Tatuapé apresenta samba 2018 e contraria mito; raios caem muitas vezes no mesmo lugar

Durante muito tempo uma teoria consolidou-se no inconsciente coletivo que; “um raio não cai duas vezes no mesmo lugar”.

Mesmo com as comprovações científicas, vindas ao longo do tempo com o avanço da tecnologia, de que a afirmação não passa de um mito, a expressão se popularizou e segue sendo utilizada quando alguém quer dizer que algo extraordinário não se repete mais de uma vez.

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A Acadêmicos do Tatuapé reiterou a ciência, na noite do último sábado (5), quando em sua quadra social na Zona Leste da cidade, o “fenômeno” se repetiu. Mais uma vez, a atual campeã do Carnaval paulistano brinda os sambistas e admiradores da maior festa popular do país com um samba empolgante, melodioso, de extrema felicidade em sua criação e que, certamente, estará entre os mais belos da safra 2018.

Assinada pelo mesmo trio que concebeu o hino do campeonato deste ano, formado por Fabiano Tenor, Mike e Luiz Ramos, vencedores do Prêmio SRzd Carnaval SP na categoria, a composição canta a história do enredo: “Maranhão: os tambores vão ecoar na terra da encantaria”. Conheça a letra:

Samba, homenagens, Mocidade Alegre e Dragões da Real

Muito antes de chegar ao seu primeiro título no Grupo Especial do Carnaval de São Paulo, um dos combustíveis da trajetória de sucesso da Tatuapé nos últimos anos esteve na força e no comprometimento de sua comunidade, engajada em defender o projeto da gestão liderada pelo presidente Eduardo dos Santos.

Apresentação do samba 2018 da Acadêmicos do Tatuapé. Foto: SRzd

O fluxo crescente nas atividades sociais de uma escola de samba não se deu na azul e branca pela conquista da taça.

Componentes e integrantes, dos mais diversos segmentos, estiveram presentes em todos os momentos e, agora, desfrutam da autoridade de defender o atual pavilhão campeão da cidade. Essa aliança, e outros elementos, compõe a receita de sucesso da escola. Somam-se a eles, algo muito usual entre os sambistas; a superstição.

Cumprindo um ritual de outras temporadas, a Tatuapé convidou para o lançamento de seu novo samba a coirmã Mocidade Alegre para apresentar-se no evento. E mais, trouxe também a vice-campeã de 2017. Ao invés de rivalidade, o duelo travado entre a azul e branca e a Dragões da Real no concurso passado, quando a tricolor viu escapar o primeiro lugar na nota do último jurado, do último quesito, nasceu uma linda relação.

Ambas, Mocidade e Dragões, além de dar show no terreiro lotado, foram devidamente homenageadas no palco da quadra social e contribuíram para uma noite memorável na Zona Leste.

Destaque ainda para um lindo tributo à um dos únicos reis de baterias do Carnaval brasileiro, Daniel Manzioni, e para a coroação da musa de batucada, Samara Leon. Manzioni recebeu o título de “Rei Eterno”, e agora passa a desfilar à frente da escola.

Concurso fechado, receita de sucesso

Se é verdade que em time que está ganhando não se mexe, a Tatuapé manteve a fórmula, ao menos no mecanismo para definir sua escolha de samba-enredo.

Foram 34 obras inscritas, avaliadas através do processo de audições internas. Os participantes do concurso, absolutamente fechado, foram votados por representantes de cada um dos setores, até uma primeira decisão, selecionando três composições, antes da escolha final. Conheça a dupla de times de compositores concorrentes do hino campeão:

Compositores: Cláudio Russo, Fredy Vianna, Silas Augusto, Zé Paulo Sierra, Chanel e Wagner Rodrigues

Compositores: Pedrinho da Flor, Xandy de Pilares, Jefinho Rodrigues, Gilson Bernini, Ribeirinho, Bô Lazarini, J. Veloso e Bico Doce

De volta ao raio…

Voltemos ao que foi dito no início desta reportagem: “…A Acadêmicos do Tatuapé reiterou a ciência, na noite do último sábado (5), quando na sua quadra social na Zona Leste da cidade, o “fenômeno” se repetiu…”.

Muitos dizem que um bom samba é meio caminho andado para um desfile de sucesso. Sim, as estatísticas dizem e comprovam essa teoria. Mas, a discussão aqui não é essa, e sim, em como ter uma sequência de grandes sambas em tão curto espaço de tempo para embalar inesquecíveis exibições de Carnaval. Sorte? Inspiração? Talvez. Mas o mantra do mestre de bateria da Tatuapé, Higor Silva, pode dar uma pista para essa questão: trabalho.

Cada um pode e deve tirar sua própria conclusão diante do tema, mas o fato é que o “raio da criação” de grandes obras caiu, algumas vezes e em curto espaço de tempo, no mesmo lugar, especificamente na Rua Melo Peixoto, sede da agremiação. Assista a primeira exibição oficial do samba 2018, interpretada com descontração e propriedade por Celsinho Mody:

De volta ao grupo de elite em 2013, a Tatuapé conseguiu um feito raro. Foram, pelo menos, três composições, de lá até aqui, celebradas como as melhores de suas respectivas safras. Relembre:

2014 – “Poder, fé e devoção. São Jorge Guerreiro”

Compositores: Márcio André, Márcio André Filho e Vaguinho

2016 – É ela, a deusa da passarela – Olha a Beija-Flor aí gente!

Compositores: Samir Trindade, Jr. Beija-Flor, Marcelo Valencia, Thiago Alves, Leandro Augusto, Wagner Rodrigues, Vaguinho, Raphael Neto, Chefia, Marcelo Alemão e Chico Sousa

2017 – Mãe África conta a sua história: do berço sagrado da humanidade à abençoada terra do grande Zimbábwe

Compositores: Fabiano Tenor, Mike Candido e Luiz Fernando Ramos

Além dos efeitos subjetivos e artísticos que um bom samba impacta num espetáculo, basicamente, constituído de som e imagem, causando aprovação no público e imprensa, os jurados da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, igualmente têm reconhecido a sucessiva produção qualificada da escola ao atribuir suas notas. Veja o desempenho da Tatuapé no quesito desde seu retorno ao Grupo Especial:

O número 5

O resultado de todo esse processo será conhecido em fevereiro próximo.

Por opção da escola – exercendo direito estabelecido em regulamento – a Acadêmicos do Tatuapé será a quinta a desfilar na primeira noite da divisão de elite, em 9 de fevereiro, no sambódromo do Anhembi. Veja a configuração com as sete agremiações da sexta-feira:

Grupo Especial

+ Sexta-feira, 9 de fevereiro

1ª – 23h15 – Independente Tricolor
2ª – 0h25 – Unidos do Peruche
3ª – 1h35 – Acadêmicos do Tucuruvi
4ª – 2h45 – Mancha Verde
5ª – 3h55 – Acadêmicos do Tatuapé
6ª – 5h05 – Sociedade Rosas de Ouro
7ª – 6h15 – Tom Maior

Campeonato não garantiu a permanência de todo o elenco

Do continente africano, para uma temática relacionada ao nordeste brasileiro.

Com assinatura do carnavalesco Wagner Santos, a Tatuapé canta, em 2018, a cultura e o folclore do estado do Maranhão.

Com 269,7 pontos, defendendo a africanidade com o tema: “Mãe África conta a sua história: Do berço sagrado da humanidade à abençoada terra do grande Zimbabwe”, a agremiação conheceu, pela primeira vez, o sabor da vitória. Além do feito histórico, arrebatou também dois prêmios da edição 2017 do troféu SRzd nas categorias de Melhor Harmonia e Melhor Samba-enredo. Relembre o desfile campeão da Acadêmicos do Tatuapé. 

Desfile 2017 da Tatuapé. Foto: SRzd - Cláudio L. Costa
Desfile 2017 da Tatuapé. Foto: SRzd – Cláudio L. Costa

O que seria um processo natural, surpreendeu o mundo do samba semanas logo após o desfile deste ano.

Flávio Campello, responsável pelo projeto exitoso em 2017, partiu. Além do carnavalesco, Mônica Oliveira também seguiu o mesmo rumo, cedendo o comando da comissão de frente para o carioca Leonardo Helmer.

Nos demais segmentos, o trabalho tem sequência com mestre Higor Silva no comando da batucada “Qualidade Especial”, que continua tendo como rainha Andrea Capitulino, e Giba e Fabiana, na direção de harmonia. A dupla Diego e Jussara foi mantida na condução do pavilhão principal, e Celsinho Mody, liderando o time musical.

Veja a logomarca do enredo 2018

 

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