Não. Nem as chamas destroem o amor do sambista por seu pavilhão.
O terceiro desfile da primeira noite do Grupo Especial das escolas de samba do Carnaval paulistano em 2018, teve como protagonista a paixão. Paixão do componente, por sua agremiação, independente de estar ou não disputando uma nota.
Assim foi a passagem da Acadêmicos do Tucuruvi pelo sambódromo do Anhembi na madrugada deste sábado (10).
Cheia de garra, assim veio o “Zaca”. Abastecida pela superação após o incêndio que destruiu 90% das fantasias da escola, na madrugada de 4 de janeiro, num incidente que, por decisão unânime dos presidentes das demais coirmãs, deixou a escola da Zona Norte dispensada de qualquer avaliação neste ano, apresentado-se como hors-concours.
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Hussein Abdo El Selam, popularmente conhecido no universo do samba como Seo Jamil, assim como sua comunidade, anseia pelo inédito campeonato do Grupo Especial.
Um dos mais importantes e respeitados dirigentes do Carnaval paulistano, o comandante afirmava que o desfile 2018 lhe enchia de esperanças para concretizar o antigo sonho, mas não será dessa vez.
Com figurinos alternativos, em termos, sobretudo de materiais, o “Zaca” mostrou na íntegra seu projeto.
Abrindo o cortejo, a experiente e respeitada coreógrafa da comissão de frente, estreante na escola, Mônica Oliveira, cumprindo a missão do quesito.
Ele e ela.
Juventude e competência.
Waleska Gomes e Kawan Alcides. A dupla cumpriu com dignidade a tarefa de conduzir o primeiro pavilhão da escola. Vieram neste ano carregando o símbolo máximo de uma comunidade ferida.
E foram além. Mesmo sem estarem sendo julgados, brindaram o público com talento, vitalidade, elegância e simpatia. Em 2017, conquistaram o melhor desempenho da Acadêmicos do Tucuruvi no concurso; os 40 pontos. E talvez repetiriam o fato, lindos, numa fantasia extremamente luxuosa, foram novamente extraordinários na pista.
Trabalhando sempre de forma bastante discreta, em busca de suas metas, cuidando da sua “casa”. Não contestam resultados e respeitam os feitos de suas coirmãs. Assim agem historicamente os dirigentes da Tucuruvi.
Olhando para dentro do seu terreiro, após duas classificações amargas, promoveram mudanças. Mudanças assertivas, mirando bem no alvo, daquilo que não foi bom, segundo os jurados. Os décimos perdidos em fantasia, alegoria e enredo, itens diretamente relacionados ao trabalho do carnavalesco, podem ter contribuído para a vinda de um novo profissional, o atual campeão, pela Acadêmicos do Tatuapé, Flávio Campello.
No desenvolvimento do tema, Campello foi buscar na Grécia antiga, na mitologia e na inquisição a introdução para a história que queria contar. Passou pelos museus, das mais diferentes temáticas, ao redor do mundo. Carros grandes, de bom gosto, iluminados, transmitiram a mensagem do enredo, mesmo com algumas falhas de acabamento.
Mestre Guma manteve a característica de sua bateria na passagem pela Avenida, novamente contando com o reinado da apresentadora Daniela Albuquerque. Foi conservador na execução. Sem arriscar breques e paradões, optou pela sustentação do ritmo.
Mas não foram só as peças do elenco o alvo da direção. Outra mudança importante veio no formato de escolha do samba-enredo, quesito onde a agremiação foi mais penalizada em 2017. Aderiu ao modelo utilizado por diversas coirmãs da cidade; o de audições internas, em CD.
A obra de Turko, Maradona, Rafa do Cavaco, Diego Nicolau, Dr. Eduardo, Gustavinho Oliveira e Tinga, foi conduzida pelo crescente talento do intérprete Alex Soares. O samba mexeu com as arquibancadas, que aplaudiu e se empolgou com a passagem da escola em diversos momentos.
Mesmo sem ser avaliada e ter a tensão do compromisso com o concurso, a Tucuruvi não alterou seu estilo de desfile, tradicionalmente pautado pela correção e pouca incidência de erros ao atravessar a pista.
A Acadêmicos do Tucuruvi encerrou seu desfile com 1h03
A apuração das notas atribuídas pelos jurados para os nove quesitos avaliados nos desfiles de 2018 serão conhecidas na tarde da próxima terça-feira, dia 13 de fevereiro, com cobertura do portal SRzd.
(décimos perdidos pela Acadêmicos do Tucuruvi, por quesito, em 2017 – considerando os descartes)
Na manhã da próxima terça-feira (13), na página principal da editoria de Carnaval do SRzd em São Paulo, será divulgado o resultado da sétima edição do prêmio. A votação para os internautas estará disponível após o encerramento da apresentação da última escola do Grupo Especial.
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