido em 29 de março de 1955, em Dublin, Irlanda, Brendan Gleeson lecionou durante 10 anos na Belcamp College, conciliando as funções de professor e ator, participando de diversas montagens teatrais, até se dedicar integralmente à segunda. Em 1989, chegou à telinha num papel menor no telefilme “Dear Sarah” (Dear Sarah – 1989, Irlanda), que ajudou a pavimentar o caminho para sua estreia no cinema, no drama “Terra da Discórdia” (The Field – 1990, Irlanda).

 

Conciliando televisão e cinema, Gleeson assumiu papeis menores em longas como “Um Sonho Distante” (Far and Away – 1992, EUA) e “No Limite da Inocência” (Into the West – 1992, Irlanda / Reino Unido), ganhando destaque como o melhor amigo de William Wallace em “Coração Valente” (Braveheart – 1995, EUA), que lhe abriu de vez as portas de Hollywood.

 

Nos anos seguintes, o ator trabalhou em produções como “Missão: Impossível 2” (Mission: Impossible II – 2000, EUA / Alemanha), “A.I.: Inteligência Artificial” (A.I. Artificial Intelligence – 2001, EUA / Reino Unido), “Cold Mountain” (Cold Mountain – 2003, EUA / Itália / Romênia / Reino Unido), “No Limite do Amanhã” (Edge of Tomorrow – 2014, EUA / Canadá) e “As Sufragistas” (Suffragette – 2015, Reino Unido / França). Além disso, atuou em dois títulos da franquia “Harry Potter”, “Harry Potter e a Ordem da Fênix” (Harry Potter and the Order of the Phoenix – 2007, Reino Unido / EUA) e “Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1” (Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 1 – 2010, Reino Unido / EUA) – este último conta com um de seus filhos, Domhnall Gleeson, no elenco.

 

Esta é a sua primeira indicação ao Oscar.

 

* Os seis prêmios individuais recebidos por sua performance em “Os Banshees de Inisherin” são: o AACTA International Award, do AACTA International Awards; o COFCA Award, da Columbus Film Critics Association; o NBR Award, da National Board of Review, USA; o NYFCO Award, do New York Film Critics, Online; o SDFCS Award, da San Diego Film Critics Society Awards; e o VFCC Award, do Vancouver Film Critics Circle.

 

Brian Tyree Henry:

Brian Tyree Henry em “Passagem” (Foto: Divulgação).

Nascido em 31 de março de 1982 em Fayetteville, no estado americano da Carolina do Norte, Brian Tyree Henry se formou em Administração pela Morehouse College no início dos anos 2000. Mestre pela Yale School of Drama, Henry é respeitado tanto na tela grande quanto na telinha e nos palcos da Broadway, onde encenou, por exemplo, “The Book of Mormon” (The Book of Mormon – 2011, EUA) e “Lobby Hero” (Lobby Hero – 2017, EUA), que lhe rendeu uma indicação ao Tony Awards.

 

Em 2009, Brian Tyree Henry deu seus primeiros passos na televisão, assumindo papeis pequenos num episódio de “Lei & Ordem” (Law & Order – desde 1990, EUA) e no telefilme “Last of the Ninth” (Last of the Ninth – 2009, EUA). Nos anos seguintes, conciliou TV e teatro, estreando no cinema somente em 2015, numa participação na comédia “Puerto Ricans in Paris” (Puerto Ricans in Paris – 2015, EUA).

 

Com o caminho pavimentado, Henry conseguiu papeis em filmes de maior apelo junto ao público e/ou à crítica, tais como “White Boy Rick” (White Boy Rick – 2018, EUA), “Se a Rua Beale Falasse” (If Beale Street Could Talk – 2018, EUA), “Coringa” (Joker – 2019, EUA / Canadá) e “Eternos” (Eternals – 2021, EUA). Além disso, o ator também emprestou sua voz ao personagem Jefferson Davis no aclamado “Homem-Aranha: No Aranhaverso” (Spider-Man: Into the Spider-Verse – 2018, EUA).

 

Esta é a sua primeira indicação ao Oscar.

 

* Os três prêmios individuais recebidos por sua performance em “Passagem” são: o AAFCA Award, da African-American Film Critics Association (AAFCA); o Black Reel, do Black Reel Awards; e o Tar Heel Award, da North Carolina Film Critics Association, também por “Trem-Bala” (Bullet Train – 2022, Japão / EUA) e “Atlanta” (Atlanta – 2016 – 2022, EUA).

 

Judd Hirsch:

Judd Hirsch em “Os Fabelmans” (Foto: Divulgação).

Nascido em 15 de março de 1935, em Nova York, no estado americano de Nova York, Judd Seymore Hirsch serviu ao Exército Americano após concluir o Ensino Médio. Quando deixou o exército, trabalhou na Westinghouse Electric Corporation, mas sua veia artística começava a demonstrar sua força. E, paralelamente ao novo emprego, Hirsch iniciou sua carreira como ator.

 

A estreia no cinema aconteceu numa participação não-creditada em “Jump” (Jump – 1971, EUA), conciliando, desde então, trabalhos na telinha e na telona, tendo como primeiro destaque Groffo, no drama “Rei dos Ciganos” (King of the Gypsies – 1978, EUA). Na verdade, Judd Hirsch é mais conhecido pelo grande público por seus personagens na televisão por meio de séries como “Taxi” (Taxi – 1978 – 1983, Reino Unido), “Dear John” (Dear John – 1988 – 1992, EUA), “Numb3rs” (Numb3rs – 2005 – 2010, EUA) e “Damages” (Damages – 2007 – 2012, EUA).

 

Entre os longas-metragens que compõem sua filmografia, estão: “Gente como a Gente” (Ordinary People – 1980, EUA), “Sequestro sem Pista” (Without a Trace – 1983, EUA), “The Goodbye People” (The Goodbye People – 1984, EUA), “Independence Day” (Independence Day – 1996, EUA), “Uma Mente Brilhante” (A Beautiful Mind – 2001, EUA) e as produções originais Netflix “Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe” (The Meyerowitz Stories – 2017, EUA) e “Joias Brutas” (Uncut Gems – 2019, EUA).

 

Esta é a sua segunda indicação ao Oscar. A primeira foi por “Gente como a Gente”, também na categoria de melhor ator coadjuvante.

 

* O único prêmio individual recebido por sua performance em “Os Fabelmans” é: o Movies for Grownups Award, da AARP Movies for Grownups Awards.

 

Barry Keoghan:

Barry Keoghan em “Os Banshees de Inisherin” (Foto: Divulgação).

Nascido em 18 de outubro de 1992, em Dublin, Irlanda, Barry Keoghan teve uma infância complicada, que o levou a 13 lares adotivos após a morte da mãe, vitimada pela heroína. Aos 13 anos de idade, Keoghan foi morar com a avó e, logo depois, começou a se interessar pela carreira artística.

 

Em 2010, Barry Keoghan fez uma pequena participação num episódio de “Jack Taylor” (Jack Taylor – 2010, EUA), mas começou a trilhar seu caminho, de fato, depois de ver um anúncio para testes da série “Fair City” (Fair City – desde 1989, Irlanda), sendo contratado para três episódios. No mesmo ano, o ator estreou no cinema, no drama policial “Between the Canals” (Between the Canals – 2011, Irlanda) e, nos anos seguintes, atuou em curtas, longas e séries televisivas.

 

A consagração como ator chegou somente em 2017, quando Keoghan atuou em três longas-metragens que o colocaram definitivamente sob os holofotes: “Light Thereafter” (Light Thereafter – 2017, Bulgária / Bélgica), “O Sacrifício do Cervo Sagrado” (The Killing of a Sacred Deer – 2017, Irlanda / Reino Unido) e “Dunkirk” (Dunkirk – 2017, Reino Unido / Países Baixos / França / EUA). Entre seus filmes mais recentes, estão “Eternos” e “Batman” (The Batman – 2022, EUA).

 

Esta é a sua primeira indicação ao Oscar.

 

* Os três prêmios individuais recebidos por sua performance em “Os Banshees de Inisherin” são: o BAFTA Film Award, do BAFTA Awards; o ALFS Award, do London Critics Circle Film Awards; e o NMFC Award, do New Mexico Film Critics.

 

Ke Huy Quan:

Ke Huy Quan em “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” (Foto: Divulgação).

Nascido em 20 de agosto de 1971, em Saigon, Vietnã, Ke Huy Quan conheceu o estrelato ainda na infância, sendo considerado um dos nomes mais proeminentes de sua geração após a estreia em “Indiana Jones e o Templo da Perdição” (Indiana Jones and the Temple of Doom – 1984, EUA), que lhe possibilitou papel de maior destaque em “Os Goonies” (The Goonies – 1985, EUA).

 

Graduado em Cinema e Televisão pela University of Southern California, Quan participou de longas-metragens como “Kickboxer: Dragão de Fogo” (Breathing Fire – 1991, EUA), “O Homem da Califórnia” (Encino Man – 1992, EUA) e “Em busca de ‘Ohana” (Finding ‘Ohana – 2021, EUA), produção original Netflix.

 

No entanto, as prioridades de Ke Huy Quan mudaram no decorrer dos anos, e o ator optou por trabalhar nos bastidores, utilizando seus conhecimentos em artes marciais. Assim, marcou presença no treinamento de atores e dublês, inclusive assumindo a função de assistente na coreografia de lutas de “X-Men: O Filme” (X-Men – 2000, EUA).

 

Esta é a sua primeira indicação ao Oscar.

 

* Entre os 59 prêmios individuais recebidos por sua performance em “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, estão: os já citados Globo de Ouro e SAG Awards; o Saturn Award, da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films, USA; o BSFC Award, da Boston Society of Film Critics Awards; o Critics Choice Award, do Critics Choice Awards; o GAFCA Award, da Georgia Film Critics Association (GAFCA); o Gotham Independent Film Award, do Gotham Awards; o HCA Award, da Hollywood Critics Association; o Sierra Award, da Las Vegas Film Critics Society Awards; o NSFC Award, da National Society of Film Critics Awards, USA; e o WAFCA Award, da Washington DC Area Film Critics Association Awards.

 

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