Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘Bohemian Rhapsody’ não faz jus a Freddie Mercury

Protagonizada por Rami Malek, cinebiografia de Freddie Mercury entrou em cartaz no Brasil no dia 1o (Foto: Divulgação).

Fundado no início da década de 1970, o Queen tem uma relação de muito carinho com os brasileiros devido ao show inesquecível na primeira edição do Rock in Rio, em 1985, que fez de “Love of my Life” um dos hinos do festival criado por Roberto Medina. A banda tinha como vocalista Freddie Mercury, que acaba de ganhar uma cinebiografia: “Bohemian Rhapsody” (Idem – 2018), que entra em cartaz nesta quinta-feira, dia 1o.

 

Produzido por Brian May e Roger Taylor, o filme começa nos bastidores do Live Aid em 1985 e, em seguida, mostra em flashback a trajetória de Freddie Mercury (Rami Malek) desde os tempos de anonimato até o show beneficente organizado por Bob Geldof (Dermot Murphy), passando pelos problemas com os pais, a banda, seus relacionamentos e o diagnóstico de HIV positivo.

 

Dirigido por Bryan Singer, “Bohemian Rhapsody” é um filme que não consegue esconder suas falhas oriundas de um processo de produção conturbado que culminou com a demissão do diretor próximo ao término das filmagens – Singer foi substituído por Dexter Fletcher. À época, especulou-se que diferenças criativas com Malek motivaram o afastamento do cineasta. Obviamente, tanta turbulência afetou o resultado final do longa, que não tem um roteiro sólido.

 

Realizado em 1985, show do Live Aid é recriado quase na íntegra (Foto: Divulgação).

 

Assinado por Anthony McCarten, o roteiro permanece na superfície para apresentar as extravagâncias do ídolo, não o homem por trás dele. Para piorar a situação, contém erros absurdos de cronologia, inclusive em relação ao Rock in Rio. Apesar de abordar a importância do show na carreira da banda e a já citada performance de “Love of my Life”, o filme peca ao colocar o evento no início dos anos 1980 e, não bastasse isto, errar na caracterização de Malek (cabelos na altura do ombro e sem bigode, quando, na verdade, Mercury usava cabelos curtos e bigode no Rio).

 

E por falar em Rami Malek, não há absolutamente nada em sua atuação que possa ser elogiado, uma vez que o ator não se preocupa em explorar as emoções do personagem para somente imitá-lo. Ou seja, é um trabalho fraco e sem emoção que não faz jus ao ídolo que faleceu em 1991 e ainda hoje é venerado por seus fãs.

 

Desta forma, a responsabilidade de prender a atenção da plateia e, consequentemente, emocioná-la, cabe aos clássicos do Queen, que poderiam ter sido potencializados por meio de um capricho do departamento de som da Fox, seguindo os moldes da Warner em “Nasce Uma Estrela” (A Star is Born – 2018). Esta transferência de responsabilidade atinge seu ápice nos minutos finais, pois o show da banda no Live Aid é reproduzido quase na íntegra com o objetivo de conquistar a plateia, sobretudo a fatia composta por fãs saudosos.

 

“Bohemian Rhapsody” não é eficiente como cinebiografia nem cumpre a promessa de proporcionar aos fãs uma viagem aos tempos em que Freddie Mercury brilhava nos palcos ao redor do mundo. Isto se deve ao fato de a produção negligenciar ingredientes considerados imprescindíveis para o cantor (emoção, paixão e alma), tornando-se um filme desprovido de graça e força.

 

Assista ao trailer oficial:

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