Viradouro faz desfile louvável, é forte em vários quesitos e pode brigar pelo título

Foto: Jeanine Gall

A Unidos do Viradouro selou um belo desfile, confirmando o que já havia feito no ensaio técnico na Marquês de Sapucaí: cantou na Avenida na noite desta sexta-feira (24) o enredo “E todo menino é um rei”, viagem lúdica baseada na música de mesmo nome de Nelson Rufino e Zé Luiz: foi uma ciranda feliz, assinada pelo carnavalesco Jorge Silveira, com destaque à comissão de frente, ao samba, à bateria e ao canto da comunidade.

Foto: Fat Press

Comissão de frente

A comissão de frente veio representando “O coração se entrega à magia”: 15 componentes representaram várias profissões idealizadas pelas crianças. Por exemplo, bombeiro, médico, soldado com seu tanque de guerra, um velocista. O coreógrafo Anderson Rodrigues contou o que pretendia mostrar:

Foto: Jeanine Gall
Foto: Jeanine Gall
Foto: Fat Press

“Treinamos bastante. Trouxemos vários truques para este dia. São profissões que ganharam formato de carrinho, como é o universo da criança. O Menino Rei sonha com várias profissões e ao longo da Passarela isso foi acontecendo. Foi um trabalho intenso de ensaios e no que depender de nós, teremos notas máximas”, analisou.

Márcio Moura, que é ator, coreógrafo e colunista do SRzd, deu suas impressões sobre o trabalho do carnavalesco: “Anderson trouxe o que faz muito bem em São Paulo, figurinos bem acabados. Ele optou por não usar tripé. Tudo foi muito preciso. O ponto máximo foi quando os personagens se transformavam em brinquedos. Cumpriu o objetivo e na minha opinião, terá notas máximas. A escola veio animada do início ao fim e a comissão de frente deu esse tom”.

Foto: Fat Press

Primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira

Alessandra Chagas e Diego Machado vieram representando o pavilhão da Viradouro no cargo de primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira. Com fantasia intitulada “Meu brinquedo preferido”, a dupla desfilou com uma fantasia colorida e de bastante impacto.

Foto: Jeanine Gall

Mestre Manoel Dionísio, colunista do portal, afirmou que gostou da evolução do casal e fez apenas uma observação: “As apresentações foram muito centralizadas, mas eles fizeram um bom trabalho em todos os quatro módulos de jurados. O que posso dizer é que gostei muito. Aliás, a Viradouro inteira estava perfeita. Difícil falar apenas do primeiro casal”, comemorou.

Foto: Fat Press

Abre-alas e primeiro setor

No abre-alas, a Viradouro mostrou o “Quarto de sua majestade”, referindo-se ao cantinho do Menino Rei, onde ele brinca e desenvolve os sonhos de criança. A alegoria, com vários efeitos especiais de luz, também tinha peões girando nas laterais. À frente, veio a Coroa da República, símbolo da escola, e vários personagens infantis dando ainda mais cor ao setor. Dominguinhos do Estácio, intérprete símbolo do Carnaval do Rio, também foi homenageado e veio à frente do carro.

Foto: Fat Press
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Nas alas, com fantasias extremamente volumosas, via-se heróis e vilões, personagens de televisão e caracterizações de personalidades infantis, tais como “Não quero dormir cedo”, “Quero ser grande”, “Não quero tomar banho”.

Segunda alegoria

O segundo setor, com título “Os desejos de sua majestade”, veio a segunda alegoria: “Para o alto e avante”, com o sonho de cada menino em se tornar super-herói. A saia do carro tinha um formato de batmóvel. Na parte de cima, havia a representação de uma cidade e junto, em vários pontos do elemento, outros personagens apareciam, com destaque ao Super-Homem que parecia flutuar na Avenida.

Foto: Fat Press
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Um banquete no terceiro setor

No terceiro setor, “Um banquete para a sua majestade” foi servido. Fantasias com tudo que remete às gostosuras que atraem os pequeninos: chocolate, sorvete, bala e outras delícias foram vistas nas alas. No terceiro carro, outro banquete gigante acompanhado com cheirinho de essência de baunilha, outro efeito da alegoria.

Foto: Fat Press

A consagração do Menino Rei e da Viradouro

O quarto e último setor veio consagrando o Menino Rei e a Viradouro, que celebrará em breve 70 anos de história. Na alegoria, um castelo trouxe importantes figuras da escola: velha-guarda, antigos carnavalescos e membros da família do ex-presidente José Carlos Monassa. Este carro também trouxe uma metáfora: “A vida que eu sonhei, no reino do amanhã”, remetendo à esperança da criança em viver em um mundo melhor.

Foto: Fat Press

Bateria é um grande destaque

A Viradouro passou com vários quesitos fortes. Para começar, a bateria de Mestre Maurão, que na opinião do comentarista Bruno Moraes, tem grande chance de ganhar dez de todo o júri:

Foto: Fat Press

“Minha impressão foi a melhor. Muito bom desfile. Começou com andamento acelerado, como é característica da Viradouro, mas quando entrou na Avenida, assentou. Não houve nenhum erro. Só nos resta dar parabéns a todos os ritmistas envolvidos e ao Mestre Maurão, que veio da Cubango, onde ano passado conquistou todas as notas dez. Na Viradouro, ele se adaptou à escola e manteve a qualidade do trabalho. Tem muitas chances de gabaritar, pois passou bem em todos os módulos”.

À frente da “Furacão Vermelho e Branco”, um outro furacão veio apresentando os ritmistas: a rainha Raíssa Machado e sua fantasia com o título “Quero ser astronauta”.

Samba-enredo cresceu na Avenida e, junto com harmonia, pode gabaritar

O samba-enredo, antes considerado apenas “bom” por alguns críticos, foi outro ponto alto do desfile da Viradouro. Com a ajuda do intérprete Zé Paulo Sierra, teve ótimo desempenho e com resposta imediata do público de frisas, camarotes e arquibancadas. Com dois refrões fortes, inspirou o músico e compositor Carlos Fernando, também colunista do SRzd, a expressar seus elogios:

Foto: Fat Press

“A Viradouro passou muito bem na Avenida. Na parte musical, o carro de som foi perfeito, com um fera, o Zé Paulo. O time de apoio também foi excelente. Todos vieram literalmente brincando. O samba, que já era considerado bom, cresceu ainda mais. As arquibancadas tiveram uma boa reação. Bom cantor, bom samba e boa bateria, difícil não funcionar”.

Carlos também exaltou a harmonia dos músicos e da comunidade: “O carro de som estava bem, não houve falha. Fiquei observando em todos os módulos. A escola cantou muito, inclusive os destaques dos carros. Foi um desfile excelente. Viradouro veio para brigar”, analisou.

Genial Zé Paulo e sua casinha na Avenida

Em todos os anos, o intérprete Zé Paulo cria uma forma diferente para surpreender o público, seja com fantasias ou até mesmo se jogar em frisas e no meio das pessoas, cantando o samba e interagindo. No desfile desta noite, o nobre cantor teve direito até mesmo a “Casinha do Zé”.

Ainda na concentração, o SRzd conseguiu adiantar esta informação através de dois desfilantes que ajudariam nesta empreitada ao longo da Avenida:

Foto: Rodrigo Trindade

“O cantor se transformará em vários personagens, no Menino Rei, em super-heróis, em menino de rua, etc. Várias trocas ao longo do desfile”, revelou Leonardo Rodrigues, que também é um dos cantores do coral do carro de som. Junto a Leonardo, também veio Renata Gabrielly em uma jornada de 50 minutos ajudando Zé Paulo no troca-troca de roupas. Foi sensacional.

Alegorias, fantasias e evolução

Plasticamente, a Viradouro passou muito bem. Os maiores destaques neste aspecto foram as cores diversificadas, o acabamento primoroso dos carros alegóricos e as fantasias volumosas e bem boladas, com destaque “à fofura” e bom gosto do carnavalesco Jorge Silveira.

Foto: Fat Press

Na evolução, a agremiação também conseguiu cumprir seu papel: não houve buracos entre as alas e as entradas e saídas dos recuos, por parte da bateria, também foram satisfatórias.

Hélio Ricardo Rainho, colunista do SRzd Carnaval, fez sua conclusão sobre a passagem da vermelha e branca:

“Veio muito bem. O tema favoreceu  e ela não excedeu as soluções que já vimos na Avenida para enredos infantis. Foi correta, figurinos de muito bom gosto e elementos com muito apelo. Apresentou um verdadeiro cortejo de heróis. Junto com Império da Tijuca, foi a melhor da noite deste sábado. A Viradouro, porém, foi a primeira escola a trazer um porte de grandeza, com alegorias grandes. Em seguida, Império repetiu isso”.

Foto: Fat Press

A Viradouro encerrou o desfile com 50 minutos de apresentação. Vale lembrar que o tempo máximo é de 55 minutos.

‘Hoje deu tudo certo. Estou aliviado’, diz cantor Zé Paulo

Após o desfile, o intérprete Zé Paulo Sierra compareceu à redação do SRzd, atrás do Setor 2 da Marquês de Sapucaí: aproveitou a oportunidade para comemorar com a equipe o sucesso da apresentação da Viradouro. Ele resumiu seu sentimento e fez uma revelação:

“No início do desfile, abolimos o esquenta com o samba de 1998 (“O amor está no ar…”), pois não conseguimos ligar o violão e o bandolim. Fomos para o samba-hino da escola sem estes instrumentos. Mas quando demos o grito de guerra estava tudo funcionando perfeitamente. Microfone de primeira linha, caixas de som novas. Sabemos que é um espetáculo ao vivo e que pode dar problema. Ano passado tivemos mais de dez minutos com problemas, mas hoje não: deu tudo certo. Estou feliz e aliviado. Conseguimos fazer o trabalho”.

O cantor também revelou de onde tira tanta energia para cantar, pular e interagir com o público de uma forma extraordinária: “Amo esporte, sou faixa preta de jiu-jitsu. Também faço cross-fit, adoro correr. Tem outra coisa também: minha filha, que é uma espoleta e não me deixa quieto. Um beijo para você, Malu”, brincou.

Carnavalesco ‘expert’ em alegorias ajudou Viradouro

Hélcio Paim, que faz parte da comissão de Carnaval da Unidos da Tijuca, ajudou tecnicamente a Viradouro para este desfile: o SRzd apurou que houve uma assessoria, já que Paim é bastante experiente em idealizar e construir alegorias com movimento. Antes da escola entrar na Marquês de Sapucaí, ele concedeu entrevista e contou sua participação:

“Minha participação foi ajudar o sonho do Jorge, o carnavalesco. Ajudei no que pude. Ele é maleável e aceitou várias ideias que eu dei. Enfrentamos certas dificuldades em construir alegorias, pois dividimos os espaços em dois e isso foi um desafio, mas no final, deu tudo certo”.

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