Categories: Carnaval/SPColunasEdnei Mariano

Do tumbeiro ao Carnaval

Ednei Mariano traz novo texto em sua coluna no portal SRzd.

As publicações são semanais, sempre às sextas-feiras, na página principal da editoria do Carnaval de São Paulo. Leia, comente e compartilhe!

Do tumbeiro ao Carnaval 

Toc..toc..toc…

Com este som, o salão iluminado, ricamente ornado, parou.

Damas belas, ricamente trajadas e cavalheiros do mais fino trato levaram seus olhares até a grande porta que se abrira, a primeira imagem, era de um negro alto, magro, com um cajado dourado nas mãos enluvadas, rosto negro de olhos e dentes brilhantes, trajado de lindo brocado indiano, vestia a casaca, a bermuda e os sapatos de salto carrapeta, que o deixavam ainda mais alto e imponente.

A voz forte do negro ecoou no salão:

– Sua majestade o Imperador D.Pedro e a Imperatriz Leopoldina!

A nobre dupla entrou no grande e requintado salão, sob os olhares e cumprimento protocolar ao nobre maior das terras tupiniquins.

Voltemos nossa atenção à este negro: Quem era ele? Porque estava ali? Qual era sua função naquela noite?

Viajamos no tempo e vamos encontrá-lo nas campinas do Sudão, na Africa, montado num camelo. Participante de uma caravana, era um negro islamisado, convertido à crença em Maomé, que atacado por rivais, logo se viu em um tumbeiro atravessando o Atlântico.

Em três meses de viagem viu muitos sucumbirem. Este grande navio, atraca em um lugar, uma ilha, onde os que sobreviveram, receberam ração de engorda e limpeza, como se faz com uma carga viva. Depois de meses, segue viagem ao Brasil. Na nossa terra, vai de fazenda em fazenda, sempre buscando fuga, e sendo capturado, e castigado.

Até que um rico comerciante, na capital imperial, o transformou em escravo de casa grande, impedindo-lhe de prosseguir em fuga. Ali, recebe instrução básica para exercer sua função de mestre de sala – aquele que introduz a sala – em noites de festa, conduzindo os convivas aos salões e salas de sarau

Séculos para frente grupos a dança carnavalesca foi buscar este nome, esta pompa, deixando de lado, o sofrimento, a escravidão e a dor, para aquele que protege, apresenta e conduz a principal mulher de uma escola de samba; o mestre-sala.

Redação SRzd

Recent Posts

  • Carnaval/SP

Leia a sinopse do enredo da Acadêmicos do Tatuapé para o Carnaval 2025

Terceira colocada no Carnaval de 2024, a Acadêmicos do Tatuapé lançou o seu enredo para o desfile do próximo ano…

11 horas ago
  • Geral

Camila Moura, ex de Lucas Buda, lança série autobiográfica

Camila Moura, ex-mulher do ex-BBB Lucas Buda, lançou neste sábado (27) uma série autobiográfica em sua conta no Instagram. No…

11 horas ago
  • Brasil

‘Carro do flagra’ viraliza na internet: ‘Marcelo, tua casa caiu’

Um vídeo que mostra o "carro do flagra" viralizou nas redes sociais nos últimos dias. Nas imagens, é possível ver…

13 horas ago
  • Entretenimento
  • Música

Gusttavo Lima interrompe show e alerta equipe: ‘Atenção, segurança’

O sertanejo Gusttavo Lima se apresentava no Ribeirão Rodeo Music, em Ribeirão Preto (SP), na manhã deste domingo (28), quando…

13 horas ago
  • Brasil

Morte de Joca: Veterinários pedem regulamentação para transporte de animais

Após o caso do cachorro Joca, que morreu enquanto estava em trânsito, sob a responsabilidade de uma companhia aérea, o…

15 horas ago
  • Carnaval/SP

Lugar de Gente Feliz: Veja as transformações na quadra da Dragões em 14 anos

Lugar de Gente Feliz e que a cada ano se torna melhor. Assim podemos abordar a quadra social da escola…

15 horas ago