Emoção, fé e grandiosidade em homenagem à Nossa Senhora no desfile da Vila Maria

Desfile 2017 da Unidos de Vila Maria.. Foto: SRzd – Claudio L. Costa

O Carnaval da Unidos de Vila Maria, um dos mais esperados do ano por cantar os 300 anos da primeira aparição da padroeira do Brasil, foi conhecido na madrugada deste sábado (25), no Sambódromo paulistano.

A agremiação foi a terceira a desfilar na primeira noite do Grupo Especial paulistano, amparada na inédita autorização oficial da Igreja Católica para o uso da imagem de um de seus santos na folia, com o enredo “Aparecida, a Rainha do Brasil. 300 anos de amor e fé no coração do povo brasileiro”. Emoção, fé e a estreia de um carnavalesco campeão. Clique aqui para ver a galeria de fotos.

Logo na comissão de frente, comandada por Sérgio Cardoso, coreografia teatralizada representando a ocasião em que os pescadores encontraram a imagem da santa em evento ocorrido no rio Paraíba do Sul, em 1717. Importante para os católicos brasileiros, o registro completa três séculos e também merecerá uma série de programações especiais por parte da Igreja junto aos seus fiéis: o “Jubileu 300 anos de bençãos”.

O gigantismo do desfile preparado pelo carnavalesco Sidnei França foi notado logo de cara no impactante elemento alegórico da comissão. Alegoria que teve sua escultura central danificada, em pelo menos dois lugares, mas que não tirou a emoção do número, marca de toda a exibição. Ainda foi notada a quebra da asa da fantasia de anjo de um dos integrantes da trupe.

A dança clássica na condução do primeiro pavilhão

Edgar Carobina e Laís Moreira, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, vencedor do Prêmio SRzd Carnaval 2016, apresentaram-se logo após a comissão de frente.

A dupla espalhou sua já conhecida categoria com movimentos clássicos de dança ao conduzir o pavilhão da escola da Zona Norte. Ele, de apenas 22 anos, dançou por uma década em diversas escolas de samba da Baixada Santista, onde mora. Laís acumula 28 anos na arte.

Encantando os foliões, Carobina cortejou sua dama como deve ser, cheio de estilo e técnica, deixando que ela fosse a grande estrela do número. Confortável e segura com a proteção do seu parceiro, a porta-bandeira esbanjou sorrisos, elegância e precisão nos movimentos; os dois, vestidos com um figurino extremamente luxuoso e que valorizou ainda mais o bailado do casal.

O andamento do samba…

Comandado por Clóvis Pê, o competente time musical se esforçou.

O grupo tinha a missão de imprimir o andamento ideal para a obra criada pelos compositores Leandro Rato, Zé Paulo Sierra, Almir Mendonça, Vinicius Ferreira, Zé Boy e Silas Augusto.

Andamento ideal que sempre foi um dos desafios da escola na fase de preparação no pré-carnaval, merecendo inúmeros ajustes ao longo do processo. Se a intenção era transformar o desfile numa procissão, também era importante encontrar o ponto de equilíbrio para atender às necessidades de uma exibição carnavalesca. Os belos versos evidenciaram o feitio de oração do samba, em diferentes trechos, sobretudo no refrão do meio:

“Ó Senhora…Ó Senhora
Reluz teu manto azul bordado em ouro
A benção de viver na tua glória”

A equipe liderada pelo cantor carioca ainda contribuiu, positivamente, para a melodia, impondo contracantos bem elaborados e adequados ao tema, conseguindo empolgar o público espalhado pelo Anhembi em diversos momentos.

‘Cadência da Vila’, a cara do mestre

A “Cadência da Vila”, formada em boa parte por jovens ritmistas e muitas mulheres, passou com a marca registrada de seu mestre, Rodrigo Moleza, consolidado entre os grandes do segmento.

Conhecida por ter um andamento mais cadenciado que as demais baterias da cidade, foi testada, assim como a ala musical, ao ter que encontrar ritmo e sustentação adequada, respeitando o conceito do desfile deste ano, sem deixar, porém, de exercer a função de impulsionar o conjunto. Mais para frente no início da exibição, sofreu uma pequena queda nos minutos finais, e não se furtou em brindar o público com suas ousadas bossas.

A estreia de um campeão

O carnavalesco Sidnei França fez sua estreia na Unidos de Vila Maria depois de uma jornada repleta de conquistas na coirmã Mocidade Alegre.

O artista foi trazido como um dos trunfos da entidade para buscar a inédita primeira colocação na divisão principal da folia paulistana, e reverter a perda de um ponto no quesito fantasia, em 2016.

O enredo desenvolvido por França foi dividido em cinco cânticos. O primeiro deles, a aparição da Santa. O caminho de Vila Rica e a fartura, a devoção e o auge do barroco no Vale do Paraíba estiveram representados. A luz foi o momento seguinte e trouxe as pinturas de Debret com os registros dos costumes da época e a louvação à Nossa Senhora, a fé de Dom Pedro I pedindo luz e proteção para implementar a independência do Brasil e o surgimento da Basílica Velha.

O cântico dos Milagres retratou o poder da santa atendendo seus fiéis e mostrando sua interseção junto ao divino. As romarias, os milagre da onça, do cavalo preso e das velas, vieram estampados nos elementos visuais. A proteção ao Brasil, a reprodução do nome Maria como o mais popular do país, as produções para a TV e a fé dos peões de rodeio e sertanejos, antecederam o setor final, dedicado aos 300 anos da primeira aparição.

Alegorias gigantescas, cheias de elementos e encenações, foram a tônica do conjunto, que revelou algumas ocorrências técnicas na travessia pela pista, entre elas, a queda no sistema de iluminação do carro abre-alas e defeitos na forração traseira do quarto carro.

Artistas, fé e gritos de ‘É campeã’

A atriz Isabel Fillardis e o cantor Daniel, que cantou exaltando Nossa Senhora ainda no esquenta, foram destaques, e arrancaram aplausos do público, empolgado e emocionado com a homenagem.

Cantor Daniel conversou com a reportagem do SRzd

Mas nem mesmo toda a comoção evitou pequenos tropeços na evolução, que apresentou algumas variações em suas alas, bem agrupadas, trajando figurinos imponentes e com grande volume. Ainda neste quesito, foram notados alguns problemas na constituição das fantasias e erros primários, como, por exemplo, a falta de chapéu em uma das porta-bandeiras mirins. O povo não quis saber destes detalhes e soltou o grito de campeã ao final da apresentação.

De olho no relógio!

A Vila Maria encerrou seu desfile com 1h

Assistas as entrevistas gravadas após o desfile

Confira no gráfico as classificações da escola nos últimos dez Carnavais

Prêmio SRzd Carnaval SP 2017

Na noite desta segunda-feira (27), na página da editoria de Carnaval do SRzd em São Paulo, será divulgado o resultado oficial desta edição do prêmio. A votação estará disponível após o encerramento do desfile da última escola do Grupo Especial.

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A apuração das notas atribuídas pelos jurados da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo acontece nesta terça-feira (28), com transmissão ao vivo da Rádio SRzd.

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