Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

Chris Evans sobre Capitão América: ‘Você nunca diz nunca. Eu amo o personagem’

Chris Evans em “Capitão América: Guerra Civil” (Foto: Divulgação).

Parceiros no Universo Cinematográfico da Marvel (UCM), Scarlett Johansson (Natasha Romanoff / Viúva Negra) e Chris Evans (Steve Rogers / Capitão América) se reuniram no “Variety Studios: Actors on Actors” (Idem – desde 2014) para falar sobre cinema no episódio que será exibido na terça-feira, dia 12. Obviamente, o sucesso da franquia “Vingadores”, iniciada com “The Avengers: Os Vingadores” (The Avengers – 2012), foi abordado, bem como a possibilidade de retorno de Evans ao personagem que o colocou no primeiro time de Hollywood e a polêmica envolvendo a enxurrada de críticas a tais produções, sobretudo as de Martin Scorsese e Francis Ford Coppola.

 

Perguntado por Scarlett Johansson se voltaria a interpretar o Capitão América em futuros projetos da Marvel, Chris Evans disse não saber. “Tudo estala quando me levanto. A recuperação não é mais a mesma. Você nunca diz nunca. Eu amo o personagem. Eu não sei”, disse o ator, completando que está trabalhando em outras coisas e que os produtores realizaram um bom trabalho ao permitir que o personagem completasse sua jornada. “Se você vai revisitá-lo, não pode ser por grana. Não pode ser apenas porque o público quer ficar animado. O que estamos revelando? O que estamos adicionando à história? Muitas coisas teriam que se unir”, afirmou Evans, cujo próximo filme, “Entre Facas e Segredos” (Knives Out – 2019), tem lançamento agendado para 28 de novembro no Brasil.

 

Em cartaz nos cinemas americanos com “Jojo Rabbit” (Idem – 2019), que tem lançamento previsto para 30 de janeiro de 2020 no Brasil, e preparando-se para a estreia de “História de um Casamento” (Marriage Story – 2019) na Netflix em 06 de dezembro, Johansson foi direta ao mencionar a polêmica em torno das produções do UCM. Tal polêmica foi originada pelo comentário de Martin Scorsese, que chamou os filmes de super-heróis, sem citar Marvel nem DC, de “parques temáticos”, dizendo, ainda, que “não é cinema”, sendo apoiado por grandes nomes, como o de seu amigo de longa data, Francis Ford Coppola, que os classificou como “desprezíveis”.

 

“É interessante porque algumas pessoas nos últimos dias mencionaram para mim que alguns diretores extremamente estimados foram realmente sinceros sobre como todo o universo da Marvel e grandes sucessos de bilheteria são realmente ‘desprezíveis’ e ‘a morte do cinema’. No começo, pensei que isso parecia antiquado, e alguém tinha que me explicar, porque parecia tão decepcionante e triste. Eles disseram: ‘Eu acho que o que essas pessoas estão dizendo é que, no cinema atual, não há muito espaço para diferentes tipos de filmes, ou filmes menores, porque o cinema é ocupado por grandes sucessos de bilheteria”, disse Johansson, afirmando também que as críticas a fizeram refletir sobre a mudança do público em termos de consumo.

 

Chris Evans e Scarlett Johansson em “Vingadores: Guerra Infinita” (Foto: Divulgação).

 

Considerada uma das atrizes mais versáteis de sua geração, Scarlett Johansson recebeu o apoio de Chris Evans. “Acho que conteúdo original inspira conteúdo criativo. Eu acho que coisas novas são o que mantêm a roda criativa rolando. Eu só acredito que há espaço na mesa para tudo isso. É como dizer que certo tipo de música não é música. Quem é você para dizer isso?”, afirmou Evans.

 

Os comentários da dupla foram divulgados pela Variety no dia seguinte ao posicionamento de Kevin Feige, presidente da Marvel Studios, que disse durante entrevista ao Award Chatter no último domingo, dia 10, que tudo isso é “lamentável”. “Acho que eu e todo mundo que trabalha nesses filmes adora cinema, adora filmes, adora ir ao cinema, adora assistir a uma experiência comunitária em uma sala cheia de gente. Fizemos ‘(Capitão América) Guerra Civil’. Tivemos nossos dois personagens mais populares em uma briga teológica e física muito séria. Matamos metade de nossos personagens no final de ‘Vingadores: Guerra Infinita’. Acho divertido pegar nosso sucesso e usá-lo para correr riscos e ir a lugares diferentes. Todo mundo tem uma definição diferente de cinema. Todo mundo tem uma definição diferente de arte. Todo mundo tem uma definição diferente de risco. Algumas pessoas não acham que é cinema. Todo mundo tem direito à sua opinião. Todo mundo tem o direito de repetir essa opinião. Todos têm o direito de escrever artigos sobre essa opinião, e estou ansioso pelo que acontecerá a seguir. Mas, por enquanto, continuaremos fazendo filmes”, completou Feige.

 

Kevin Feige falou em público sobre a polêmica pela primeira vez poucos dias após o The New York Times publicar um artigo de Martin Scorsese falando sobre o caso, uma vez que o cineasta recebeu críticas de profissionais da indústria e também do público no momento em que divulga seu novo filme, “O Irlandês” (The Irishman – 2019), produção original Netflix que já está em cartaz nos Estados Unidos para cumprir as exigências de elegibilidade impostas pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) para o Oscar – o longa será lançado em algumas salas de exibição brasileiras na próxima quinta-feira, dia 14, e disponibilizado pela plataforma de streaming em 27 de novembro.

 

Em seu artigo, Scorsese diz, entre outras coisas, que: “Muitas franquias cinematográficas são feitas por pessoas de talento artístico considerável. Você pode ver isso na tela. O fato de os filmes em si não me interessarem é uma questão de gosto e temperamento pessoais. Sei que, se eu fosse mais jovem, talvez eu me empolgasse com estes filmes e talvez até quisesse fazer um. Mas eu cresci quando eu cresci e desenvolvi um senso de que filmes — o que eles eram e o que eles poderiam ser — estava tão longe do universo Marvel quanto a Terra está de Alpha Centauri. Para mim, para os cineastas que eu amo e respeito, para os meus amigos que começaram a fazer filmes na mesma época em que eu comecei, cinema era sobre revelação — estética, emocional e espiritual. Era sobre os personagens — a complexidade das pessoas e suas naturezas contraditórias e paradoxais, a forma como podem machucar umas às outras e amar umas às outras e de repente se virem cara a cara com si mesmas. Era sobre confrontar o inesperado nas telas e na vida que ela dramatiza e interpreta, engrandecendo o senso do que é possível na forma da arte”.

 

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