Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘Casal de Fachada’: diversão garantida no Star+

“The Valet”, no original, é estrelado por Eugenio Derbez e Samara Weaving (Foto: Divulgação).

Produção original Star+, “Casal de Fachada” (The Valet – 2022, EUA) chegou à plataforma na última sexta-feira (20) prometendo ao telespectador uma experiência agradável que encontra espaço para abordar temas mais complexos.

 

“Casal de Fachada” é dirigido por Richard Wong (Foto: Divulgação).

Remake de “Contratado para Amar” (La doublure – 2006, França / Itália / Bélgica), de Francis Veber, o longa começa mostrando uma atriz de renome internacional, Olivia Allan (Samara Weaving), prestes a ver sua reputação e carreira ruírem graças ao flagrante ao lado do homem casado com quem se relaciona há um ano. Desesperado para salvar o casamento que lhe proporciona o estilo de vida extravagante e lhe dá poderes na empresa bilionária, Vincent Royce (Max Greenfield) bola um plano para que todos acreditem que Olivia namora, de fato, o manobrista mexicano, Antonio Flores (Eugenio Derbez), que acidentalmente aparece na foto ao lado dos dois. E este arranjo acaba por mudar os rumos de todos os envolvidos.

 

“Casal de Fachada” tem a leveza como fio condutor de sua trama, permitindo que a sensibilidade do olhar de seu diretor, Richard Wong, domine completamente a narrativa e, consequentemente, conquiste o público. E são estes dois elementos os responsáveis por impulsionarem o elenco, que surge em cena em total comunhão, especialmente o casal protagonista Samara Weaving e Eugenio Derbez.

 

Um dos destaques do vencedor do Oscar de melhor filme deste ano, “No Ritmo do Coração” (CODA – 2021, EUA / França / Canadá), produzido pela concorrente AppleTV+, Derbez explora as diferentes camadas de seu personagem com propriedade, transmitindo tanto a insegurança inicial de um homem que sempre foi acusado de não ter “borogodó”, como também a preocupação para com a família e o sonho de suprir as expectativas da ex-esposa e, assim, reconquistá-la. É um trabalho de composição realizado com naturalidade, algo que fica ainda mais evidente no jogo cênico com Weaving, que, assim como Derbez, também esmiúça as emoções distintas de uma mulher que, mesmo tendo o mundo aos seus pés, se sente cada vez mais solitária e infeliz, reflexo de um relacionamento fadado ao fracasso.

 

Bebendo um pouco da fonte do agora clássico “Um Lugar Chamado Notting Hill” (Notting Hill – 1999, Reino Unido / EUA), adicionando pitada de “Mulheres ao Ataque” (The Other Woman – 2014, EUA), “Casal de Fachada” deixa a comédia de lado por alguns instantes para expor ao telespectador não apenas a sensação de sufocamento de uma atriz que precisa manter as aparências para permanecer no topo de Hollywood, mesmo sentindo cada vez mais a necessidade de uma vida normal e com o acolhimento familiar encontrado na casa de Antonio, como também a sensação de invisibilidade daqueles que trabalham duro todos os dias sem nenhum tipo de reconhecimento e/ou agradecimento, algo agravado quando se trata de imigrantes, ilegais ou não. Esta é uma opção interessante da trama, que consegue desenvolver histórias secundárias com o mesmo respeito concedido à principal.

 

Produzido por Derbez, “Casal de Fachada” é, no fim das contas, uma produção simplória tecnicamente, mas muito divertida e cativante sobre a importância do afeto e da sensação de pertencimento a alguém e/ou algum lugar.

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