Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

Especial Oscar 2021: categoria de melhor atriz

A 93a edição da cerimônia de entrega do Oscar será realizada no dia 25 de abril de 2021 (Foto: Divulgação – Crédito: Richard Harbaugh / ©A.M.P.A.S.).

O Oscar 2021 é o mais diverso e inclusivo da História (Foto: Divulgação – Crédito: Krislam Chin / ©A.M.P.A.S.).

Dentre as categorias principais, a de melhor atriz é a que tem a disputa mais embolada e, portanto, difícil de fazer qualquer predição. Contudo, o nome de Viola Davis desponta como o mais forte da corrida pela estatueta dourada devido ao Actor, do SAG Awards, concedido à atriz pelo Sindicato dos Atores (Screen Actors Guild – SAG) por seu desempenho em “A Voz Suprema do Blues” (Ma Rainey’s Black Bottom – 2020), de George C. Wolfe. Isto se deve ao fato de o SAG Awards ser um grande termômetro das categorias destinadas a atores, principais e coadjuvantes.

 

As indicadas ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) são: Andra Day por “The United States vs. Billie Holiday” (Idem – 2021), Frances McDormand por “Nomadland” (Idem – 2021), Viola Davis por “A Voz Suprema do Blues”, Carey Mulligan por “Bela Vingança” (Promising Young Woman – 2020) e Vanessa Kirby por “Pieces of a Woman” (Idem – 2020).

 

Atriz negra recordista de indicações ao Oscar, quatro no total, contando com a deste ano, Viola Davis interpreta a lenda do blues, Ma Rainey, de maneira brilhante, para dizer o mínimo, recebendo sete prêmios individuais pela performance até o momento. No decorrer de pouco mais de uma hora e meia de duração, Davis parece encarnar a cantora, mergulhando na personagem como poucas atrizes são capazes de fazer, esmiuçando a insegurança e os traumas escondidos atrás da imagem de mulher forte e inabalável.

 

Viola Davis em cena de “A Voz Suprema do Blues” (Foto: Divulgação / Crédito: Netflix).

 

Outro nome de destaque na corrida pelo Oscar desta categoria é Andra Day, que interpreta outra lenda da indústria fonográfica, Billie Holiday, em “The United States vs. Billie Holiday”, de Lee Daniels. Day surge como forte oponente de Viola Davis devido à vitória do Globo de Ouro de melhor atriz em filme de drama. Concedido pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (Hollywood Foreign Press Association – HFPA), o Globo de Ouro é um dos principais indicativos do prêmio da Academia. Contudo, a atuação de Day, que lhe rendeu até a presente data quatro prêmios individuais, não pode ser analisada neste especial porque o filme ainda não estreou no Brasil.

 

No entanto, Viola Davis e Andra Day têm duas adversárias que prometem dar trabalho, levando em consideração não apenas os desempenhos em frente às câmeras, mas também a quantidade de prêmios recebidos: Carey Mulligan e Frances McDormand. Por sua atuação em “Bela Vingança”, de Emerald Fennell, Mulligan recebeu 29 prêmios individuais até agora. Também assumindo a função de produtora executiva, Mulligan, assim como Day, ainda não pode ter seu trabalho analisado pela coluna porque o longa ainda não estreou no Brasil.

 

“Nomadland” é produzido e protagonizado por Frances McDormand (Foto: Divulgação).

 

Nome bastante respeitado junto à Academia, Frances McDormand é a primeira profissional a concorrer, no mesmo ano, às categorias de melhor atriz e filme pelo mesmo título, “Nomadland”, que lhe rendeu 26 prêmios individuais como protagonista até a presente data, mas sua performance também não pode ser comentada neste especial porque a coluna não teve acesso ao filme, já em pré-estreia no circuito comercial, em virtude da pandemia de Covid-19.

 

Com apenas dois prêmios individuais recebidos por “Pieces of a Woman”, de Kornél Mundruczó, Vanessa Kirby completa a lista de indicadas, oferecendo ao espectador um trabalho de composição de personagem interessante, calcado na introspecção, fazendo de Martha uma mulher que precisa lidar com um turbilhão de emoções distintas, da tristeza ao remorso, passando pela compaixão no ato final guiado pelo drama de tribunal.

 

Considerando que os resultados do Globo de Ouro e do o SAG Awards, principalmente o do SAG que é o maior indicativo do Oscar nas categorias de atores principais e coadjuvantes, pois parte de seus membros também integra a AMPAS e tem direito a voto, pode-se dizer que, hoje, o cenário é favorável à Viola Davis, que tem Andra Day, Frances McDormand e Carey Mulligan em seu encalço. Neste cenário, Vanessa Kirby é considerada a “zebra” da categoria, tendo chances menores de conquistar a estatueta dourada.

 

A 93ª cerimônia de entrega do Oscar será realizada no próximo domingo, dia 25, em locações distintas, dentro e fora dos Estados Unidos, tendo a Union Station e o Dolby Theatre, ambas em Los Angeles, como palcos principais, devido à pandemia de Covid-19, que impôs testes de PCR aos profissionais envolvidos e aos poucos convidados de cada locação (apresentadores, indicados e um acompanhante, cada, exceto em Paris, onde acompanhantes não serão permitidos, assim como alimentos e bebidas). No Brasil, a maior festa do cinema mundial será transmitida ao vivo pelo canal por assinatura TNT e pela Rede Globo (após o “Big Brother Brasil”).

 

Confira um pequeno perfil das indicadas:

Andra Day:

Andra Day em “The United States vs. Billie Holiday” (Foto: Divulgação / Crédito: Hulu).

Nascida em 30 de dezembro de 1984, no estado americano de Washington, Cassandra Monique Battie, popularmente conhecida como Andra Day, se interessou por artes ainda na infância, quando começou a cantar e ter aulas de dança. Pouco tempo depois, Day começou a despertar para artes cênicas por influência do colégio, segundo ela própria. A paixão pela música cresceu durante a adolescência, inclusive por Billie Holiday, cantora que interpreta em seu segundo longa-metragem em live-action como atriz, “The United States vs. Billie Holiday”, tornando-se a segunda atriz / cantora a ser indicada ao Oscar por dar vida à Holiday na tela grande – a primeira foi Diana Ross em “Lady Sings the Blues” (Idem – 1972), de Sidney J. Furie.

 

Descoberta por Kai Millard Morris, que a apresentou ao então marido, Stevie Wonder, enquanto cantava num shopping, Andra Day construiu a carreira musical e só estreou como atriz em longas-metragens após participar da trilha de seriados e filmes, como o remake “Ben-Hur” (Idem – 2016), de Timur Bekmambetov. Seu primeiro trabalho na função foi emprestando a voz à personagem Sweet Tea na animação “Carros 3” (Cars 3 – 2017), de Brian Fee, mas o primeiro live-action em frente às câmeras foi “Marshall: Igualdade e Justiça” (Marshall – 2017), de Reginald Hudlin, ao lado de Chadwick Boseman, que este ano concorre, postumamente, à estatueta de melhor ator por “A Voz Suprema do Blues”.

 

Esta é a sua primeira indicação ao Oscar.

* Entre os quatro prêmios individuais já recebidos por sua performance em “The United States vs. Billie Holiday”, estão: o já citado Globo de Ouro de melhor atriz em filme de drama; o AAFCA Award, da African-American Film Critics Association (AAFCA); e o Breakthrough Performance Award, do Palm Springs International Film Festival.

 

Frances McDormand:

Frances McDormand em “Nomadland” (Foto: Divulgação).

Nascida em 23 de junho de 1957 em Chicago, Illinois (EUA), Frances McDormand formou-se em Teatro pela Bethany College em 1979 e, depois de sua especialização em Yale, conciliou o palco e as câmeras, estreando no cinema em “Gosto de Sangue” (Blood Simple – 1984), longa que marcou o início da bem sucedida parceria com Joel e Ethan Coen. Não demorou muito e a atriz começou a chamar a atenção da indústria, do público e da crítica em filmes como “Arizona Nunca Mais” (Raising Arizona – 1987), “Mississipi em Chamas” (Mississippi Burning – 1988), “Short Cuts – Cenas da Vida” (Short Cuts – 1993), “Fargo: Uma Comédia de Erros” (Fargo – 1996) e “As Duas Faces de Um Crime” (Primal Fear – 1996).

 

Fugindo do clichê “estrela de Hollywood”, McDormand aposta em personagens que possam mostrar ao espectador sua versatilidade e força cênica. Vencedora do Oscar de melhor atriz por “Fargo: Uma Comédia de Erros” e “Três Anúncios para um Crime” (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri – 2017), Frances McDormand concorre à estatueta da AMPAS de melhor atriz e filme nesta edição, conforme dito anteriormente, por “Nomadland”. McDormand recebeu outras três indicações ao Oscar, todas na categoria de atriz coadjuvante, por “Mississipi em Chamas”, “Quase Famosos” (Almost Famous – 2000) e “Terra Fria” (North Country – 2005), totalizando sete nomeações ao Golden Boy ao longo da carreira.

* Entre os 26 prêmios individuais já recebidos por sua performance em “Nomadland”, estão: o BAFTA Film Award, do BAFTA Awards; o BOFCA Award, da Boston Online Film Critics Association; o CFCA Award, da Chicago Film Critics Association Awards; o DFCS Award, da Detroit Film Critics Society Awards; o FFCC Award, do Florida Film Critics Circle Awards; o GWNYFCA Award, da Greater Western New York Film Critics Association Awards; o Sierra Award, da Las Vegas Film Critics Society Awards; o ALFS Award, do London Critics Circle Film Awards; e o NSFC Award, da National Society of Film Critics Awards, USA.

 

Viola Davis:

Viola Davis em “A Voz Suprema do Blues” (Foto: Divulgação / Crédito: Netflix).

Nascida em 11 de agosto de 1965 em Saint Matthews, Carolina do Sul (EUA), Viola Davis estudou artes cênicas no colégio e na conceituada Juilliard School. Começou a carreira em 1996, interpretando uma enfermeira em “The Substance of Fire” (Idem – 1996), de Daniel J. Sullivan. No mesmo ano, recebeu sua primeira indicação ao Tony Award de melhor atriz por seu trabalho em “Seven Guitars”, vencendo o prêmio máximo do teatro americano duas vezes, nos anos seguintes por “King Hedley II”, em 2001, e “Fences”, em 2010, peça que originou o longa homônimo que pode lhe render seu primeiro Oscar. Começou a se firmar no cinema após “Irresistível Paixão” (Out of Sight – 1998), que possibilitou mais três trabalhos com Steven Soderbergh: “Traffic: Ninguém Sai Limpo” (Traffic – 2000), “Solaris” (Idem – 2002) e “Syriana – A Indústria do Petróleo” (Syriana – 2005) – neste último, que tem uma participação não creditada da atriz como uma agente da CIA, Soderbergh assinou apenas a produção executiva.

 

A consagração no cinema chegou com “Dúvida” (Doubt – 2008), ao lado de Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman e Amy Adams. Sempre intercalando trabalhos no cinema, na televisão e no teatro, a atriz se tornou uma das profissionais mais talentosas e versáteis de sua geração e, curiosamente, participou de duas produções que disputaram o Golden Boy de melhor filme em 2012: “Tão Forte e Tão Perto” (Extremely Loud & Incredibly Close – 2011) e “Histórias Cruzadas” (The Help – 2011).

 

Essa é a sua quarta indicação ao Oscar, batendo o recorde de indicações de uma atriz negra. Vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante por “Um Limite Entre Nós” (Fences – 2016), Davis concorreu outras duas vezes. A primeira, na categoria de melhor atriz coadjuvante, por “Dúvida”, e a segunda, como atriz principal, por “Histórias Cruzadas”.

* Entre os sete prêmios individuais já recebidos por sua performance em “A Voz Suprema do Blues”, estão: o já citado Actor, do SAG Awards; o BFCC Award, do Black Film Critics Circle Awards; o CIC Award, do Chicago Indie Critics Awards (CIC); o Desert Palm Achievement Award, do Palm Springs International Film Festival; e o PFCC Award, do Philadelphia Film Critics Circle Awards.

 

Carey Mulligan:

Carey Mulligan em “Bela Vingança” (Foto: Divulgação).

Nascida em 28 de maio em Londres, Inglaterra, Carey Hannah Mulligan começou a se interessar por artes cênicas ainda no colégio, atuando na montagem “Sweet Charity” em seu ano de formatura. Alguns anos depois, estreou como atriz no sucesso de público e crítica “Orgulho & Preconceito” (Pride & Prejudice – 2005), de Joe Wright, ao lado de Keira Knightley, Judi Dench e Donald Sutherland. Trabalhos em séries e telefilmes até voltar à tela grande em “Quando Você Viu seu Pai pela Última Vez?” (And When Did You Last See Your Father? – 2007), de Anand Tucker.

 

A consagração como atriz chegou, de fato, com o drama “Educação” (An Education – 2009), de Lone Scherfig, contracenando com Peter Sarsgaard, pelo qual recebeu uma indicação ao Oscar. Nos anos seguintes, Mulligan participou de títulos aclamados, como “Drive” (Idem – 2011), de Nicolas Winding Refn, “Shame” (Idem – 2011), de Steve McQueen, “O Grande Gatsby” (The Great Gatsby – 2013), de Baz Luhrmann, “Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum” (Inside Llewyn Davis – 2013), de Ethan e Joel Coen, e “As Sufragistas” (Suffragette – 2015), de Sarah Gavron.

 

Esta é a sua segunda indicação ao Oscar. A primeira foi por “Educação”, também na categoria de melhor atriz.

* Entre os 29 prêmios individuais já recebidos por sua performance em “Bela Vingança”, estão: o AACTA International Award, do AACTA International Awards; o AFCA Award, da Austin Film Critics Association; o Critics Choice Award, da Broadcast Film Critics Association Awards; o COFCA Award, da Columbus Film Critics Association; o Jury Award, do DiscussingFilm Critics Awards; o HFCS Award, da Houston Film Critics Society Awards; o KCFCC Award, do Kansas City Film Critics Circle Awards; o LAFCA Award, da Los Angeles Film Critics Association Awards; o NBR Award, da National Board of Review, USA; e o International Star Award, do Palm Springs International Film Festival.

 

Vanessa Kirby:

Vanessa Kirby em “Pieces of a Woman” (Foto: Divulgação / Crédito: Netflix).

Nascida em 18 de abril de 1988 em Londres, Inglaterra, Vanessa Kirby se interessou por artes muito cedo, mas só investiu na carreira após estudar Inglês na Universidade de Exeter. A estreia como atriz profissional aconteceu em 2009, no Octagon Theatre Bolton, na montagem de “All My Sons”, de Arthur Miller, após convite de David Thacker. A peça foi seguida de outras duas que ajudaram a consolidar seu nome na cena teatral, “Ghosts”, de Henrik Ibsen, e “Sonho de Uma Noite de Verão”, de William Shakespeare.

 

Em 2010, a atriz estreou na tela grande com o longa-metragem “Love / Loss” (Idem – 2010), de Guy Daniels. Nos anos seguintes, conciliou televisão e teatro até voltar ao cinema com “The Rise” (Idem – 2012), de Rowan Athale. Desde então, trabalhou séries como “As Crônicas de Frankenstein” (The Frankenstein Chronicles – 2015 – 2017) e “The Crown” (Idem – desde 2016), e em filmes como “Questão de Tempo” (About Time – 2013), de Richard Curtis, “Evereste” (Everest – 2015), de Baltasar Kormákur, “Como Eu Era Antes de Você” (Me Before You – 2016), de Thea Sharrock, “Missão: Impossível – Efeito Fallout” (Mission: Impossible – Fallout – 2018), de Christopher McQuarrie, e “Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw” (Fast & Furious Presents: Hobbs & Shaw – 2019), de David Leitch.

 

Esta é a sua primeira indicação ao Oscar.

* Os dois prêmios individuais já recebidos por sua performance em “Pieces of a Woman”, são: o NMFC Award, do New Mexico Film Critics; e o Volpi Cup, do Festival de Veneza.

 

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