Jongo. Foto: Divulgação/Prefeitura do Rio
A Unidos de São Lucas divulgou, nesta quarta-feira (29), o seu enredo para o Carnaval de 2023. “Jongo” é o título do tema que será desenvolvido pelo carnavalesco Felipe Milanes para o desfile do Grupo Especial de Bairros da União das Escolas de Samba Paulistanas, a Uesp.
O jongo é um ritmo que teve suas origens na região africana do Congo-Angola. Chegou ao Brasil-Colônia com os negros de origem bantu trazidos como escravos para o trabalho forçado nas fazendas de café do Vale do Rio Paraíba, no interior dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
Para acalmar a revolta e o sofrimento dos negros com a escravidão e distrair o tédio dos brancos, os donos das isoladas fazendas de café permitiam que seus escravos dançassem o jongo nos dias dos santos católicos. Para esses negros africanos e seus filhos, o jongo, dança dos ancestrais, dos pretos-velhos escravos, do povo do cativeiro, e pertencente à “linha das almas”, era um dos únicos momentos permitidos de trocas e confraternização.
A agremiação informou que a sinopse, idealizada e pesquisada por Rapha Maslionis, será divulgada em breve. Confira a seguir, um texto de apresentação do enredo:
No Carnaval de 2023, a Unidos de São Lucas traz ancestralidade, resgate cultural e encantamento. O Jongo da São Lucas vai começar.
“Tudo tem o seu dono. Nós não somos donos de nada, mas o que recebemos temos que passar adiante”.
Adorê as almas! Com a licença, conselhos e proteção das vovós e vovôs pretos velhos viajaremos no tempo e na história. É a dança dos ancestrais, dos pretos-velhos escravos, herança do cativeiro.
Saudaremos o seio do povo Bantu, onde Reis e Rainhas guerreiros de Congo-Angola vieram em navios negreiros para trabalho forçado no Vale do Rio Paraíba. Eles fizeram das rodas de Jongo um lugar de comunicação com poesia feiticeira e um refúgio para alívio do sofrimento.
Da magia dos rituais à quase extinção, o Jongo é resistência e cultura. O Jongo é Brasil.
O Jongo é a batida do tambor para chamar quem vem de lá! É o grito forte das favelas. Acende a fogueira, bate forte o Tambu e Candongueiro que o Jongo da São Lucas começou.
Depois de comunicar a renovação do seu primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Erick Sorriso e Carla Coutrufo, do coreógrafo, Robson Sambista e do mestre de bateria, Andrew, a escola anunciou a contratação de novos profissionais para somar ao time no próximo ano.
Felipe Milanes assume como novo carnavalesco da agremiação e Tuca Maia como novo intérprete oficial. César Oliveira como diretor geral de harmonia e Raphael Maslionis como diretor de Carnaval. Além deles, Will Matayoshi ficará responsável pela coordenação de casais.
No Carnaval 2022, a São Lucas apresentou o enredo “De Vila Esperança ao Centenário do Águia da Central… Seo Nenê o Baluarte do Samba, São Lucas 40 Anos”. O desfile rendeu o título do Grupo de Acesso de Bairros 1 da União das Escolas de Samba Paulistanas, a Uesp.
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