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‘Dumbo’: versão de Tim Burton respeita a essência do clássico

Nos anos dourados da indústria, o departamento de animação da Disney funcionava a pleno vapor, produzindo clássicos inesquecíveis como “Branca de Neve e os Sete Anões” (Snow White and the Seven Dwarfs – 1937) e “Dumbo” (Idem – 1941), que acaba de ganhar uma versão em live-action. Sob a direção de Tim Burton, o novo longa é uma das estreias desta quinta-feira, dia 28.

“Dumbo” (Idem – 2019) conta a história de um filhote de elefante que nasce com orelhas enormes que o tornam alvo de chacota e preconceito, inclusive por parte do dono do circo onde vive, Max Medici (Danny DeVito). Separado da mãe, Dumbo encontra apoio em Milly (Nico Parker) e Joe (Finley Hobbins), filhos de Holt Farrier (Colin Farrell), que volta ao circo após lutar na guerra. Impossibilitado de continuar com seu show, Holt é designado por Max para cuidar dos elefantes, mas sem saber que o pequeno Dumbo é capaz de voar, o que chama a atenção do poderoso V.A. Vandevere (Michael Keaton), dono da Dreamland, uma mistura de circo e parque temático.

Personagem de Colin Farrell contém traços dos personagens de Cornel Wilde e James Stewart em “O Maior Espetáculo da Terra” (Foto: Divulgação).

Tendo como base principal o roteiro bem construído de Ehren Kruger, o novo longa respeita a essência do clássico que o originou, inclusive fazendo alusão a ele na sequência inicial e na locomotiva do Circo dos Irmãos Medici, que leva o número 41. Contudo, esta versão atende às demandas atuais, sobretudo ao assumir o tom crítico aos maus tratos conferidos aos animais em diversos circos e parques temáticos mundo afora, defendendo que sejam livres.

No entanto, a maior diferença entre a animação e o live-action é a maneira com a qual o drama de Dumbo é abordado. Enquanto no primeiro a história é contada sob a ótica dos animais, o segundo tem no fator humano sua verdadeira aposta. Assim, não há espaço para animais falantes, mas para pessoas dispostas a lutar pelo elefantinho em meio aos seus próprios problemas. E isto funciona graças à comunhão total do elenco, escalado de forma precisa, concedendo enorme valor a este filme. Dentre os atores, os destaques são Danny DeVito e Michael Keaton.

Antigos parceiros de Tim Burton, Michael Keaton e Danny DeVito são os destaques de “Dumbo” (Foto: Divulgação).

Danny DeVito constrói seu personagem passeando entre o resmungo do empresário falido e a doçura do homem que cuida de sua trupe como membros da família, preocupando-se com o futuro de cada um. Já Michael Keaton faz de Vandevere um personagem de múltiplas camadas, transformando-o num vilão típico dos filmes de Tim Burton, equilibrando elegância, comédia e uma pitada de loucura de forma magistral. A presença dos dois atores na tela acaba sendo um deleite para o público, pois são antigos parceiros de Tim Burton e, por esta razão, conseguem assimilar toda a fantasia proposta pelo realizador – a última vez que o trio esteve junto num set de filmagens foi há 27 anos, quando DeVito e Keaton interpretaram respectivamente Pinguim e Batman em “Batman O Retorno” (Batman Returns – 1992).

E há muito de “Batman O Retorno” em “Dumbo”, algo que pode ser observado não apenas na composição da primeira cena de Michael Keaton, num ambiente sombrio cuja única iluminação vem da janela, como também na própria Dreamland, que remete ao Zoo Ártico, o antigo zoológico de Gotham que era utilizado como esconderijo pelo Pinguim. Há também elementos de “E.T. – O Extraterrestre” (E.T. the Extra-Terrestrial – 1982), de Steven Spielberg; além de traços de “O Maior Espetáculo da Terra” (The Greatest Show on Earth – 1952), sobretudo no personagem de Colin Farrell no que tange à sua limitação física e sua necessidade de se esconder do passado, remetendo diretamente ao trapezista interpretado por Cornel Wilde e ao palhaço vivido por James Stewart no clássico de Cecil B. DeMille.

Mantendo o padrão de qualidade Disney e a autoralidade do cinema de Tim Burton, “Dumbo” é uma produção que prima por sua estética, oferecendo um espetáculo visual tanto em termos de direção de arte quanto de efeitos, apostando também no belo trabalho do departamento de som. É um filme que fala sobre amor e necessidade maternos, respeito às diferenças e liberdade por meio da mensagem de que “qualquer coisa é possível e milagres acontecem”. Definitivamente, mais um acerto do estúdio do Mickey nesta onda de adaptações de clássicos de animação em live-action.

Assista ao trailer oficial legendado:

Ana Carolina Garcia

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