Vai-Vai anuncia samba para o Carnaval 2024 com a presença de Mano Brown

Vai-Vai anuncia samba para 2024. Foto: Guilherme Queiroz

Vai-Vai anuncia samba para 2024. Foto: Guilherme Queiroz

Maior detentora de títulos do Carnaval de São Paulo, a escola de samba Vai-Vai escolheu neste domingo (1), o seu samba para o Carnaval de 2024, quando levará para Avenida, na abertura dos desfiles de sábado, dia 10 de fevereiro, o enredo “Capítulo 4, Versículo 3 – Da Rua e do Povo, o Hip Hop: Um Manifesto Paulistano”.

As parcerias de três grupos de compositores que chegaram para a disputa final do concurso, apresentaram suas letras com duas passadas na marcação e três com a bateria para a comissão julgadora, comunidade e público presente que lotou a quadra do Sindicato dos Bancários, no centro da capital paulista.

Ao lado do intérprete Luiz Felipe, minutos antes da obra vencedora ser anunciada, Mano Brown, vocalista do grupo “Racionais MC’s”, formado na capital paulista e que retrata em suas letras a realidade das comunidades e periferias subiu ao palco e foi ovacionado. Uma das composições mais executadas e expressivas do grupo, “Capítulo 4, Versículo 3”, serviu como base para a criação do título do enredo da “Escola do Povo”.

A letra campeã é de autoria de Danni Almeida, Vagner Almeida, Marcinho Z.Sul, Clayton Dias, Luciano Bicudo, Claiton Asca, Rodrigo Atração, Edson Liz, Anderson Bueno, Bira Moreno, Mario Lucio, Leandro Martins e Reinaldo Papum. O “Samba 8”, havia sido apontado como o favorito para vencer a disputa por 59,8% dos leitores que participaram de uma enquete promovida pelo SRzd.

Letra do samba campeão

OLHA “NÓIS” AÍ DENOVO. COROA DE REI
CAPÍTULO 4, VERSÍCULO 3.
VAI-VAI MANIFESTA. O POVO NA RUA.
É TRADIÇÃO E O SAMBA CONTINUA

LAROYÊ AXÉ! ME DÊ LICENÇA
SARAVÁ SEU TRANCA RUAS
EU NÃO ANDO SÓ, O PAPO É RETO
E A IDÉIA NAO FAZ CURVA
RENEGADOS DA MODERNA ARTE
NÃO FAÇO PARTE DA ELITE
QUE INSISTE EM BOICOTAR
“ACHARAM, QUE EU ESTAVA DERROTADO
QUEM ACHOU ESTAVA ERRADO”
CORPO FECHADO, SOU CULTURA POPULAR
MEU VERSO É A ARMA QUE DISPARA
E A PALAVRA É A BALA PRA SALVAR

BALANÇOU, BALANÇOU O LARGO SÃO BENTO
MOINHO DE VENTO, A GINGA NA DANÇA.
GRANDE TRIUNFO, DO MOVIMENTO
NO BREAKING O CORPO BALANÇA

SOLTA O SOM, ALÔ DJ
QUE EU MANDO A RIMA, PRA EMBALAR MANOS E MINAS
NA BATIDA PERFEITA MEU RAP, É A VOZ …
AS CORES DA MINHA AQUARELA, NO MURO A TELA
QUE O TEMPO DESFAZ, MAS APAGAR JAMAIS
FORÇA QUE NASCE DO CONHECIMENTO
NO GUETO, PROCEDIMENTO
ATITUDE DE GENTE BAMBA
TEM HIP-HOP NO MEU SAMBA
PRA VER O BEM SER COROADO
RENASCER DAS CINZAS DO PASSADO
PERIFERIA…”TAMUJUNTO” LADO A LADO

O que esperar do desfile

O desfile da Saracura, que já é um dos mais aguardados do próximo Carnaval, promete mostrar a rua como espaço em constante disputa pela arte na cidade de São Paulo e celebra ainda os 40 anos da cultura Hip Hop no Brasil, exaltando a arte urbana por meio de suas vertentes – DJ, MC, Break e Grafitti.

A proposta é trazer para o centro do palco da cidade as manifestações culturais que sempre ficaram à margem, escondidas nas periferias. Utilizando a linguagem popular dos MCs e DJs, por meio do Rap, o enredo reivindica a ocupação de espaços, assim como o reconhecimento pleno das expressões artísticas e culturais consideradas periféricas.

“Capítulo 4, Versículo 3”: a luta pela conscientização

A canção “Capítulo 4, Versículo 3” faz parte do álbum “Sobrevivendo no Inferno”, que rapidamente se tornou um marco da música brasileira, alçando Mano Brown, Edi Rock, KL Jay e Ice Blue ao título de maiores expoentes do estilo no país.

Com letras contundentes sobre o cotidiano da periferia e em presídios de São Paulo, o disco vendeu mais de um milhão de cópias, ganhou prêmios e um clipe marcante da música “Diário de Um Detento”, que narra a história do massacre do Carandiru por meio das memórias de um presidiário.

Página de livro. Foto: Reprodução/Facebook/Racionais MC's - Frases
Página de livro. Foto: Reprodução/Facebook/Racionais MC’s – Frases

De maior destaque do álbum, “Capítulo 4, Versículo 3” começa de uma maneira diferente, denunciando uma série de dados negativos sobre violência e exclusão contra a população negra. Quase três décadas após o seu lançamento, a letra deste “hino” continua repercutindo por traduzir a situação do negro no Brasil e suas piores estatísticas em termos de vários indicadores sociais e econômicos.

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