Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘Era Uma Vez um Sonho’: Glenn Close rouba a cena no novo drama de Ron Howard

“Era Uma Vez um Sonho” é uma produção original Netflix (Foto: Divulgação / Crédito: Netflix).

Desde os seus primórdios, Hollywood tem o drama familiar como um dos temas favoritos. Muitos deram certo, outros nem tanto devido ao sentimentalismo exacerbado. Fugindo desta armadilha que poderia funcionar como facilitadora para a trama, Ron Howard entrega o retrato doloroso de um lar fraturado pela dependência química e alcoolismo. Baseado na autobiografia de J.D. Vance, “Era Uma Vez um Sonho” (Hillbilly Elegy – 2020) é um dos destaques da semana no catálogo da Netflix.

 

No longa, Gabriel Basso vive J.D. Vance, estudante de Direito e ex-combatente no Iraque que sonha com uma vida melhor, mas é confrontado com o alto custo da faculdade e com a overdose da mãe, Beverly (Amy Adams), sendo obrigado a voltar para casa numa semana crucial para a sua carreira. Durante a viagem, J.D. começa a recordar momentos importantes da história da família, principalmente de sua avó, interpretada por Glenn Close, que o colocou nos trilhos para evitar que ele seguisse os passos da mãe.

 

Haley Bennett, Gabriel Basso e Amy Adam em cena de “Era Uma Vez um Sonho” (Foto: Divulgação / Crédito: Netflix).

 

Roteirizado por Vanessa Taylor, de “A Forma da Água” (The Shape of Water – 2017), “Era Uma Vez um Sonho” aposta nos detalhes de tramas secundárias que permitem melhor compreensão do espectador aos efeitos da dependência química sobre toda a família. Isto funciona satisfatoriamente também pela montagem de James Wilcox, que insere flashbacks com cuidado e sem perder o ritmo ágil da narrativa. Além da edição, os outros dois principais pontos positivos deste longa são a caracterização dos atores, especialmente de Glenn Close, e a escolha de todo o elenco, sobretudo de Owen Asztalos e Gabriel Basso, que vivem J.D., respectivamente, na adolescência e fase adulta. Parecidos fisicamente, Asztalos e Basso atuam em comunhão, encontrando o tom correto do personagem e mantendo-o em todas as cenas, mesmo quando a dor e a frustração precisam ser exploradas ao limite. São duas atuações que impressionam, mas, mesmo assim, são ofuscadas pelo brilho da veterana Glenn Close, que demonstra toda a sua força cênica ao compor minuciosamente a personagem calcada em sentimentos como desilusão, raiva e culpa, podendo chegar mais uma vez à corrida pela estatueta do Oscar.

 

Produção original Netflix, “Era Uma Vez um Sonho” apresenta o lado disfuncional do interior dos Estados Unidos para conduzir o espectador por uma história dura sobre a busca pela tão sonhada chance de vida melhor em meio às adversidades que insistem em derrubar o indivíduo. Não apenas isto, pois este também é um filme sobre amadurecimento e decisões difíceis para um jovem que tanto absorveu os problemas da mãe e se vê na posição de escolher entre apoiá-la novamente, mas sem acreditar numa possível recuperação, ou cuidar de seu próprio futuro para, finalmente, encontrar paz, estabilidade e felicidade.

 

Assista ao trailer oficial legendado:

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