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A linda trajetória da porta-bandeira Safira Rosa no mundo do samba

Safira Rosa. Crédito: Acervo Pessoal

Outubro, mês das crianças! Com vocês, a trajetória no samba da linda porta-bandeira, contada por sua mãe Elisângela Estácio. Safira Rosa é filha, neta, afilhada e sobrinha de portelenses e nasceu em um domingo de Carnaval, no dia 13 de fevereiro de 2011. Confira:

Mesmo morando no município de Seropédica, sempre mostrei o amor pelo Carnaval e pela Portela. Mas a mudança aconteceu mesmo quando ela foi na quadra quando tinha cinco anos e viu a Águia pela primeira vez. Lembro como se fosse hoje ela dizendo: “Mamãe nossa escola é linda”. E em 2017, quando foi campeã, nós já morávamos no Rio outra vez, então levei ela para quadra para comemorar um título tão aguardado por todos nós Portelenses.

Safira Rosa. Crédito: Acervo Pessoal

E que momento… Comemorar um título da minha escola com a minha família não teve dinheiro no mundo que pague tudo que senti, e ali na quadra ela conheceu a Dona Vilma Nascimento, grande porta-bandeira da Portela.

Alguns meses se passaram e uma noite ela me falou que queria a Portela campeã de presente de aniversário. Então, disse que um título da Portela não poderia lhe dar de presente, que eu também queria ele, mas que iria ver para ela desfilar na Filhos da Águia, a escola-mirim da Portela, pois seu aniversário cairia numa terça-feira de Carnaval, no dia do desfile das crianças, e que esse seria o seu presente de aniversário: desfilar na Filhos da Águia.

Quando o Carnaval de 2018 chegou, ela já estava muito animada. Foi para o ensaio técnico da Portela e quando encontrou a Lucinha Nobre disse assim: “Tia, quando eu crescer quero ser uma porta-bandeira igual a senhora”. Lucinha, toda simpática, disse que então ia tirar uma foto com ela e que quando ela fosse uma porta-bandeira já ia ter uma foto com ela.

Chegou o dia do desfile da Filhos Águia e ela estava super animada pois também era o seu aniversário. Sou muito grata à presidência e toda a diretoria da Filhos da Águia da Portela, pois o trabalho que eles fazem com as crianças é magnífico. Foi um desfile maravilhoso, sem contar que teve parabéns na Sapucaí para a Safira.

Safira Rosa. Crédito: Acervo Pessoal

Alguns meses depois, foi realizado a festa de confraternização da Filhos da Águia. Todos os anos após o desfile é realizada essa confraternização junto ao pais. Neste dia, a Alessandra, uma diretora da Filhos da Águia, perguntou o que ela gostaria de fazer na escolinha.

Safira perguntou a diferença de uma passista para porta-bandeira e, quando a Alê explicou, ela disse que então queria ser uma porta-bandeira, ganhar 40 pontos na Sapucaí e um Estandarte de Ouro. Eu e Alessandra rimos, até mesmo por ser coisa de criança. Então a Alessandra me passou o contato do projeto Madureira Toca, Dança e Canta e disse que o projeto tem uma Ala na Filhos da Águia e que ela não iria deixar de desfilar na escolinha.

Confesso que fiquei alguns meses “enrolando” para levar a Safira, até porque as crianças mudam de ideia a toda hora, mas isso não funcionou com a Safira. Quase todo dia ela pedia para levar no projeto que a Tia Alessandra havia dito. Um dia o pai dela a levou, pois, como eu trabalhava a noite na época, não tinha como levar. Quando eles chegaram foi que ele me passou tudo o que havia acontecido.

Safira Rosa. Crédito: Acervo Pessoal

Parecia que a criança sempre dançou! Ele ficou impressionado com tanta desenvoltura, mas que precisava de muito treino. No projeto ela ficou aos cuidados da Instrutora Vanessa, responsável pelos iniciantes.

No Carnaval de 2019, Safira e suas colegas do Projeto desfilaram na GRES Alegria da Zona Sul representando os Ibejis; na Filhos da Águia ela veio de guardiã do 1° casal de mestre-sala e porta-bandeira, até que em setembro de 2019, ela recebeu seu primeiro convite para defender o 3° pavilhão do extinto GRES Passa Régua de Bangu, que desfilaria na Série Bronze na Intendente Magalhães, onde fez par com seu amigo Moisés Benjamin.

Ao conversar com Vanessa sobre o convite, ela ficou muito animada e feliz por sua aluna estar evoluindo tanto. No dia da posse foi muito emocionante, pois a Vanessa foi para prestigiar. Naquele dia, o Diretor de Harmonia me perguntou se tinha alguém para apresentar o casal. Consultando a Vanessa se ela poderia fazer, ela disse que sim e que sentia muito orgulhosa por ser sua aluna. Estavam presentes em sua posse Mestre Brilhante e o mestre-sala Pedro Figueiredo.

Safira Rosa. Crédito: Acervo Pessoal

A partir dali a Safirinha escolheu a Vanessa como sua madrinha de samba e como padrinho o Mestre Brilhante. Vanessa fez toda a preparação do casal para o desfile.

O carnaval de 2020 chegou e o dia tão esperado, que era o desfile do Passa Régua, também!

Foi muito emocionante, não só para eles como para mim, por estar junto da minha filha neste momento tão especial onde ela iria defender um pavilhão de uma agremiação. O trabalho deu tão certo que logo em sua estreia as crianças receberam o Prêmio de Casal Revelação pelo Prêmio Samba na Veia. Toda a presidência e diretoria da escola ficou super feliz.

Safira e Moisés eram uma alegria só e neste dia meu telefone não parou de tantas mensagens que recebi parabenizando as crianças. Até que veio a pandemia, momentos de incertezas estavam no ar, veio o isolamento social, e a preocupação por enfrentar uma coisa que nunca havíamos passado. O Passa Régua voltou a ser bloco e da sua origem surgiu o Acadêmicos da Pedra Branca.

Devido ao trabalho realizado da Vanessa com as crianças, ela vira Coordenadora de Casais da Agremiação e continua como preparadora da Safira e seu mestre-sala Arthur. Com a flexibilização aconteceu a premiação. Em 2021 Safira recebe o convite para ser 3° porta-bandeira da Unidos da Barra da Tijuca mas, devido a pandemia, sua apresentação só acontece no final de 2021 e, em setembro do mesmo ano, ela passa a frequentar o Projeto Social Matheus Olivério, na quadra da Mangueira.

Safira Rosa. Crédito: Acervo Pessoal

Mesmo com tantas dificuldades devido a pandemia e a mudança do calendário dos desfiles para abril, Safirinha desfila pela Estação Primeira de Mangueira juntamente com seus amigos de projeto, onde representaram o Mestre Delegado e Dona Nininha.

Na Unidos da Barra da Tijuca, ela e seu mestre-sala Arthur, representaram os Doutores da Alegria e quem apresentou o casal foi o mestre-sala Pedro Figueiredo. O desfile pelo Acadêmicos da Pedra Branca acontece nas ruas de Bangu.

Em 2022 Safira sai do Acadêmicos da Pedra Branca e, atualmente ela é a 3° porta-bandeira da Unidos da Barra da Tijuca, 1° porta-bandeira da GRCESM Corações Unidos do CIEP, porta-bandeira mirim do Bloco Peru do Méier e 1° porta-bandeira do Bloco Passa Régua de Bangu.

Safira Rosa. Crédito: Acervo Pessoal

Safira tem, agora, 12 anos. Chegou na Filhos da Águia com seis anos e, desde os sete anos está na dança como porta-bandeira. Tem como padrinhos Vanessa Vasconcelos e Mestre Carlinhos Brilhante, sem contar o carinho e incentivo de tantos casais, principalmente o quadro de Casais da Mangueira e da Portela, todos muito presentes em sua vida, e tantos outros desde a Intendente Magalhães até o Grupo Especial.

Não irei citar aqui pois não quero ser injusta com ninguém. Só tenho a agradecer a todos por incentivar não só a minha Safira, mas também tantas crianças, agradecer todos os instrutores que minha filha teve, que contribuíram para o que ela é hoje, em especial a Vanessa Vasconcelos pois, se a Safira hoje sabe dançar, foi que lá atrás que ela estava presente para ensinar os primeiros passos.

Lugar de criança é no Samba, lá a criança aprende o amor ao próximo, respeito pelos idosos, a importância do trabalho coletivo, aprende sobre a sua ancestralidade e que ninguém faz nada sozinho”.

Eliane Santos de Souza é professora e pesquisadora do tema: dança, dança do samba, bailado do mestre-sala e porta-bandeira. Lecionou, como substituta, no curso de Bacharelado em Dança da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ. É Doutora em Arte pelo PPARTES-UERJ com a tese: Daqui de onde te vejo: reflexões de uma porta-bandeira sobre o mestre-sala, com publicação em formato de livro com o mesmo título. É Mestre em Ciência da Arte- UFF com a dissertação: Uma semiologia do samba: O bailado do mestre-sala e da porta-bandeira. Ainda é especialista em Educação pela Universidade Federal Fluminense, Docente do Ensino Fundamental e especializada em Educação Infantil. Porta-bandeira aposentada, é apoio, orientadora e apresentadora de casais. Foi membro de comissões julgadoras do quesito mestre-sala e porta-bandeira, no Rio de Janeiro, em Porto Alegre, São Paulo e Uruguaiana.
Crédito das fotos: acervo pessoal

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do portal SRzd

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