Squel: ‘Momento marcante é o que estou vivendo em Mangueira’

Squel. Foto: Arquivo Pessoal / Facebook

Há vinte anos atuando como porta-bandeira, neta do querido Xangô da Mangueira, Squel Jorgea voltou às origens e, em conversa com o SRZD-Carnaval, contou um pouco de sua trajetória.

Confira a entrevista na íntegra:

SRZD-Carnaval: Com quantos anos você começou no mundo do samba?

Squel: Comecei aos nove anos, como baianinha na Grande Rio.

SRZD-Carnaval: Há quanto tempo é Porta-Bandeira? Conte um pouco de sua trajetória.

Squel: Sou porta-bandeira há 20 anos. Comecei aos nove anos como baianinha, depois fui passista mirim. Aos 11 anos me apaixonei pela arte da dança do mestre-sala e da porta-bandeira. Fui porta-bandeira mirim até os 15 anos. Para o Carnaval de 1999, através de um concurso, me tornei a segunda porta-bandeira da Grande Rio. Alguns meses depois do Carnaval de 2001, para minha surpresa, fui convocada pelo atual presidente da escola, Milton Perácio, para representar a agremiação no sorteio da ordem de desfiles, já que a escola estava com o cargo de primeira porta-bandeira vago. No dia em que ele me convocou, também me deu a notícia de que se tudo corresse bem na minha apresentação, eu seria escolhida como a nova guardiã do pavilhão da tricolor de Caxias. E assim quis a vida, e naquela determinada noite de apresentação me tornei a primeira porta-bandeira da escola, aos 18 anos. Fiz minha estreia no Carnaval de 2002, o meu mestre-sala foi Sidclei Santos, com quem eu dancei por nove anos consecutivos. Em 2006, fomos agraciados com o primeiro prêmio que recebi, o Tamborim de Ouro oferecido pelo jornal O Dia. Prêmio esse que ganhamos novamente como melhor casal no ano de 2009. O Carnaval de 2010 foi marcante. Fomos mais uma vez premiados como o melhor casal pelo jornal O Dia com Tamborim de Ouro. A escola em segundo lugar, com um desfile marcante, e o fim de um “casamento”, uma parceria de nove anos. Sidclei foi para o Salgueiro e eu permaneci na escola. E o destino me fez viver uma experiência, ter um novo mestre-sala, que era o terceiro da escola, o Luis Felipe. O Carnaval de 2011 foi marcante por conta do incêndio que afetou quatro barracões na Cidade do Samba. Sendo um desses o da Grande Rio, que já tinha o seu Carnaval 90% pronto. Parte da minha fantasia que estava no barracão para uma pintura de arte, foi queimada, passei pela Avenida sem ser julgada, o que foi um fator estranho para mim. Para 2012, outra grande emoção. Encerrava-se, após 11 anos consecutivos defendendo a agremiação de Caxias, a minha passagem pela tricolor. Uma decisão delicada que precisei tomar, e por questões pessoais me desliguei da escola. Em 2013, o destino me levou para a Estrela Guia de Padre Miguel. Onde tive como parceiro o mestre-sala Feliciano Júnior que fazia a sua estreia no Grupo Especial.

SRZD-Carnaval: Você defendeu o pavilhão da Grande Rio por 11 anos, e no último Carnaval defendeu a Mocidade Independente de Padre Miguel. Como é agora defender a escola em que seu avô, Xangô da Mangueira, foi diretor de harmonia e até mesmo intérprete por tantos anos?

Squel: Desde maio de 2013 que essa pergunta tornou-se frequente para mim. Nossa! Sempre me pego emocionada ao respondê-la. É com muita alegria, emoção e responsabilidade que me vejo nesse momento. O convite feito pelo presidente Chiquinho e sua diretoria trouxe um “mar” de lembranças e emoções à minha memória! Como a marcante frase da querida e saudosa Tia Neuma para minha mãe: “Ireninha! O que essa menina está fazendo em Caxias? Traz ela para cá, lugar de mangueirense é em Mangueira! Ser porta-bandeira da escola pela qual meu avô tem uma trajetória de vida e dedicação tão bonita e honrada, só faz com que eu me espelhe e siga seus passos dando continuidade ao amor e serviços prestados do eterno Diretor de Harmonia da Estação Primeira, o meu saudoso e querido avô Xangô da Mangueira. Viver esse momento em Mangueira está sendo um reencontro com as pessoas que meu avô viu crescer. Com as pessoas que cresceram com minha mãe e que me viram na minha infância. Estar cercada por essas pessoas que vêm me dando apoio, carinho, proteção e muito amor está sendo a minha fortaleza! Receber o incentivo e o carinho dos mangueirenses é a fonte da minha alegria, da minha dança, da minha dedicação! E ao lado desse grande mestre-sala que é o Raphael, a minha base fica completa! Hoje, é com muita emoção que escuto das pessoas que cresceram com a minha mãe a pergunta: “Ireninha, como você está se sentindo com a sua filha sendo a Porta-bandeira da Mangueira? Ao ouvir isso, e ver a emoção da minha mãe, só faz aumentar a minha responsabilidade, amor, carinho e dedicação pela verde e rosa que tem me proporcionado momentos marcantes e emocionantes.

1º casal da Mangueira. Foto: SRZD

SRZD-Carnaval: Você tem um Blog, o “Bandeira da memória”. Você ainda escreve?

Squel: Sim, o blog Bandeira da Memória é um espaço pelo qual tenho muito carinho e orgulho por ter criado. Infelizmente, ele não está atualizado. Venho recebendo muitas cobranças para atualizá-lo e também recebo elogios que servem de “combustível” para colocá-lo em dia, já que é um espaço que foi criado com o intuito de atingir as crianças e adolescentes com histórias carnavalescas, e pessoas que são importantes para a história do nosso Carnaval. Prometo colocá-lo em dia.

SRZD-Carnaval: Quem é o seu ídolo no Carnaval?

Squel: (Rs) O lendário diretor de harmonia da Estação Primeira, meu avô Xangô da Mangueira!

SRZD-Carnaval: Conte-nos um momento marcante de sua carreira.

Squel: Um momento marcante é o que estou vivendo agora em Mangueira. Está sendo um reencontro com minhas raízes, com as histórias que eu ouço desde criança. Quando estas eram contadas por meu avô, minha mãe e meus familiares que viveram em Mangueira. Está sendo um reencontro muito importante. E ter os amigos da família que me viram crescer ao meu lado está sendo muito especial.

SRZD-Carnaval: Qual a sua expectativa para o desfile de 2014?

Squel: Minha expectativa está sendo um misto de emoções com muita responsabilidade. Emoção por estar sendo um momento importante e especial, já que ser a porta-bandeira da Estação Primeira é um sonho de menina sendo realizado. Tornar-me a guardiã desse pavilhão tão amado, que foi conduzido por grandes porta-bandeiras como Neide e Mocinha, ícones do Carnaval e da verde e rosa, é uma honra. E com relação à responsabilidade, além de vir do meu ofício que exige muita dedicação, tem um adicional, que é dar continuidade ao legado deixado por meu avô que tanto se dedicou por amor à escola. Fazer jus à dedicação dele e ao amor que os mangueirenses dedicam à Estação Primeira é o meu objetivo ao lado do Raphael. Ser a condutora do pavilhão dessa nação é de emocionar.

SRZD-Carnaval: Deixe um recado para nossos leitores:

Squel: A Deus, o meu muito obrigada por tudo! Minha vida é o senhor quem conduz! Quero agradecer ao Presidente Chiquinho e sua diretoria, pela oportunidade que me foi dada. A confiança que a mim foi atribuída, realizar um sonho de infância, Muito obrigada! Aos mangueirenses que me acolheram com tanto carinho, muito obrigada! Não me canso de agradecer a todos vocês, que de uma forma ou de outra, me ofertam esse caloroso sentimento. Obrigada aos amigos que me acompanham ao longo desses anos me dando apoio e carinho. É minha família o meu muito obrigada. Aos leitores do SRZD-Carnaval, o meu obrigada pelo carinho e torcida ao longo dos Carnavais. Podem ter certeza que tanto eu, quanto o Raphael, e a equipe que nos cerca nos dando suporte técnico, todos estamos nos dedicando para darmos o melhor de cada de um nós. A Estação Primeira de Mangueira merece toda a nossa dedicação e empenho. Nosso objetivo é contribuir para que a nossa escola faça um grande desfile. E que a passagem da verde e rosa pela Sapucaí seja marcante e emocionante do jeito que ela merece. Avante Mangueira!

 

*Colaboradora voluntária do SRZD-Carnaval

Comentários

 




    gl