Ana Carolina Garcia. Foto: SRzd

Ana Carolina Garcia

Jornalista formada pela Universidade Estácio de Sá, onde também concluiu sua pós-graduação em Jornalismo Cultural. Em 2011, lançou seu primeiro livro, "A Fantástica Fábrica de Filmes - Como Hollywood se Tornou a Capital Mundial do Cinema", da Editora Senac Rio.

‘1917’ é a obra-prima de Sam Mendes

Dirigido por Sam Mendes, “1917” está em cartaz nos cinemas brasileiros (Foto: Divulgação).

Pouco explorada pelo cinema hollywoodiano em comparação à Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1919) é tema de um dos títulos mais fortes da corrida pelo Oscar 2020: “1917” (Idem – 2019). Dirigido por Sam Mendes, o longa é uma das estreias desta quinta-feira, dia 23, nas salas de exibição brasileiras.

 

Ambientado na França, o filme começa em 04 de abril de 1917, mostrando a convocação do Cabo Tom Blake (Dean-Charles Chapman) pelo General Erinmore (Colin Firth), que precisa enviar uma mensagem a outro batalhão prestes a cair numa emboscada alemã. Entre os 1600 homens que Blake tem de salvar está seu irmão, o Tenente Joseph Blake (Richard Madden). E para acompanhá-lo na importante missão de entregar a mensagem ao Coronel Mackenzie (Benedict Cumberbatch), Tom escolhe seu amigo, o Cabo Schofield (George MacKay).

 

George MacKay e Dean-Charles Chapman em cena (Foto: Divulgação).

 

Conduzido com muita competência e segurança por Sam Mendes, “1917” impressiona por seu rigor técnico, sobretudo pela utilização de planos sequência durante quase todo o filme. No entanto, a fotografia de Roger Deakins atinge seu ápice no que tange à beleza plástica na sequência em que Schofield chega à uma cidade em ruínas e se depara com uma fonte cujo contorno remete à cruz, iluminada pelas chamas que consomem o local, simbolizando a chegada do Cabo ao inferno.

 

Inserida com precisão pela montagem de Lee Smith, a trilha sonora de Thomas Newman potencializa a atmosfera de tensão do longa, aumentando o impacto das cenas sobre o espectador, que é envolvido com rapidez pela história dos jovens interpretados por Dean-Charles Chapman e George MacKay. Isto funciona graças à interação da dupla que explora com naturalidade as personalidades de seus respectivos personagens.

 

Enquanto Dean-Charles Chapman aposta no lado idealista e confiante de Blake, George MacKay faz de Schofield um jovem mais atento ao conflito e suas consequências, trabalhando com perspicácia a saudade da família e a necessidade de permanecer vivo para voltar para casa. São atuações distintas, mas que agregam enorme valor ao resultado deste longa.

 

“1917” é dirigido por Sam Mendes, vencedor do Oscar de melhor direção por “Beleza Americana” (Foto: Divulgação).

 

“1917” bebe diretamente da fonte do cinema de guerra de Steven Spielberg, principalmente de “O Resgate do Soldado Ryan” (Saving Private Ryan – 1998) no que tange ao sacrifício em prol do próximo e ao drama familiar, temática recorrente na filmografia de Sam Mendes. No entanto, ainda encontra espaço para abordar a barreira da língua e as consequências do conflito sobre civis, sintetizadas na jovem que resgata uma bebezinha de origem desconhecida e vê em Schofield seu único protetor em meio ao caos gerado pelo Exército Alemão.

 

Impactante e claustrofóbico em diversos momentos, “1917” é, de fato, a obra-prima de Sam Mendes. Destaque na atual temporada de premiações americana, tem chances reais de se tornar a quarta produção sobre a Primeira Guerra Mundial, também chamada de Guerra das Trincheiras em sua fase inicial, a vencer o Oscar de melhor filme – as outras três são “Asas” (Wings – 1929), “Sem Novidade no Front” (All Quieto n the Western Front – 1930) e “Lawrence da Arábia” (Lawrence of Arabia – 1962).

 

* Indicado a 10 estatuetas do Oscar, nas categorias de: melhor filme; direção para Sam Mendes; roteiro original para Sam Mendes e Krysty Wilson-Cairns; fotografia para Roger Deakins; cabelo e maquiagem para Naomi Donne, Tristan Versluis e Rebecca Cole; design de produção para Dennis Gassner e Lee Sandales; trilha sonora para Thomas Newman; efeitos visuais para Guillaume Rocheron, Greg Butler e Dominic Tuohy; mixagem de som para Mark Taylor e Stuart Wilson; e edição de som para Oliver Tarney e Rachael Tate.

 

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Assista ao trailer oficial legendado:

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