9o Olhar de Cinema de Curitiba: ‘Victoria’
“Victoria” é um dos selecionados para a Mostra Competitiva do Olhar de Cinema de Curitiba 2020 (Foto: Divulgação).
Selecionado para a Mostra Competitiva do 9o Olhar de Cinema – Festival Internacional de Cinema de Curitiba, “Victoria” (Idem – 2020, Bélgica) é um documentário com certo toque de teatralidade que acompanha a adaptação de Lashay Terrell Warren no novo emprego em California City, aplainando o solo do deserto e demarcando as ruas cuja sinalização se perdeu ao longo dos anos.
Dirigido e roteirizado por Sofie Benoot, Liesbeth De Ceulaer e Isabelle Tollenaere, “Victoria” faz um retrato da cidade criada na década de 1960 para se tornar centro urbano equivalente a Los Angeles, o que não aconteceu até hoje. Apelidada de Cal City, hoje tem cerca de 15 mil habitantes e impõe alguns obstáculos a eles principalmente por aparentar ter parado no tempo. É neste cenário quase fantasmagórico que Warren e sua família, oriundos da Cidade dos Anjos, fixam residência e precisam aprender a desacelerar para que possam de integrar ao local.
Assumindo ritmo narrativo lento e tom quase naturalista, “Victoria” encontra no abandono dos campos de golfe e sistemas de canalização construídos anos atrás o espaço para tecer crítica ao governo Trump e à falta de oportunidade dos negros, utilizando a imensidão do deserto de maneira a representar o vazio de uma sociedade segregada.
No fim das contas, “Victoria” é um filme que trabalha a questão da segunda chance num local improvável em que qualquer indivíduo nascido e criado em grandes centros urbanos, no caso, Los Angeles, enfrentaria dificuldades de adaptação, funcionando como uma espécie de transposição para a tela do diário pessoal de Warren.
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