Satisfeito com estreia na Tijuca, Laíla é objetivo: ‘Nós viemos com essa finalidade. Pode sonhar, sim!’

Desfile Unidos da Tijuca 2019. Foto: Leandro Milton/SRzd

Última a cruzar a Avenida no primeiro dia de desfiles do Grupo Especial, a Unidos da Tijuca aproveitou o amanhecer desta segunda-feira (4) para fazer da Sapucaí uma verdadeira oração. Com o enredo  “Cada macaco no seu galho. Ó, meu pai, me dê o pão que eu não morro de fome!”, a escola do Borel mostrou a sua nova face num desfile sob os comandos do seu novo diretor de Carnaval, o experiente Laíla.

O sambista, como gosta de frisar que é, tem em sua carreira trabalhos com Joãosinho Trinta e outros diversos nomes do universo da folia carioca. A história dele se confunde com a do Carnaval, mas a consagração chegou nos tempos de trabalho que dedicou à Beija-Flor, escola em que permaneceu durante 23 anos e ganhou 9 títulos.

Em 2018, Laíla deixou o quadra de Nilópolis em busca de novos desafios no pavão tijucano para o Carnaval 2019. Logo após a estreia na escola do Borel, em entrevista com SRzd, o diretor deu um depoimento emocionado e cheio de esperanças para a comunidade da Unidos da Tijuca.

“Dentro do Carnaval, dentro da escola de samba propriamente dizendo, as coisas do sambista, as coisas do samba, as maneiras como as pessoas estão achando que é, é bom refletir. Eu tenho uma carreira de 62 anos ou 63, eu comecei com 8 anos de idade. Eu tô sempre buscando me reciclar. A saúde é prejudicada um pouco, já que estou com 77 anos, tenho a saúde um pouco prejudicada, mas ‘papai do céu’ sempre ajuda. As pessoas precisam aprender a fazer samba. Aprender a fazer aquilo que o sambista gosta. Eu não tô mandando indireta para ninguém! A gente tá vendo muita coisa acontecer no samba, é o achatamento do samba, do Carnaval, do desfile das escolas de samba. Vamos pensar um pouquinho? Vamos racionar: é a única coisa que nós, pobres, temos. O único evento que nós podemos participar. Nós, artistas, é só aqui e através das escolas de samba que nós podemos fazer aquilo que nós gostamos.  O resto é um pouco elitizado. Os profissionais que trazem para o samba são formados em faculdade, mas no samba não são de p*** nenhuma! O meu trabalho é esse. Eu trabalho a comunidade pra burro! Eu não sou brigão como acham que sou, eu sou trabalhador. É diferente!”

Por fim, ao ser questionado se o tijucano pode sonhar com o campeonato, Laíla é direto. “Nós viemos com essa finalidade. Pode sonhar sim!”

 

 

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