‘A Despedida’ discute a eutanásia
Remake do drama dinamarquês “Coração Mudo” (Stille hjerte – 2014), de Bille August, “A Despedida” (Blackbird – 2019) estreia nas plataformas de video on demand (VOD) na próxima quarta-feira, dia 31. Com direção de Roger Michell, de “Um Lugar Chamado Notting Hill” (Notting Hill – 1999), o longa leva o espectador a refletir acerca de um assunto polêmico e delicado: a eutanásia.
“A Despedida” conta a história de Lily (Susan Sarandon), que sofre de uma doença degenerativa e opta pela eutanásia, proibida por lei no estado em que reside, enquanto é capaz de tomar suas próprias decisões. Mas, antes, decide reunir a família e sua melhor amiga para um final de semana de despedida que acaba por revelar segredos e aumentar a tensão.
Sem dificuldades técnicas, o longa se desenvolve em ritmo um tanto acelerado, impedindo o aprofundamento de questões que carecem de atenção, sobretudo no que tange ao relacionamento de Lily com suas duas filhas, Jennifer (Kate Winslet) e Anna (Mia Wasikowska), de estilos e personalidades distintos. Apesar das fragilidades do roteiro de Christian Torpe, que também roteirizou “Coração Mudo”, “A Despedida” tem como trunfo a comunhão do elenco cujos destaques são Sarandon e Winslet, vencedoras do Oscar de melhor atriz por “Os Últimos Passos de Um Homem” (Dead Man Walking – 1995) e “O Leitor” (The Reader – 2008), respectivamente.
Susan Sarandon e Kate Winslet surgem em cena com toda a competência esperada num jogo cênico calcado na dor da perda iminente, mas, enquanto a primeira passeia com propriedade pela certeza de sua decisão e pelo medo de a família ruir após a sua partida, Winslet aposta na sensatez em meio ao caos, concedendo ares conservadores à personagem em alguns momentos. São duas atuações que se complementam sobretudo no desenrolar da trama, quando o lado mais liberal da matriarca é aflorado e, de certa forma, surpreende as filhas.
Mesmo discutindo um tema complexo, “A Despedida” opta por não esmiuçá-lo para priorizar o relacionamento disfuncional da família cujos membros não conhecem, de fato, uns aos outros, trilhando por caminhos diferentes. Com isso, este drama intimista sobre eutanásia assume a roupagem de acerto de contas em meio ao turbilhão de emoções que domina a narrativa em seu terceiro ato, marcado por revelações um tanto indigestas e indesculpáveis para muitas outras famílias.
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